sábado, junho 16

Visões simplistas sobre os Açores

Nas dimensões

Cultural
A cultura de um povo, de uma nação ou, até mesmo, de uma comunidade é algo muito dinâmico e cujo progresso não merece ser contrariado. Os Açores não fogem à regra mas, no entanto, há a História que nos permite recordar de quem descendemos, de onde viemos, o que fizemos para aqui chegar e como nos temos conseguido manter nestas ilhas.
Conseguir garantir que haja alguém – novo a cada instante – que se interesse pelo recontar diário dessa história, faz-nos ter presente a nossa génese e reforça a nossa auto-estima.

Ambiental
Os Açores são um arquipélago afortunado. Têm um património ambiental invejável, sobretudo pela sua relação com a dimensão que suporta, facto responsável pela nossa tão apregoada qualidade de vida (o campo perto da cidade, a montanha perto do mar e poucos habitantes a desfrutar de tudo isso, são exemplos perfeitos dessa relação e dos seus benefícios).
Açores, um santuário no meio do Oceano Atlântico.

Social
Os Açorianos vivem diariamente um grande dilema: viver melhor, sem consumir demasiadamente os seus recursos. Todos nós queremos comprar melhor. Todos nós queremos ter oportunidades cada vez melhores e com uma frequência cada vez maior. Todos nós desejamos um “emprego para a vida”, numa “empresa segura” e ambicionamos – secretamente – que os nossos descendentes tenham um futuro melhor do que o presente que temos. Todos os açorianos exigem que o “comboio do progresso” passe por cá e nos permita viajar por uma realidade cada vez mais carregada de uma crescente sofisticação. Todos nós exigimos ainda boas infra-estruturas (que, presentemente, têm sido alcançadas graças aos fundos comunitários).
Mas, o que, mesmo todos juntos, não conseguimos suportar é o custo que tudo isto acarreta, em função da nossa diminuta dimensão populacional.

Económica
Todos nós temos ouvido falar que as empresas portuguesas (logo, as açorianas também) devem canalizar as suas energias para a internacionalização (antes) e para as exportações (agora). No entanto, e no caso dos Açores, devido à nossa localização geográfica, o sucesso desta visão está condicionado pelos elevados custos dos transportes que, associados à nossa reduzida capacidade de produção, obrigam-nos a procurar alternativas menos dispendiosas, para resolvermos os problemas que a globalização nos criou.
Não podemos deixar que esta incompreensível necessidade impetuosa de copiarmos outros nos impeça de desenvolvermos o nosso próprio modelo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estou confusa.
As exportações não são = internacionalização.
Acho que sim.
Então como pode a internacionalização anteceder as exports.
Ou será que são coisas distintas?

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Necessitamos é dum olhar sobre a nossa realidade, entender bem o que nos rodeia e saber reagir ao logro mais ou menos ingénuo como copiamos o pseudo desenvolvimento existente na Madeira e noutros lugares que não tiveram um olhar sustentável sobre o "progresso"...
Querer investir tudo no turismo, sem antes de mais, saber que turismo é mais de acordo com a nossa realidade e que eficácia e consistência(económica e não só) ele pode ter ao longo do tempo, sem esquecer os cuidados com a biodiversidade e a natureza tão frágil no nosso cosmos ilhéu.
A nossa economia não pode ser exclusivamente apostada num sector, isto mesmo nos ensinou a mono cultura da vaca...
Fazer pensar a inteligência Açoriana, não ter Universidade para constar como enfeite, e pô-la a colaborar no repensar dos destinos económicos cientifico e culturais para os Açores.
No fundo há que fazer despertar os Açorianos, duma letargia de consumismo em que eles se colocaram(ou foram colocados).
O discurso e o dialogo com Lisboa tem que ser diferente.
Os problemas inerentes a sermos ilhas no meio do Oceano, são realidades que se têm que dar respostas adequadas e não podem constituir obstáculos inultrapassáveis.
Enfim para grandes males grandes remédios, e é necessário não esconder a cabeça no cascalho e dar as respostas necessárias aos problemas.
Bom texto para fazer pensar e agir.
Parabéns
Açor

Anónimo disse...

Perdoem-me a minha ignorância mas gostaria de saber o que é um "olhar sustentável"??????

O olhar sustentável pode ser concretizado por um vesgueta????