sexta-feira, junho 8

Ontem foi assim…



Mas para o ano vai ser só mais um dia de trabalho. Não me custa nada trabalhar na segunda quinta-feira depois do Pentecostes. O que me vai custar, isso sim, é perder outros momentos, porque momentos como o de ontem, no mar, com a minha filha, e em seguida em torno de uma mesa, com toda a família, enchem esta trabalhadora com a convicção de que a vida tem recompensas muito válidas e de que até as posso usufruir. A Europa, o país e a região, no entanto, andam mergulhados nisto de cortar feriados. São maus para a economia, dizem.
Na imprensa recente fiquei a saber que no Reino Unido – pródigos nas ciências contábeis e donos do menor espólio de feriados da Europa – calcularam que cada feriado custa à britânica economia 2,3 mil milhões de libras. Este ano andam aflitos – tiveram mais um feriado com o Jubileu da Rainha Isabel II. As contas ao retorno puramente financeiro pelo aumento do tráfego em locais comerciais não são tão precisas – sabe-se no entanto que as sondagens de consumo indicam que os ingleses gastam cerca de 90 mil milhões de libras nos dias de folga (o Reino Unido tem oito “bank holidays”, nove este ano).

Nós, mais modestos, pagamos em euros e à razão de 37 milhões por cada feriado – é o que cada um dos nossos “ex-14” custa à economia, de acordo com o especialista Luís Bento, do Centro de Pesquisa e Estudos Sociais da Universidade Lusíada. O especialista que no mesmo estudo bem alertou que o maior impacto no PIB resulta das pontes e das tolerâncias de ponto, mas parece que nesse tanto já o ouviram menos. São coisas que por vezes se fazem aos cientistas: ouve-se-lhes só o que dá jeito. Por isso pouco serviu a este nosso cientista afirmar o quanto pôde que “a minha proposta sempre foi abolir tolerâncias de ponto e abolir as pontes, ou em alternativa deslocar alguns feriados para junto dos fins de semana, o que acabava por ter o mesmo efeito".

Pois, feriados móveis, como no Reino Unido, onde os dispõem conforme seja mais sensato. Acresce que dos feriados do reino Unido, todos são efetivamente gozados: quando calham ao fim de semana são movidos para a segunda-feira seguinte. Chamam-lhes “substitute days”. O 1º de Janeiro este ano calhou num Domingo – os ingleses gozaram o feriado do primeiro dia do ano a 2 de Janeiro. Portanto, contas feitas: os ingleses têm oito mas este ano gozam nove, enquanto este ano os portugueses tiveram 14 e gozaram 9. Para o ano, vamos ter 10 feriados e desses vamos gozar 8 porque dois dos que escaparam ao corte calham ao sábado ou domingo. Os japoneses, prodígios de labor, vão gozar 15 feriados – os que calham ao fim de semana também aí passam automaticamente para segunda-feira. Mais perto mas “oh-tão-longe”, os alemães juntam os seus 9 a 13 feriados nacionais (consoante os Länder) e acompanham o todo com um total de até seis semanas de férias pagas.

Virando e trocando por miúdos: entre nós a moda do dia é cortar, que sai menos penoso do que refletir e agir com princípio e propósito. No final, creio, vai sair-nos a todos mais caro: perdemos uma boa oportunidade para gerir os feriados de forma inteligente e perdemos momentos como o que aqui vai em anexo, parêntesis felizes de que os portugueses bem necessitam para não desmoralizarem de vez com o embate dos cortes salarias, o drama do desemprego, a desfaçatez dos apoios à banca e a impunidade das remunerações contratuais das PPPs.
Ainda se pode falar na importância da motivação neste país, ou de tanto ensaiarmos a fuga já cortámos isso também?

6 comentários:

Vitor Marques disse...

Eu concordo em absoluto que se trabalhe nos feriados. Com o que não posso concordar é que se trabalhe também nos outros dias.

Anónimo disse...

Sabem os leitores quem é que teve maiores rendimentos até agora?

Os politicos como não podia deixar de ser.

Para dar exemplo aceitaram calados a reduçao de ordenados. Mas arranjaram forma de roubar os conteribuintes, encavando na sua carteira o triplo das ajudas de custo que custumavam pedir nos outros anos.

E depois uma pessoa acorda sem vontade de trabalhar para andar a pagar impostos para esta escumalha.

Sabem que a Assmbleia regional vai ferrar aos esmifrados contribuintes um buraco financeiro de 15%?

Quem é que o mamou? Eu?
O leitor?
Não.
Foi a escumalha mamona que por lá palra.

Anónimo disse...

Cara Liza
Seja por um motivo, ou por outro, estamos todos(surdamente) contra a retirada dos feriados(e eles só acontecem para o ano)...
Feriados à parte, o que importa saber é que o retirar dos feriados, não tem nada a ver com factores de viabilidade económica, mas sim com a acção psicológica para mudar o paradigma social, de outra maneira é uma forma de vergar os trabalhadores e fazerem-no aceitar toda a sorte de retirada de direitos, transformando o trabalho do direito que é, em uma "concessão" mais ou menos "caritativa" em que unilateralmente uma parte(a patronal)como que "oferece" trabalho sem direitos e a cada vez mais reduzidos custos...
Se analisarmos só por si esta retirada de feriados, podemos erradamente pensar que é uma virtuosa forma de aumentar a produtividade, mas verdadeiramente o que é. é a redução do preço do trabalho, na medida que sendo o trabalho pago à hora esta passará a ser mais barata, uma vez que não só se trabalha mais este dia como não se recebe o correspondente em salário, outra solução podia ser encontrada, se os custos desta produtividade fossem para recair, sobre as duas metades desta realidade produtiva, a empresarial e a laboral, mas não o legislador quis ser parcelar e mais uma vez, fez recair a austeridade nos trabalhadores.
Estou de acordo que esta mudança ao contrário de melhorar o estado das contas públicas e das privadas, só irá criar mais dificuldades, pois em Portugal, as contas do deve e Haver dos feriados, se calhar ainda esta por fazer, sobretudo numa circunstancia em que o turismo interno será mais uma vez castigado, retirado movimento económico a um sector quase moribundo.
Açor

Anónimo disse...

"Eu concordo em absoluto que se trabalhe nos feriados. Com o que não posso concordar é que se trabalhe também nos outros dias."
---
LOL LOL

daqui a dias começas a escrever os guiões do woody allen!!

Anónimo disse...

porra, Liza

porque usaste a GB como exemplo?

os gajos tem menos de 1 mês de férias

e as leis laborais??

porreta!!!

o trabalhador faz asneira...out!!

digamos: há um forte incentivo para não asneirar!! lol lol



além disso, a city of london compete com NY para posição cimeira de capital financeira do mundo.

eles tem a city e nos temos....hummm???

ah, o pingo doce!!

mas temos que ter pelo menos os mesmos feriados dos brits. administrados inteligentemente, claro. imperativo categórico da razão humana!! lol


eu preferira ter os rendimentos dos luxembugueses e os feriados dum desempregado brasileiro!! pode ser?

que tal?

Anónimo disse...

preferiria