sábado, maio 26

Que coisa curiosa é a história.

Quando se pensa estar sozinho a preconizar determinado pensamento …


“(…) Em 1959, Carreiro da Costa vai ser empossado como Presidente da Comissão Regional de Turismo de S. Miguel e Santa Maria onde desenvolveria uma notável actividade dinamizadora do sector que conheceu então um impulso muito grande. Dotado de vastíssima cultura e com conhecimentos etnográficos únicos, vai apetrechar a comissão com dados documentais preciosos que os seus sucessores imediatos não souberam preservar.

(…) No final de 1962 vai realizar-se em Angra do Heroísmo a primeira reunião de Presidentes das Comissões Regionais dos Açores de que Carreiro da Costa fez notabilíssimo relatório em que foram escalpelizados todos os assuntos de interesse para o sector desde as comunicações, alojamentos, pessoal hoteleiro, ementas regionais, agências, guias e interpretes, inventários turísticos, miradouros, circuitos, monumentos, museus, bibliotecas, organismos culturais, científicos e artísticos, termas, campismo, praias e piscinas, pesca, baleias, artesanato, festas populares, higiene, receitas, relações com outros organismos, propaganda, guias turísticos, estudo de mercado e planificação, desdobráveis e bilhetes-postais. Finalizava esse notável documento com um conjunto de propostas destinadas ao prosseguimento de tal tipo de trabalhos.

(…) Em 1965 toma posse do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Nordeste, Jose de Sousa Cavaco que vai desenvolver, no mais isolado concelho de S. Miguel, a plantação sistemática de flores à beira das estradas, ideia que vinha do seu antecessor, o Eng.º Hernâni Santos, transformando o Nordeste num lugar espectacular de beleza e encanto, obrigando os seus sucessores a manterem e a desenvolverem essa prática que se generalizou a toda a parte.

(…) Em 1970, 6000 trutas são lançadas na Lagoa das Furnas. Foram trazidas para S. Miguel pela Força Aérea Americana (…) ."

In HISTÓRIA DOS AÇORES 1935-1974, de Carlos Melo Bento

E nós? Salvaguardando as diferenças e acrescentos, o que vamos fazer? Qual será o nosso contributo?


Como se compatibiliza as vontades? Como se compatibiliza as vertentes? Como se compatibiliza as pessoas?

Será apenas um problema geracional?

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Primeiro quero dizer que o post tem indicações úteis,(sobre a história de personagens e feitos nos Açores) mas sobretudo tem o condão de nos fazer pensar e sobretudo(e como dizia Sócrates, filosofo)é mais importante a pergunta do que a resposta, e foram feitas por ti algumas perguntas...
Eu penso(com a minha proverbial ignorância e atrevimento)que antes de mais é necessário o Povo Açoriano se soltar mais, tomando conta da sua idiossincrasia psicológica,por analise e debate colectivo da sua historia e da sociologia emanada do seu viver.(este movimento devia pela sua complexidade, começar nas elites pensantes, onde a Universidade estaria no centro(mas infelizmente com as politicas de Passos Coelho, ela está quase parada por falta de verbas), mas depois de "descomplexado" devia descer ao Povo mais simples e deste à massa "cinzenta".
O Povo Açoriano tem que reaprender não só que tem capacidade para intrevir e espírito para criticar e auto criticar, se o faz em relação ao futebol, tem que passar a fazer em relação a outros aspectos da vida.
Outro aspecto essencial é que tem que aprender a se situar no Mundo, não como subalterno, mas sim como unidade deste Universo, sabendo avalizar as suas capacidades relativas, mas também as suas limitações de ilhéu na sua relação com a natureza e condição humana, O Mundo não acaba nem se confina à ilha, mas não se auto limita por isso.
A politica é um vector essencial neste movimento se a actual tendência e resposta politica não estiver à altura há que pô-la em concernência com esta necessidade.
Mas também este movimento têm que abalar e ser mexido pelas formas económicas e sócio culturais dos Açores, as organizações de toda a ordem que existem quase moribundas nos Açores deviam mostrar interesse e aproveitar este movimento.
A problemática está nos Açores mas também no Mundo, num certo "autismo" em que se enclausuraram as pessoas, como defesa mas também como forma de dividir as oportunidades, pois neste momento a informação é uma mais valia que não querem partilhar, esquecendo-se que conhecimento e informação são como as claras quanto mais se mexem mais crescem...
As vontades, as pessoas e as vertentes se compatibilizam com o conhecimento e com a razão ou razões encontradas, as razões só podem ser encontradas com os interesses, interesses(que unem as pessoas) estes que necessitam de serem publicitados e trabalhados, para recolherem os mais amplos consensos, nunca serão unânimes,( pois estes "só" em ditadura)nem seria útil que o fossem, pois este movimento e as razões encontradas têm que ser aceites por muitos, mas também têm que ser razoavelmente fracturantes para terem efeito alternativo ao marasmo actual.
A problemática geracional é só um sub produto das questões essenciais, que são os interesses, a consciência social e a organização, que são molas de tudo.
A sociedade Açoriana e Portuguesa(por extensão) esta doente e necessita antes de mais de ter consciência da sua doença e depois mobilizar-se com o mesmo(ou mais) enlevo com que uma Mãe, trata um filho doente.
O Ilhéu mostra a sua força e pro-actividade e resiliência quando emigrante, tem que tratar do efeito desta "mosca" de Tsé Tsé, que neste momento lhe afecta nos Açores e mostra-se de corpo inteiro com a força e inteligência que o caracteriza.
Não excluía a Igreja deste movimento, mas para ela poder ser um parceiro útil teria que se despir da maioria dos seus dogmas.
Fico por aqui, esperando que outros possam alargar a discussão e os horizontes.
Saudações
Açor

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Não tenho motivos para pensar que faz posts só pela forma, sem cuidar que o seu conteúdo devia obrigar a algum esforço de coerência.
Sabemos que o Ilhas está a passar por um período de menos valia, seja pelo abandono de alguns autores, seja pelo ataque de comentadores, "loucos" na peugada de fundamentalistas ao serviço de alguém...
Penso que o seu artigo devia ser o mote para um movimento de reflexão sobre os Açores, foi isso(de forma alargada) que pensei,mas para isso o ilhas e o seu autor, o digníssimo Carlos Rodrigues podia e devia, dar sequência nos comentários ao espírito do seu artigo.
Penso que era isso que os Açorianos esperavam de si e o que o seu post exigia.
Penso que ainda está a tempo, até lá, os meus respeitosos cumprimentos.
Açor

Carlos Rodrigues disse...

Caro Açor,
Agradeço estas linhas que me dedica e lamento que (des)considere este blogue, pois, ele, para além destes que resolvem expor-se a escrever, também se compõe e se enriquece com as pessoas que o lêem e o comentam, nas quais V.Exa. e outras proeminentes figuras açorianas se incluem.
Lamento ainda desapontá-lo, embora não o faça de propósito, mas, não consigo ser mais do que “uma lança em África”, muito embora ficasse muito feliz se os meus pensamentos e as minhas preocupações dessem origem a um movimento parecido com o sugerido. No entanto, peço-lhe que não tenha ilusões: cada um faz o que pode e o que lhe deixam fazer.
Quanto ao modo, com esforço sim senhor! Mas, coerente? Não sei. Seria importante perceber que importância tem a coerência nos nossos dias. Agora, a criatividade reside na transgressão e isso sacode as almas. Será isso? Se for isso, isso faço com gosto.

Mantenho-me, com as mais cordiais saudações,
Carlos Rodrigues

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
A comunicação tem destas coisas nem sempre o que se emite chega ao receptor com a ideia original...
Mas não, nem podia desconsiderar um local onde me dão o gosto de entrar...
Penso que a mais nobre forma de considerar é apontar os reparos que a nossa alma identifica, mesmo que de forma parcelar e subjectiva.
Não quis nem diminui-lo, nem pressiona-lo queria tão só mostrar que as nossas ideias quando válidas(e as vezes mesmo não sendo) podem e devem ter continuidade...
Nos nossos dias, se calhar a falta de coerencia não é tão benevolente assim, ter coerencia é nortear a nossa vida por princípios mínimos, são como estruturas, as vigas e os pilares da nossa personalidade.
Os males que aponta são por vezes resultado duma noção errada que os fins justificam os meios, que o fim da viagem é mais importante que o percurso, o mal é quando os percursos desviam inexoravelmente os fins previstos e do outro lado está um "buraco negro"...
Será que a coerencia já faz mais sentido?
Em muitas ocasiões existem pessoas que prometem, mais do que estão dispostas a dar, no seu caso a poeira será decantada pelo tempo e se calhar, poderá(ou não) entender melhor a minha ideia.
Saudações

Carlos Rodrigues disse...

Caro Açor,
Quem se deixa apanhar pelo sistema não o copia com coerência? Julgo que sim e lamento.

Se para o tempo me decantar eu tiver que ser engarrafado, então não vai sobrar outra coisa que não poeira.

Saudações

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Vejo alegremente uma certa onda anti regime a vir deste teu mar.
A coerência(conceito subjectivo e relativo) é diferente conforme a posição que tomamos, a minha é mesmo com as minhas ideias e não com sistemas, mesmo que muitas vezes tenhamos que passar entre a chuva com toda a dignidade possível...
Não deixo contudo de ver nesta tua prosa verdadeira criatividade e já agora como conteúdo não está nada mau.
Saudações
Açor