terça-feira, julho 14

Rigor

[foto] Rita Dourado

O apoio à cultura deve ser tido como algo legitimado e não como se de uma esmola se tratasse, como que a esconder uma posição de subserviência, perante a qual o destinatário da “oferenda” tem de retribuir através de uma “participação cívica”, que se revele descontextualizada e, sobretudo, forçada.

Vem isto a propósito dos apoios atribuídos pela CMPD aos agentes culturais do concelho, num total de 23, entre grupos folclóricos e bandas filarmónicas, no montante de 1.3 milhões de euros atribuídos ao longo dos últimos oito anos, o que é, verdade seja dita, muito pouco. Isto se comparado com os apoios executados anualmente pela Presidência do Governo/Direcção Regional da Cultura, num investimento de mais de 4 milhões de euros, numa aposta continuada a várias centenas de agentes culturais independentes e associativos nos Açores, dando, por essa via, lugar a uma estratégia fundamental para o enriquecimento cultural da Região e para a valorização do tecido social açoriano e aos quais é exigido o bom cumprimento dos objectivos a que se propõem.

A justificação camarária de que “sem o contributo dos agentes culturais Ponta Delgada não seria a mesma” é a prova flagrante da ineficácia do município. Isto porque parte significativa dos eventos promovidos pela gestão camarária peca por nivelar por baixo e reduzir-se a factores meramente populistas, sem um olhar qualitativo ou inovador.

Quando a assessoria camarária refere “falta de vontade e inércia” da Direcção Regional da Cultura e questiona em concreto o “papel social” do Museu Carlos Machado ignora, claramente, o facto de este ser uma instituição ímpar na cidade e o único museu da cidade (o que talvez não acontecesse caso fizesse parte da “tutela” camarária), cuja administração recente tem revelado um trabalho notável, quer seja na procura de novas formas de aproximação ao público, quer também na tentativa de conquista do mesmo. É disso exemplo o projecto Museu Móvel – símbolo do encontro que o Museu tem promovido com as populações da ilha, saindo dos muros do Convento que lhe servem de guarda. A demora das obras de requalificação, que decorrem a bom ritmo, não pode servir de argumento de laxismo. Sendo, ao contrário do que se pensa, sinónimo de rigor e de exigência.

PS: como nota de utilidade pública deixo aqui 2 horários de funcionamento que atestam a verdade que se impõe: Museu Carlos Machado 3ª a 6ª das 10h00/12h30 - 14h00/17h30 e sábados e domingos das 14h00/17h30 (encerra 2ªs e feriados) Centro Municipal de Cultura 2ª a 6ª das 08h30/12h30-13h30/16h30 (encerra sábados, domingos e feriados, informação obtida telefonicamente)


* Edição de 07/07/09 do AO
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