Mário Mesquita, que hoje transpôs os “pearly gates” para a grande viagem, afirmou numa das suas últimas entrevistas, ao Jornal de Letras (nº 1325; 14-27 julho 2021) – acredito que no meu necrológio dirão – e dirão bem – faleceu o jornalista Mário Mesquita que, distraído como era, deixou caducar a carteira profissional. Palavras que definem bem o humor seco e a arte do understatement que ele tão bem cultivava.
Não tenho qualquer competência para falar do seu trajeto no jornalismo português do último meio século, e muito menos do contributo que deu para a institucionalização das Ciências da Comunicação no ensino universitário, mas creio sem quaisquer hesitações que ele foi o epítome de uma honrosa tradição da imprensa açoriana que, se algum dia esta terra consagrar ao tema o devido núcleo museológico, espero venha a ter a justiça de lhe reservar aí um lugar de memória.
Sobre as outras latitudes do seu legado cívico, político, intelectual e moral, designadamente a notável coragem e independência que sempre demonstrou, essas ficam no domínio privado daqueles que tiveram o privilégio da sua amizade.
Au revoir, Mário. Deixas uma irremediável saudade.
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