quarta-feira, setembro 2

LIBERDADE(S)

No passado dia 14 de Julho assinalou-se o “Dia Mundial da Liberdade de Pensamento”. Por muito louváveis que sejam os princípios subjacentes à prática revisionista de rebatizar os dias do calendário Gregoriano, nunca aderi de corpo e alma à instituição desta voga, pois sempre tive as maiores reservas a qualquer tipo de catecismo, seja ele religioso ou laico. Dito isto, correspondi (malgré tout) com todo o gosto ao pedido/convite da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UAç para escrever um pequeno texto alusivo à data, destinado a publicação na sua respetiva página do Facebook

Nunca frequentei, nem frequento, essa plataforma digital que, por antonomásia, designa o admirável mundo novo das redes (e relações) sociais. Prefiro deixar inscrita a minha irrelevante pegada digital noutras plataformas marginais, quase tão desertas como um apeadeiro da linha ferroviária do Coa, de que é exemplo este blog coletivo, a que muito me orgulho de pertencer, e que nos seus dias de glória, há cerca de 15 anos atrás, tinha a sua caixa de comentários inundada por reações a cada post que era publicado.

Um neófito que tropece por acaso nestas palavras, não perceberá nelas qualquer sentido, mas os antigos e ocasionais passageiros frequentes do :Ilhas talvez já tenham antecipado aquilo que vou dizer em voz bem alta: ACHO INCRÍVEL O ENSURDECEDOR SILÊNCIO QUE SE REGISTA NA CAIXA DE COMENTÁRIOS DOS ÚLTIMOS POSTS DO PEDRO, que citam (no sentido tauromáquico do termo) a liberdade de pensamento junto aos cornos do touro, sem que ele – manso – dê sinais de investir com franqueza e galhardia contra o forcado da cara . Dá ideia de que toda a gente permanece confinada nas páginas do seu Facebook que, muito antes desta pandemia, já andava a promover o distanciamento social. Seria bom que o Mark Zucherberg refletisse sobre o oximoro que está inscrito no ADN da sua criação. 

Mas, voltando ao início deste post, aqui segue em segunda edição (e sem qualquer aditamento) aquilo que publiquei sobre a “Liberdade de Pensamento” no passado mês de Julho:


Four Freedoms. Edwina Sandys, 1994

Franklin D. Roosevelt Presidential Library (Hyde Park-New York)

Esta escultura – duas silhuetas humanas, recortadas de uma secção do Muro de Berlim – foi executada por Edwina Sandys, neta do Primeiro-ministro britânico Winston Churchill, em homenagem ao Presidente americano Franklin D. Roosevelt, cujo discurso do “Estado da União” (6 Janeiro 1941) proclamava a necessidade de construir um mundo assente em quatro Liberdades essenciais: Freedom of Speech, Freedom of Worship, Freedom from Want e Freedom from Fear. Nestes tempos difíceis que atravessamos, é importante que a liberdade de expressão e pensamento nos ajude a libertar do medo.”  

Saravá, Pedro, este samba é para ti.

3 comentários:

Pedro Arruda disse...

Caríssimo, antes de mais o meu embaraçado obrigado pela honra, como bem sabes a Liberdade e o Pensamento são causas pelas quais me bato há muito tempo. Infelizmente, nos Açores, a Liberdade é cada vez mais escassa e o Pensamento um bem raro...
aquele abraço,

Anónimo disse...

´
...já tinha lido o Alquimista no post precedente. Chegou-me por via da rede social whatsapp pela mão da Maria do : Ilhas. Muito bom o texto do Pedro, ocorre-me que na altura comentei com as minhas meninges - "Tal como o MST o Pedro também anda a acertar no whisky bom !". Comentário apócrifo pois o Arruda agora é abstémio e liberal anti-socialista. Sic Transit Gloria Mundi.
...tenho andado à margem do mundo e quando não estou imerso nas leituras de legislação, auditorias, processo eleitoral, tretas administrativas e outras bagatelas do ofício que transformo em pão, viro-me para o papel e não para o digital. Se há um :Ilhas vintage posso modestamente dizer que o meu nome por lá anda. Ah Glory Days :)
Saudações Açorianas e Amigas
JNAS

Carlos G. Riley disse...

... pois fica sabendo, estimado JNAS, que o teu nome faz muita falta neste (agora) pouco frequentado apeadeiro.

Abraço