quinta-feira, maio 6

"Desporto Açoriano"

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De que falamos nós quando nos referimos à montra de excelência do "Desporto Açoriano" ? Esta é uma reflexão incontornável na sequência de mais uma "Gala do Desporto Açoriano", iniciativa louvável do Governo Regional, sendo que na IX Edição do evento o Presidente do Governo Regional anunciou a criação de um "prémio de excelência" para distinguir os bons exemplos e as boas práticas de gestão associativa. No mesmo discurso, Carlos César censurou os casos, públicos e notórios, dos "desvarios" de clubes e associações que "por incúria e de forma danosa, destroem associações com muita história e representatividade social". Paradoxalmente esses "desvarios" foram subvencionados, patrocinados, caucionados, apadrinhados por entidades públicas, especialmente no dito "desporto rei", ao ponto de incluírem "comissários" políticos de confiança na proximidade dos órgãos sociais dos respectivos clubes com os resultados que todos conhecemos. Aqui não houve "fair-play" e a "promiscuidade" entre agentes desportivos e agentes políticos não merecerá seguramente um prémio de excelência, sob pena do mesmo ser o cúmulo da hipocrisia. No "Desporto Açoriano" também há dois campeonatos. Por um lado, temos clubes "Açorianos", apenas de nome e sede fiscal, cujos atletas possuem a mais multicultural representatividade. Frequentemente temos equipas "Açorianas" cujo plantel é maioritariamente composto por profissionais com nacionalidade Brasileira, Angolana, ou Ucraniana e até o próprio treinador é estrangeiro! Por outro lado, temos outros clubes e associações desportivas que apostam nas suas escolas de formação genuinamente Açorianas e que não trazendo o estrangeiro aos Açores levam o nosso nome ao topo de competições de nível internacional. É neste "Desporto Açoriano" que o Governo Regional, e todos nós, devemos apostar com orgulho e "excelência". Nos clubes e modalidades em que se prescindiu dos "desvarios" da contratação de atletas profissionais não há notícia de que tenham delapidado os seus activos patrimoniais e associativos. Claro que há excepções. Mas não podemos tomar a parte pelo todo. A regra é a de que no "Desporto Açoriano", especialmente nas modalidades individuais, há uma escola de valores que fica para a vida. São jovens atletas que acumulam a sua carga diária de treino com as suas responsabilidades escolares e académicas, e nalguns casos laborais, num exemplo comunitário de denodo e trabalho em contra ciclo com um tempo em que, também no desporto, o que se procura é um "emprego". Ao invés, um modelo profissional com recurso a uma carteira de atletas forjados no estrangeiro, e contratados à época para cumprir calendário, pode projectar o nome dos Açores mas não representa, sob pena de "publicidade enganosa", o "Desporto Açoriano".

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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