sábado, outubro 24

O Político


Daniel Pelavin, Brand of the Year.


O jovem Payton Hobart tem uma ambição: ser presidente dos Estados Unidos da América. Sem sentimentos ou ideologia, alinhava meticulosamente o seu futuro como ocupante da Casa Branca agarrando oportunidades, mimetizando comportamentos e apoiando causas promotoras de votos. Payton é um Pinóquio forrado a latex, um adolescente rico e mimado num cenário Vanity Fair, um político para a geração Greta Thunberg, tal como o imaginaram Ryan Murphy, Brad Falchuk e Ian Brennan na série The Politician (Netflix, 2019).

Nesta comédia negra e delirante assistimos ao making of de uma campanha política, às jogadas de bastidores entre concorrentes, às disputas por atenção entre a entourage de serviço, à valorização da imagem e do suporte digital, ao redesenho de convicções ao sabor do espírito do tempo, à urdidura de discursos à medida do elemento decisivo: o eleitor. Para o político, apenas o eleitor conta e vale tudo para o fazer riscar uma cruz no quadrado que valida a sua ambição. Ambição de um e de outro. Se ao político importa somar votos, ao eleitor importa somar expectativas, escolher, com cinismo ou empatia, quem oferecer mais garantias de as tornar efectivas e selar essa relação por interesse nas urnas.

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