Passei toda a minha vida a
ouvir os sacerdotes do neo-liberalismo com a história de que "Estado é mau
gestor por natureza" e que "os privados é que são bons". Pois o
caso BES/GES, se dúvidas houvesse, vem provar à exaustão que isto não é assim nem
por natureza, nem por princípio.
Fartavam-se os mesmos
fanáticos de falar nas vantagens da privatização da Segurança Social. Pois nem
quero imaginar as insónias que passaria um pensionista nas últimas semanas se a
sua pensão estivesse a cargo de um qualquer fundo gerido pelo BES. Aliás,
imagino o alívio dos pensionistas do Fundo de Pensões do BES por entretanto ter
passado para a Segurança Social...
E os mesmos iluminados fartavam-se de sugerir a
privatização da Caixa Geral de Depósitos, ávidos de abocanhar mais uns quantos
milhões, com o argumento de que a Banca era coisa para estar exclusivamente nas
mãos de privados. Pois bastou o BPN para irem todos “pedir pelas almas” para
que o Estado os acudisse dos perigos da propalada “crise sistémica”. E julgámos
todos que o gangsterismo bancário estava
limitado aos "banqueiros" arrivistas e aventureiros, do tipo BPN e
BPP, que se aproveitaram do laxismo trazido pelo thatcherismo nos anos
80 e do favoritismo político que as ligações partidárias permitiram;
afinal, o caso BES/BESI mostra que a falta de escrúpulos atinge o círculo dos
banqueiros de mais elevado pedigree
e que as regras do jogo parecem ser aquelas. E lá ficou o contribuinte com o
preço dos mandos e desmandos do BPN, como – provavelmente – acontecerá no fim
das contas do processo BES.
São uns queridos…. uns fofos esta direita radical
e estes banqueiros nacionais.
É certo que a coisa
pública esteve longe de ser um exemplo de boa gestão todos estes anos nas mãos
de quem esteve. É um facto. Mas para vermos "bons gestores privados"
e as “virtudes da boa gestão privada” já nos bastam os exemplos que temos tido e preço que temos pago.
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