sábado, fevereiro 9

às ilhas, devolver o quê?

Nos dias que passam (a correr, por sinal), são muitas as iniciativas para devolver a auto-estima ao "Povo Português".
Ontem, por cá, na catedral da notícia, irremediavelmente atrasado para as muitas tertúlias que, às várias horas dos dias, por lá iam acontecendo, dei de caras com as prateleiras quase vazias e com revistas como que vindas de um alfarrabista. Para além desta primeira impressão. Muito para além dela, descobri a "MARKETEER".
Era de Janeiro! E trazia um suplemento com o balanço sobre a 4ª conferência organizada por esta revista, intitulada "Como devolver o sorriso a Portugal?". Registei a belíssima intervenção de João Roquette - CEO do Grupo Esporão -, alertando para a necessidade de procurarmos alterar a falta de opinião que o mundo tem em relação a Portugal, «o que é compreensível quando nem nós próprios temos uma opinião sobre o País». Apontou algumas cartas fortes do País, da gastronomia ao calçado, passando pelo sector vitivinícola. «Portugal tem de se assumir como um país pequeno. Não vale a pena jogar o mesmo jogo que os chineses e os indianos. Temos de colocar alma no que fazemos», disse.
Parece que, em Portugal, tudo se resume à economia e às suas relações sistémicas. Mas, Guta Moura Guedes não negou: «Temos uma espécie de tristeza, de saudade… so what? Não é uma mancha. É hiper-romântico. A tristeza é um motor de criação tão forte como a alegria».

E, o que se pode fazer pelas as ilhas(?), pergunto eu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Estamos em presença dum excelente post para pensar, discutir e tentar entender este momento histórico e a psicologia do nosso Povo.
Nunca fomos alegres desde o povoamento que carregamos a nossa marca de deportados, prisioneiros à espera da liberdade, entre as pedras negras destas baías que nos permitiam ancorar as caravelas que nos trouxeram a um mundo Novo.
Uma terra arroteada à enxada construída a escopo e martelo deste basalto, tão duro como a vida que deixáramos no Reino.
Passados estes séculos estamos em outro tempo, mas em que os novos impostos, não em géneros, mas em moeda são tão desequilibrados como outrora, como ser alegre neste contexto, ainda por cima onde o nosso fado é coberto pelo véu da igreja e da misericordiosa aceitação da fatalidade...
Esta é um verso da moeda outro é a capacidade do nosso Povo para inverter as fatalidades de lutar e vencer as intempéries e a natureza, é desta face que necessitamos que o nosso povo se vista e que prolongue este travestir do Carnaval, para todos os dias.
Parabéns Carlos Rodrigues.
Açor