sexta-feira, agosto 3

A morada dos manuais



Sessenta e quatro “likes” e setenta e três “talking about this”. É pouco mas é um começo.

Para os mais distraídos, apesar da boa cobertura jornalística prestada ao Banco do livro escolar dos Açores, lembro a nova morada dos manuais que tem lá por casa: Avenida Infante D. Henrique no edifício dos “correios velhos”. Não há que enganar, tal qual como o propósito do banco: reaproveitar os livros que tanto lhe custaram a comprar no ano passado para os seus filhos, para que possam reentrar no circuito escolar e continuem a prestar bom serviço a outros alunos e outras famílias.

Interessante o cuidado dos promotores (este banco insere-se numa rede nacional) ao sublinharem, em várias ocasiões, que o Banco do livro escolar é para todos e não apenas para famílias financeiramente carenciadas. Ao tomar esta posição, o Banco do Livro Escolar assume-se como verdadeira iniciativa cidadã – a sociedade a “tomar juízo” e consequente ação.

Fica o desejo de que o Banco do Livro Escolar cresça desmesuradamente a ponto do seu ruído chegar ao governo que, à semelhança do seu antecessor, teima em tardar a regulamentação da lei 47/2006, de 28 de Agosto, no que esta prevê quanto ao empréstimo de manuais e de outros recursos didático-pedagógicos, a definir pelas escolas e agrupamentos no âmbito da sua autonomia.

É ingrato constatar que, neste país falido, o Estado continua a gastar milhões de euros por ano com a compra de livros escolares para famílias que recebem apoios da ação social, ao mesmo tempo que obriga as famílias da dita “classe média” (ainda há disso por cá?) a investirem centenas de euros por ano nesses recursos essenciais que são os manuais escolares, para em seguida o seu destino ser – com sorte – a reciclagem.

Ou o Banco do livro escolar dos Açores. Valha-nos o Banco do livro escolar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Cara Lisa
Estou de acordo com muito do seu texto, mas só posso compreender por ironia, que crie uma separação entre os pobres(mesmo recebendo apoios diversos)e os da(dita)classe média, no que respeita à problemática dos livros escolares...
A questão dos livros escolares não tem nada a ver com os alunos serem a ou b, mas sim com uma politica do livro escolar errada, que leva a que estes sejam alterados, sem qualquer lógica de qualidade, numa frequência que pode beneficiar as livrarias, mas não acrescenta nada à pedagogia do ensino.
O povo e a classe Média(que é baixa)não devem servir como jogos de arremesso, de uns contra os outros, ambos estão em maus lençóis e só boas politicas é que podem resolver os problemas e não esta tentativa de separar aquilo que tem mais de igual do que de diferente.
Existe um logro em que os governos Burgueses pretendem fazer cair o Povo, este é o de considerarem que o mal está nos apoios sociais dados ao Povo e não(nos efectivos e reais)super subsídios e regalias, com que a alta burguesia é contemplada, basta ver só como exemplo que a diferença(estimada)entre a compra do BBN pelo BIC, e de 40 milhões de euros , para 3 mil milhões de euros...
Muitos subsídios, apoios e rendas, podiam ser referenciados, mas julgo que a autora do texto(que eu no geral apoio)saberá perfeitamente que a diferença entre os subsídios mínimos(que eu posso contestar,alguns...)e os subsídios máximos, são incomensuravelmente diferentes...
Eu sei que não é por mal, mas esta moda de ir atrás da propaganda institucional contra as migalhas que o Povo recebe, muitas vezes entra no cérebro como se fosse vírus e mesmo pessoas inteligentes como a digníssima, são levados a transmitirem esta propaganda, como se ela tivesse qualquer coisa de ciência e de verdade.
È com diria a propaganda Nazi, uma mentira tantas vezes repetida é difícil de ser reconhecida como tal.
Saudações
Açor

Lisa Garcia disse...

Bom dia Açor e obrigada pelo seu comentário. É possível que a frase que escrevi não tenha sido clara. Quando no texto refiro as classes é para louvar que o Banco do livro escolar não concretize distinções ao afirmar-se como um Banco do livro para todos, independentemente da condição financeira de quem o procure para dar ou receber. O facto de que o Estado gasta milhões de euros por ano com a compra de manuais para quem recebe apoios sociais não é por mim referenciado com desprimor para quem recebe os apoios. Pelo contrário, está no texto para chamar a atenção para a má gestão que o Estado realiza na questão dos manuais escolares, realizando despesa evitável quando poderia estar a promover a reutilização: a reutilização de manuais escolares para todos, independentemente de classe.
Nos três famosos "R's", os dois primeiros são Reduzir e Reutilizar, só depois vem o Reciclar. A via é essa. ;-)
No restante, tem razão e eu concordo e subscrevo quando diz que "a diferença entre os subsídios mínimos(que eu posso contestar,alguns...)e os subsídios máximos, são incomensuravelmente diferentes...". Chegou-se ao ponto da imoralidade - e, pelo menos para mim, não há defesa da coisa pública se, para além da legalidade, não existir simultaneamente consideração ética e moral.

Anónimo disse...

Cara Lisa Garcia
Antes de mais agradeço a resposta e no caso vertente penso que não foi em vão, pois esclarece em pleno a sua ideia, o que me leva a subscrever por baixo, com aplauso estima e consideração.
Açor

Garganta Funda disse...

Oi,tchudo bem, galera?

Anónimo disse...

Caro Garganta Funda
Seja bem aparecido, já fazia falta, ao nosso convívio.
Saudações
Açor