Pode até parecer pouco… Mas 10 anos na vida de uma galeria de arte, na periferia da periferia europeia, é um feito considerável.
A intenção dos seus proprietários, expressa na inauguração em 18 de Julho de 2000, foi a de disponibilizar aos artistas, de forma regular, um espaço adequado para a exposição das suas obras, e ao público, uma programação qualitativa e a oferta de condições propícias à fruição estética.
A "
única galeria açoriana de arte contemporânea de perfil nacional" (Vanessa Rato,
Público 26 Out’09) iniciou a sua actividade com um núcleo restrito de artistas, maioritariamente naturais dos Açores, mas, no decorrer destes 10 anos, que agora culminam, conseguiu ser um espaço atractivo para artistas nacionais e estrangeiros.
Para que tal tivesse acontecido, traçou, desde o início, uma linha programática consistente, exigente e atempada, com carácter anual. Coisa rara entre nós.
Esta prática possibilitou e possibilita a gestão eficaz da informação junto dos visitantes, a aproximação às comunidades educativas, a criação de uma "zona de conforto" junto de coleccionadores e no agenciamento das suas aquisições.
O primeiro acto público da nova
Galeria aconteceu simbolicamente com "Os primeiros frutos", de Urbano, que marcou o "regresso à ilha" deste artista, depois de uma ingressão pela
Slade School of Arts, de Londres, e pela
Galeria 111, em Lisboa.
Este momento marcou o início de um percurso importante para a comunidade artística residente e fez com que houvesse um incremento no "mercado de arte" local, embora tenhamos de ter em conta a sua dimensão diminuta mas, ainda assim, interessante.
São vários os artistas que marcam o histórico destes 10 anos de actividade, dos quais gostaria de destacar: Ana Vieira, Augusto Alves da Silva, Bartolomeu dos Santos, Catarina Branco, João Decq, Maria José Cavaco, Pedro Cabrita Reis, Pedro Proença, Rui Chafes, Sandra Rocha, Sofia de Medeiros, Tomaz Borba Vieira, Victor Almeida, entre tantos outros.
Mas nem só de exposições vive o espaço da Galeria. No decorrer desta década, tem organizado um número significativo de actividades complementares, que funcionam como elemento formativo e informativo, bem como tem desenvolvido uma acção de relevo na captação e na fidelização de um público que se quer, e que é, nestes dias que correm, mais exigente.
Este espaço cultural tem cumprido uma verdadeira missão de serviço público na promoção dos seus artistas e da Região no exterior, por intermédio da participação em feiras nacionais e internacionais, com menção obrigatória para as presenças na "
Arte Lisboa", bem como, em Espanha, nas feiras de Cáceres, Santander, Vigo, Valencia e Madrid, naquela que é a mais mediática feira ibérica e uma das mais reputadas a nível mundial - a "
ARCO".
A Galeria Fonseca Macedo é um bom exemplo de uma entidade que soube capitalizar e potenciar os apoios institucionais que lhe foram atribuídos, utilizando-os em prol do aumento da sua notoriedade.
Esta estratégia tem produzido os seus frutos e tem vindo a colher uma atenção crescente de críticos de arte, galerias e coleccionadores internacionais, o que não deixa de ser apreciável, se considerarmos as cumplicidades do meio, as suas complexas regras de funcionamento e a incerteza, fruto da crise por que passa este mundo globalizado.
Pelo contributo e pela singularidade da actividade em questão, deve ser dado todo o estímulo e reconhecimento aos seus responsáveis, artistas, colaboradores e público, que fizeram desde espaço cultural um caso de sucesso. Os meus sinceros Parabéns!
Alexandre Pascoal
Julho 2010
* Adaptação do voto de congratulação efectuado a 15 de Julho’10 na
ALRAA
** Publicado na edição de 29 Jul'10 do
Açoriano Oriental