sexta-feira, novembro 6

12 anos


O :ILHAS faz hoje 12 anos repletos de intermitências. Há a possibilidade de uma terceira vida (3.0) mas ainda discutimos o modelo, cujas negociações serão, muito provavelmente, mais difíceis do que as que visam “assegurar um governo da iniciativa do PS”.

Daremos notícias nos próximos dias (ou semanas). Até já!

terça-feira, setembro 29

15 POEMAS DE AMOR E UM DIVERTIMENTO

É levezinho, mas são 15
É sério, mas diverte
É pequenino, mas é vermelho!

Um vermelho que brota do coração
E, escorreito, vai direito ao peito
Bem sei que é de amigo, o abrigo

Pois, a caminho, digo aos gritos
Se a necessidade aguça o engenho
A angústia liberta o génio

Ah! Bravo rapaz,
Que não nos mate o silêncio!






quarta-feira, setembro 23

Na melhor vontade

Todo o tempo é tempo de mudança. Mesmo o extemporâneo!

É tempo de maré baixa. E o seu vazio coloca agora a nu a impregnada marca de todas aquelas pessoas que nos tocaram, manifestando-se no seu pleno. Mesmo quando só muito mais tarde damos por isso, percebemos que, afinal, incorporamos um conjunto de características dos vários modelos que, consciente ou inconscientemente, resolvemos seguir em determinados momentos e dos quais resultaram a pessoa que julgamos ser.

No entanto, e por muito interessante, segura e desejável que esta calma sedimentação possa parecer, nem sempre o que somos e o que fazemos resulta apenas desta forma diferida de evoluir. Há, também, pela dinâmica que carateriza a nossa existência, pessoas que nos marcam desde o primeiro momento em relacionamentos desassombrados, nos quais o respeito e a confiança mútuos ajudam a trilhar o caminho que, juntos, se faz.

Por outro lado ainda, numa perspetiva mais egocêntrica, o nosso prazo de validade, neste ciclo vicioso que mui habilmente designamos de tempo de vida e que condiciona toda a nossa atuação em relação a tudo em que estamos envolvidos, não é suficiente para determinar, nem mesmo com o enorme conjunto de interseções aleatórias, o resultado desta que é uma equação sui generis.

Muito embora se afigure como uma tarefa praticamente impossível porque a maioria dos adultos considera que os porquês têm idade, há, portanto, a necessidade de encontrar, nesta linha de contínuo longo que é a vida, outras justificações para que algumas pessoas procurem dar o seu contributo de forma incessante, durante toda a sua existência, para causas que, sendo já de muitos, são também por elas eleitas como suas.

Vem esta pequena reflexão a propósito da responsabilidade que é fazermos afirmações mais ou menos perentórias ou, até mesmo e tão somente, termos a coragem de verbalizar os nossos pensamentos. É que a vida, como nós a conhecemos, dá muitas voltas (talvez pelo constante saltitar desta bola a que chamamos Terra) e, não poucas vezes, apanha-nos pelos colarinhos para nos forçar a demonstrar e a pôr à prova as nossas teorias, o que nos deixa com um nó na tripa e aquela dor no baixo ventre.

No dia 30 de Junho de 2010, escrevia, num "Aviso à Navegação", que o Turismo era muito mais do que uma simples atividade económica e interessava a todos, a propósito daquele que considerei ser um importante registo deixado por um dos açorianos que, ao longo dos tempos, mais se entregou a esta causa, quando, numa mensagem perfeitamente atual, afirmava que "precisamos de ser mais criativos (no Turismo)".

Neste momento muito particular da minha carreira profissional, sinto uma (particular também) grande responsabilidade que me impele em direção ao futuro e que me obriga a honrar todos aqueles com quem contracenei e tiveram um papel importante no aludido percurso, pelo exemplo que deram, pelo entusiasmo com que lutaram por aquilo em que acreditavam, pela ajuda e amizade que me dispensaram e pela confiança que sempre em mim depositaram.



Encontro-me, assim, genufletido perante todos aqueles (grandes vultos para mim) que foram importantes nesta minha caminhada e importantes na formação do meu caráter, a aguardar pela sua bênção para a minha próxima missão.

segunda-feira, setembro 14

R.I.P. AJS

Este não é um elogio fúnebre. Este será, antes de qualquer outra coisa, um desabafo que não almejava fazer, mas algo ao qual estou condenado, talvez pelo respeito aos meus princípios edificadores.

No fundo, em mim, há uma descomunal necessidade de partilhar, com tantos quantos lerem esta apologia e não o tenham conhecido, a imagem de um homem (um vulto para mim) que assenta na absoluta naturalidade com que relativizava todas as situações e encaixava todos os desabafos. Um homem que marcou uma inteira geração de profissionais do turismo nos Açores também com a sua imensa capacidade de perdoar, mesmo a todos aqueles que se possam sentir agora magoados com a sua súbita partida.

Em tempos não muito distantes, ouvia um amigo dizer, com muita graça e algum respeito, que tinha sido colega de Fernando Pessoa na McCann. Pois, para mim, ter sido colega de António José Silva não foi menos importante. E, na mesma época, poder partilhar com ele as suas conquistas e ser brindado com o seu sorriso triunfante, foi sempre um acontecimento de rara beleza pelo qual lhe estou desmedidamente grato.


Hoje, o tempo pode não ser de infinita majestade e paz, mas eu continuo a sentir-me, como diz o poeta persa Ferdowsi Tusi no “Livro dos Reis ”, como pó na garra do leão.


terça-feira, junho 23

I Dont Belong Here


A etapa final da peça "I Dont Belong Here" acontece nos Açores a 27 e 28 de junho no Arquipélago - Centro De Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, e a 4 de julho no Auditorio do Ramo Grande, na Praia da Vitória.

'I Dont Belong Here' é uma coprodução do Teatro Micaelense no âmbito da rede 5 Sentidos com o patrocínio da AMI - Assistência Médica Internacional e do Governo dos Açores através da Direção Regional das Comunidades e da Direção Regional da Cultura.

Os bilhetes estão à venda no Arquipélago (ACAC) e no Teatro Micaelense.

quinta-feira, abril 9

O sectarismo que liquida a memória

Saldanha Sanches foi meu professor. Guardo dele a imagem de um homem livre e desassombrado, independente e de uma integridade de carácter inquebrantável. A sua biografia fala por si. Um professor culto, com sentido pedagógico, que não faltava às aulas, nem a qualquer das suas obrigações lectivas. Usava gravatas roxas com calças verde cana e achava que estava bem. Marimbava-se para estas coisas do “parecer bem”.
Fez-me oral de Direito Fiscal e, a páginas tantas, perguntou-me o que achava que ia acontecer depois do Estado Social. Respondi-lhe que depois do Estado Social era o “estado a que nós chegamos”. Ele fartou-se de rir e, depois de enxugar as lágrimas, olhou para os papéis e balbuciou um “fez a sua oral”. Subiu-me um ponto na nota que eu trazia.
Pois é deste homem que se serve João Taborda da Gama, em artigo publicado hoje no Diário de Notícias, para atacar gratuitamente Sampaio da Nóvoa. O argumento básico e cabotino é que Nóvoa, enquanto presidente do júri que reprovou Saldanha Sanches nas provas de agregação na Faculdade de Direito de Lisboa, teria tido falta de coragem para evitar este desenlace.
Vamos a factos, então. Nóvoa presidiu a esse júri, porque era então o Reitor da Universidade de Lisboa. Não participou na votação, nem podia participar, por não ser da área em questão. Como presidente, dispunha de voto de qualidade (ou de voto de Minerva, como preferem dizer alguns académicos), se esse voto fosse necessário em caso de empate. Acontece que o candidato foi reprovado por seis votos contra três.
A reprovação de Saldanha Sanches foi de uma enorme injustiça. Muitos dos seus pares afirmaram esta injustiça no meio académico e fora dele. Mas esta injustiça só se deveu à elite professoral da Faculdade de Direito de Lisboa, que sempre conviveu mal com certas liberdades e nunca lhe perdoou certas acções, em certos momentos históricos. Esta injustiça não pode ser imputada ao então Reitor. Facto dolosamente omitido e que não interessaria (até porque não se sabe como terá votado ao certo) – não fosse a intenção do argumento do articulista – é que Marcelo Rebelo de Sousa, também presidenciável, fazia parte do júri e era da área.
Não sei se apoio a candidatura de Sampaio da Nóvoa, nem sequer é isto que interessa. Mas não se liquida a memória de ninguém a pretexto de um sectarismo escroque e desonesto.