Toda a minha geração se encontra no auge das suas vidas. Diz-se de quem está na casa, ou quase a lá chegar.
Nós somos todos energia. Nós somos todos experiência. Nós somos todos conhecimento, prontos a sermos postos à prova, no entanto, a frustração é o que mais nos marca neste momento de grande dificuldade (grande? Nós, se calhar, nem sabemos bem ao certo o que é a dificuldade mas, enfim).
Todos os que hoje barram os caminhos para a realização plena desta geração já quiseram mudar o mundo e, hoje, corporizam as razões pelas quais tiveram tal vontade. Será isto triste? Será isto anormal? Poderemos nós questionar se tais comportamentos são infra-humanos e se pretendem impedir que outros logrem o que uns não conseguiram?
Ontem posso ter renascido. Foi giro ver que, afinal, não sou o único (e não tem nada a haver com o olhar o céu dos Xutos). Bem sei que não podemos ambicionar sê-lo sozinho mas, de qualquer forma, foi bom perceber que há mais alguém preocupado com o contributo que a nossa geração devia estar a dar para o legado que devíamos deixar aos nossos descendentes, nesta época de forte influência globalizante do Mundo, no qual os senhores - já não da guerra mas sim da economia – nos impingem outras idiossincrasias que não as da nossa identitária existência.
Não me julguem mal mas, desisti de quase tudo em mim que envolve a contribuição de outros para que se torne pleno. Porquê? Perguntarão aqueles mais curiosos. Simplesmente, direi eu, pelo facto de procurar julgar. Deixei, contudo, de ser romântico e passei a fiar só aos meus pensamentos. Tinha tanta certeza que só eu estava certo e que todos os restantes radicavam no erro que não tinham coragem de assumir. É que, nenhum desenvolvimento sustentável se constrói em pressupostos absolutistas, credores de fiéis seguidores.
Ontem, não fui eu quem falou. Ontem não fui eu quem procurou contagiar mais alguém (até porque já me cansei de o tentar fazer sem que, na realidade, isso se traduza numa mudança de paradigma). Ontem, escutei alguém da minha idade preocupado com a (re)ge(ne)ração dos intervenientes. Ontem, ouvi atentamente as preocupações de alguém movido pela necessidade de estruturação e planificação das nossas vidas e do nosso futuro (se é que, aqui nos Açores, o podemos ambicionar). Ontem, algo de transcendente se deve ter operado em mim, pois, percebi que, também no meu físico, sou composto por uma direita e uma esquerda que me permitem caminhar em frente, embora nem sempre seguro, por acreditar que tal constatação não será suficiente para ofuscar o medo que habitualmente sentimos quando nos propomos arrasar com a concorrência, ou chegar à Lua.
De repente, percebi que toda esta alegria, toda esta excitação eram altamente voláteis, pois, a questão mantém.se: que porra posso eu fazer sozinho para convencer as pessoas a afinarem pelo mesmo diapasão? Será isto possível? Será isto desejável?
Como me parece que na mesma bitola não devem caber todos os verbos e os respectivos tempos, afigura-se necessário e, até mesmo, importante começarmos a procurar encontrar soluções de compromisso entre as várias áreas de actuação, para se procurar mitigar os erros de um passado mais ou menos recente e que não vale a pena procurar escamotear. Mais vale – digo eu, sem sequer bater no peito – corrigir a rota, também no Turismo.
Obrigado sou ao meu amigo que me fez ver que há mais alguém que, da nossa geração, parece poder começar estar em “ponto de estrada” que nada tem a haver com as SCUT que, não tarda, passarão à história.
7 comentários:
Caro Carlos Rodrigues
Compreendo completamente a frustração de quem está na geração das 4 décadas, e ainda por cima mora numas ilhas "perdidas" no meio do Atlântico...
Ninguém escolhe quando e onde nascer, mas diria ironicamente que nos anos "setenta" é que não...
Sempre ouvi e nunca me convenci que lutar contra a lógica das gerações era perda de tempo, uma geração seria(segundo estes)imbuída da mudança e a imediatamente seguinte seria de retrocesso e conservadora, (a seguir tudo se alterava em ciclo idêntico)...
A custo tentei sempre não alinhar neste diapasão e considerar(não obstante a força de certas realidades)que a vontade das pessoas e a contradição das injustiças, seriam sempre a principal mola que faria as sociedades tentarem cortar com as lógicas passadas e mecânicas.
Nem sempre é fácil se manter fiel a estas ideias, quando os lugares se cristalizam por força de ideias tão fortes como as da tradição, da religião, ou do atraso económico e social.
Os Açores apesar da sua inquietude histórica, e dos seus vultos humanos, ficou sempre marginalizada pela, falta de autonomia, económica e politica e a suas dificuldades geográficas e físico meteorológicas, fizeram com que o seu Povo se fecha-se no misticismo numa cultura de submissão e de resistência sobrevivente, quando ao longo da História tentou quebrar barreiras a repressão levou a melhor e remeteu os Açorianos a uma espera descontente.
Com o 25 de Abril, a sociedade agigantou-se e as forças sociais e económicas se lançaram num assumir de posições.
Enquanto se manteve o animo e a vontade, vieram as mudanças, desde logo a autonomia.
Como as classes dominantes não podiam admitir que o Povo se chega-se à governação, começaram a substituir o Povo nas tarefas de poder, por lhes comprar com "rebuçados" e agora são os poderosos Nacionais, mas principalmente Internacionais a acabar com a "festa" e tentar voltar a servidão.
Todos e inclusivamente os intelectuais quer sejam de quarenta anos ou não têm que ser chamados para inverter este ciclo, a bem duma sociedade Açoriana mais justa e equilibradamente desenvolvida.
Açor
Caro Carlos Rodrigues
Ficou por dizer que o Post, tal como o anterior da Liza é uma pedra no charco, dumas certas "águas estagnadas" que se formou no Ilhas nos últimos tempos, como é uma resposta à sociedade Açoriana, demasiado inebriada(até aqui)por um consumismo inusitado e por níveis de rendimento da média burguesia(sobretudo daquela, paredes meias com o poder Politico).
O Poder politico, quer o PSD, quer o PS, navegou por mares(nem sempre calmos) muitas vezes desligados, da realidade e do interesse da região,onde nem sempre a gestão da coisa pública foi orientada pelo saber fazer, nem pela salvaguarda do interesse público e não poucas vezes foram interesses mesquinhos e individuais que nortearam a sua governação, quase sempre à boleia de erradas orientação dos seus partidos em Portugal.
Parabéns, só não pensa sobre eles quem não quiser!
Açor
As lamentações não levam a nada.
A gerção dos 40 ainda não está devidamente descontaminada da carga ideológica abrilina que levou este país à ruína.
Ainda não é desta.
Mas outras gerações virão.
O que se precisa é de gente séria e competente no que faz, para implodir com a mediocridade que sórdimente arrigementa a "marginalidade" que nos dirige.
A politica não pode ser alforge de mediocres, gente que nem capacidade teve para tirar um curso.
Não pode ser estaleiro de fala baratos, de discursos inconsequentes e sem qualquer utilidade.
Querem exemplos?
Só um. Os debates que uma estação de rádio faz com gente politiqueira, aos sábados, onde se fala....fala....fala.... sem acrescentar nada, rigorosamente nada, aquilo que se já se sabe e à nossa felicidade.
Caro Anónimo
Que carga ideológica "Abrilina" é esta?
Será a do Passos Coelho?
A ruína será só culpa dos Portugueses?
Esta ruína que diz(julgo que as contas públicas desequilibradas)nem são a única razão da nossa "desgraça", nem é exclusiva do período pós vinte cinco de Abril.diria até que não existem comportas que separem os períodos históricos de forma que se possa com certeza dizer que o mal é dum período determinado.
De gente dita séria está não só o inferno cheio, como na actualidade serão os maiores responsáveis dos nossos males, alguns exemplos, Sócrates,Cavaco Silva, Dias Loureiro, Natalino Viveiros,Sampaio, Passos Coelho,Mira Amaral,Coelho,Isaltino,Duarte Lima etc,etc.
O que verdadeiramente necessitamos é que o Povo não se aliene passando para os outros a resolução dos seus problemas.
Açor
Caro Açor
Quando refiro a contaminação abrilina, estou a falar de uma certa forma irresponsável de estar na vida, assente no laxismo, que nos levou à ruina.
À ruína como povo.
Um povo deUma terra onde só a mediocridade procura a politica, porque esta se tornou num lodaçal, não tem futuro. Os dirigentes querem-se sérios, com provas de competencia dadas e com capacidade de liderar.
Um povo onde o seu governo seja uma entidade abstrata, que não é reconhecido como uma emanaçao da nossa escolha, tem os tempos contados.
Um povo que permite que aquilo mais precioso que tem, os seus jovens, andem sem rumo de vida, sem perspectivas de futuro, no alcool e sabe-se lá em que mais toda a noite até às 9 h da manhã, tem alguma perspectiva?
caro anónimo
Dito desta maneira, até posso estar de acordo.
Não podemos contudo esquecer que o problema do álcool já existia de forma mitigada(ou se quisermos era mais uma realidade das classes "ditas baixas")antes do 25 de Abril, todos sabemos o papel que tinham as tabernas, onde o Povo humilde afogava as mágoas no vinho e na agua ardente...
É pena é que o 25 de Abril se tivesse transformado rapidamente num capitalismo desenfreado e que olhou só ao lucro e não aos princípios.
Seja como for era inevitável esta explosão face ao atraso e ás limitações ao Capital expansionista, para além disso o 25 de Abril surge num período de crise Internacional.
Penso que( embora inevitável) no tempo referido havia que fazer muito mais(nomeadamente nos Açores) e isto passava por criar empregos que não fossem exclusivamente a panaceia do turismo(que quando é desacompanhada de outras actividades) pode ser mais um problema do que a solução procurada.
Tenho já escrito que não basta a autonomia se ela não for diferente do que era no tempo anterior a esta.
serão pessoas como o digníssimo anónimo que em conjunto ou isoladamente poderá ajudar a transformar a situação.
Para terminar resta-me dizer que falta compreender que num Universo fechado como o é os Açores, há que ter redobrados cuidados pois todos os erros se revelam com muito mais sofrimento
no Universo fechado das Ilhas.
Saudações
Açor
Como isto está, os melhores de nós, desta geração, não vão querer contribuir para nenhuma estrada colectiva. Continuarão preocupados, eventualmente com pena, com a sua propria estrada. Claro que juízos e afirmações de tipo absoluto - p. Ex: "isto é tudo igual; querem é todos tacho", etc, etc, tão na moda - não ajudam a atrair pessoas com o mínimo de competência para a coisa publica. Pois se os poucos que a isso se abalançaram, com carreiras interessantes, são todos os dias trucidados na praça publica, muitas vezes de forma injusta?!
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