... da Direita à Esquerda do espectro político, com quotas ou sem elas.
... de todas as causas apolíticas e apartidárias.
... pelo ambiente, pelos animais.
... e pelos «insignificantes» misteres.
Enfim...
terça-feira, junho 30
Uma nova cultura de mobilidade
A propósito da discussão na Assembleia Regional sobre a proposta do PS para implementar o “passe social” no transporte colectivo rodoviário de passageiros, nos Açores, assistiu-se a uma tentativa de relativizar aquilo que na essência é uma medida simples mas cuja aplicação irá ter um impacto significativo junto de quem anda diariamente de autocarro e que dele depende para “laborar”.
Aníbal Pires fala de “desinformação”, na sua crónica n’ A União, e em plenário insinuou “desonestidade” do Grupo Parlamentar do PS - talvez por isso terá votado favoravelmente a proposta (!). O PSD - vazio de conteúdo - absteve-se arrogantemente, como lhes convém. Os restantes partidos votaram, naturalmente, a favor. A implementação desta medida será seguida atenta e persistentemente pelo PS, pugnando, em defesa dos açorianos, que dela dependem, para que seja uma realidade a curto prazo. E para que, como referiu, e bem, o presidente do governo, há poucos dias, se crie “uma nova cultura de mobilidade, particularmente nos ambientes urbanos, onde a circulação a pé, de bicicleta, em transportes colectivos, ou o uso de motorizada ou ciclomotor, devem constituir alternativas atractivas”.
Em ilhas como as nossas bastará que se dê primazia ao planeamento urbano, e se abandone a irracionalidade desenfreada da especulação imobiliária, prevalecendo, em muitas das novas edificações da malha urbana, um alheamento em apetrechá-las de uma ligação à rede de transportes públicos, em detrimento do uso “preferencial” pelo automóvel, evidenciando-se, desta forma, uma ausência de “integração” na urbe, com a formação de “guetos”.
Ponta Delgada é disso exemplo e evidencia um claro desajustamento no uso dos transportes públicos, a que nem os Minibus escapam, na medida em que são ineficientes na forma como foram promovidos, ou seja, como alternativa ao trânsito automóvel do centro histórico da cidade. O carro prevalece e as políticas recentes apontam no sentido contrário daquilo que seria desejável. As intenções da Agenda 21, na construção de um desenvolvimento sustentável para Ponta Delgada, consubstanciam um exercício de cosmética, numa cidade que se expande em formato “sobredimensionado” e pejado de automóveis. É um caso flagrante de “habilidade social”. Ponta Delgada merece Viver Melhor.
* Edição de 23/06/09 do AO
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segunda-feira, junho 29
SOS Costa Norte - Lagoa do Fogo
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"É certo que nos últimos anos o número de trilhos pedestres oficiais devidamente assinalados tem vindo a aumentar, contribuindo para a necessidade de responder a uma das principais procuras turísticas na nossa Região, o Turismo de Natureza. O movimento Cívico "SOS Costa Norte" iniciou a sua contestação contra a construção de um passadiço em madeira no interior da cratera da Lagoa do Fogo, e vem desta forma esclarecer os motivos pelo qual contesta esta obra.
1º A Lagoa do Fogo é um dos poucos lugares da Ilha de S.Miguel que ainda se pode considerar intacto, sem acção do homem. É uma zona extremamente sensível e virgem, é reserva Natural, Património Natural, reunindo todas estas condições graças ao facto de ser muito pouco frequentada.
2º A Lagoa do Fogo abastece várias ribeiras da nossa ilha e fornece água a localidades como a Ribeira Grande, Vila Franca do Campo, Lagoa, Ponta Delgada e Capelas.
Nestes termos, consideramos que promover percursos pedestres nesta Lagoa, só irá contribuir para o aumento do número de visitantes e isto, obivamente, trará consequências graves no que diz respeito à sua preservação. Lamento alguma falta de visão das pessoas que apoiam esta obra por não reconhecerem a gravidade da solução que pretendem ver executada.
Alegar que a construção deste passadiço é feita a pensar na segurança das pessoas e protecção das plantas é no mínimo absurdo. A zona em questão é precisamente a parte final do trilho que vem das Lombadas, um trilho difícil de percorrer. Esta parte final onde pretendem construir o passadiço, consiste em percorrer uma planície de cerca de 500m que não tem qualquer grau de dificuldade e o seu solo encontra-se seco durante o Verão. Em relação à protecção da vegetação do local, nós consideramos que o "caminho de cabras" existente no local é suficiente, é fácil de indetificar e de percorrer, desta forma, consideramos mal fundamentada a intenção de construir este percurso pedonal em madeira. O Percurso Lombadas/Lagoa do Fogo é pouco usado porque implica o tranporte das pessoas até às Lombadas e posteriormente a recolha das pessoas no miradouro da Lagoa do Fogo. Este percurso se for feito mediante a presença de um guia qualificado, o mesmo terá a responsabilidade de avisar as pessoas para não pisarem a vegetação endémica.
O verdadeiro motivo desta construção, tem a ver com a intenção da CMRG em juntar mais um trilho à sua lista de ofertas turísticas, mesmo que tenha de esquecer o grau de sensibilidade daquela Lagoa. Se não for construído este passadiço, o trilho não será homologado e, consequentemente, não irá constar na carta de trilhos Regionais. No nosso entender, é mais importante salvaguardar a Lagoa, nem que se tenha de esquecer o trilho em questão. No entanto já enviamos uma sugestão ao Sr. Director Regional do Ambiente que consiste em abrir um período de monitorização do Local, sinalizar todo o trilho com os postes habituais na zona sensível, traçar uma trajectória com os postes mais próximos uns dos outros ao longo do "caminho de cabras" e, no final, do período avaliar se houve ou não estragos avultados no trilho. Consideramos que, mesmo que alguma planta tenha sido pisada, terá tempo suficiente para recuperar durante o Inverno, visto ser um período com um número de visitantes quase nulo.
Colocamos em causa, a forma como foi deliberada esta solução. Questionamos a existência de estudo de impacto Ambiental e a consulta de especialistas. Condenamos o facto de se continuar a fazer as coisas sem debate público. Promover qualquer tipo de actividade na Lagoa do Fogo será o princípio do seu fim. Agradecemos que os responsáveis do Ambiente ponderem a hipótese de recorrer a outra alternativa que defenda mais a Lagoa do Fogo. O movimento "SOS Costa Norte" e a "Quercus Açores" estão disponíveis para discutir esta nova solução. "
Os melhores cumprimentos
SOS COSTA NORTE
Filipe Tavares
...
"É certo que nos últimos anos o número de trilhos pedestres oficiais devidamente assinalados tem vindo a aumentar, contribuindo para a necessidade de responder a uma das principais procuras turísticas na nossa Região, o Turismo de Natureza. O movimento Cívico "SOS Costa Norte" iniciou a sua contestação contra a construção de um passadiço em madeira no interior da cratera da Lagoa do Fogo, e vem desta forma esclarecer os motivos pelo qual contesta esta obra.
1º A Lagoa do Fogo é um dos poucos lugares da Ilha de S.Miguel que ainda se pode considerar intacto, sem acção do homem. É uma zona extremamente sensível e virgem, é reserva Natural, Património Natural, reunindo todas estas condições graças ao facto de ser muito pouco frequentada.
2º A Lagoa do Fogo abastece várias ribeiras da nossa ilha e fornece água a localidades como a Ribeira Grande, Vila Franca do Campo, Lagoa, Ponta Delgada e Capelas.
Nestes termos, consideramos que promover percursos pedestres nesta Lagoa, só irá contribuir para o aumento do número de visitantes e isto, obivamente, trará consequências graves no que diz respeito à sua preservação. Lamento alguma falta de visão das pessoas que apoiam esta obra por não reconhecerem a gravidade da solução que pretendem ver executada.
Alegar que a construção deste passadiço é feita a pensar na segurança das pessoas e protecção das plantas é no mínimo absurdo. A zona em questão é precisamente a parte final do trilho que vem das Lombadas, um trilho difícil de percorrer. Esta parte final onde pretendem construir o passadiço, consiste em percorrer uma planície de cerca de 500m que não tem qualquer grau de dificuldade e o seu solo encontra-se seco durante o Verão. Em relação à protecção da vegetação do local, nós consideramos que o "caminho de cabras" existente no local é suficiente, é fácil de indetificar e de percorrer, desta forma, consideramos mal fundamentada a intenção de construir este percurso pedonal em madeira. O Percurso Lombadas/Lagoa do Fogo é pouco usado porque implica o tranporte das pessoas até às Lombadas e posteriormente a recolha das pessoas no miradouro da Lagoa do Fogo. Este percurso se for feito mediante a presença de um guia qualificado, o mesmo terá a responsabilidade de avisar as pessoas para não pisarem a vegetação endémica.
O verdadeiro motivo desta construção, tem a ver com a intenção da CMRG em juntar mais um trilho à sua lista de ofertas turísticas, mesmo que tenha de esquecer o grau de sensibilidade daquela Lagoa. Se não for construído este passadiço, o trilho não será homologado e, consequentemente, não irá constar na carta de trilhos Regionais. No nosso entender, é mais importante salvaguardar a Lagoa, nem que se tenha de esquecer o trilho em questão. No entanto já enviamos uma sugestão ao Sr. Director Regional do Ambiente que consiste em abrir um período de monitorização do Local, sinalizar todo o trilho com os postes habituais na zona sensível, traçar uma trajectória com os postes mais próximos uns dos outros ao longo do "caminho de cabras" e, no final, do período avaliar se houve ou não estragos avultados no trilho. Consideramos que, mesmo que alguma planta tenha sido pisada, terá tempo suficiente para recuperar durante o Inverno, visto ser um período com um número de visitantes quase nulo.
Colocamos em causa, a forma como foi deliberada esta solução. Questionamos a existência de estudo de impacto Ambiental e a consulta de especialistas. Condenamos o facto de se continuar a fazer as coisas sem debate público. Promover qualquer tipo de actividade na Lagoa do Fogo será o princípio do seu fim. Agradecemos que os responsáveis do Ambiente ponderem a hipótese de recorrer a outra alternativa que defenda mais a Lagoa do Fogo. O movimento "SOS Costa Norte" e a "Quercus Açores" estão disponíveis para discutir esta nova solução. "
Os melhores cumprimentos
SOS COSTA NORTE
Filipe Tavares
domingo, junho 28
Movimento Pró-Voto
O debate contará com a presença do Dr. André Bradford, Prof. Doutor Carlos Amaral, Dr. Carlos Ribeiro, Dra. Zuraida Soares, Dr. Manuel Bolieiro e Dr. José Lourenço, Dr Pedro Medina e Prof. Doutor Luís Andrade. No final das intervenções, haverá lugar a um espaço para auscultar as outras opiniões/apreciações dos demais presentes lançando o debate.
sábado, junho 27
sexta-feira, junho 26
A Colmeia Grill - 26 / 27 / 28 Junho
Menu
. Torrinha com Pâté e Doce de amora
. Pão d' Alho
. Fava Rica
. Polvo com favinhas e chouriço
. Chicharro Recheado
. Camarão crocante com semente de sésamo e coulis de maracujá
. Atum em crosta de pimentas e molho teryiaki
. Gambas com azeite extra e alho
. Croquete
. Salsicha grelhada
. Carpaccio Novilho sobre torrinha
. Tiras de frango ao caril, com chutney de manga
. Iscas de Figado
. Asinhas grelhadas
. Costeletinhas de porco crocantes em vinha d’alho
. Salada de Frutas
. Gelado
. Bolo chocolate
Uma sugestão para este fim-de-semana que se quer menos invernoso.
Beat it
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Quincy Jones produziu para Michael Jackson o álbum "Thriller" (1982), o mais vendido da história da música, e o melhor de Wacko Jacko. De uma colheita da mais iconográfica pop aqui deixo a minha favorita. Beat It !
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Quincy Jones produziu para Michael Jackson o álbum "Thriller" (1982), o mais vendido da história da música, e o melhor de Wacko Jacko. De uma colheita da mais iconográfica pop aqui deixo a minha favorita. Beat It !
quinta-feira, junho 25
quarta-feira, junho 24
Obrigatório ? Não Obrigado
...
"O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição". Este princípio estruturante da República Portuguesa consta do artigo 10 da Lei Fundamental e é complementado com a nota do número 2 do artigo 49 afirmando que "o exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever cívico.". Consequentemente, o voto, seja em que circunstância for, é um dever cívico e nunca um dever jurídico, pelo que, "se tenha de considerar a imposição legal do voto obrigatório como viciada de inconstitucionalidade.". Quem o afirmava, com a legitimidade qualificada de uma cátedra, era o Professor Gomes Canotilho. O Povo dá pois por assente que o direito de votar pressupõe o princípio da liberdade de voto e, claro está, da liberdade de não votar! Ensinava em tempos o ilustre Constitucionalista que "o princípio da liberdade de voto significa garantir ao eleitor um voto formado sem qualquer coacção exterior física ou psicológica. Deste princípio da liberdade de voto deriva a doutrina da ilegitimidade da imposição legal do voto obrigatório. A liberdade de voto abrange, assim, o se e o como: a liberdade de votar ou não votar e a liberdade no votar. Desta forma, qualquer que seja a fundamentação – o direito de voto como direito de liberdade, o direito de voto como direito subjectivo –, o direito de voto livre é mais extenso que a protecção do voto livre. Daí que, na falta de preceito constitucional a admitir o voto como um dever fundamental obrigatório, se tenha de considerar a imposição legal do voto obrigatório como inconstitucional". Cremos que não terá mudado de opinião como tantos outros pela conveniência das circunstâncias. Mas, como nos recorda Jaime Nogueira Pinto, "em técnica constitucional tudo é possível e tudo pode escassear numa sociedade, menos juristas, constitucionalistas e intelectuais, para justificar ou escrever as memórias justificativas das novas ordens e dos novíssimos príncipes". Consequentemente, não causa espanto que apesar do princípio da liberdade de voto, aceite como adquirido Constitucional, se advogue, em retrocesso, o voto obrigatório. A razão não é jurídica mas sim política pois, ora se defende que há "falta de sentido de responsabilidade" dos cidadãos, ora se sustenta que é estúpida a atitude daqueles que optaram pela abstenção que, como se sabe, foi também uma censura ao PS e ao regime que tem vindo a alimentar. Se aceitarmos que é estúpido que os outros decidam sobre as questões comunitárias, só porque o resultado eleitoral não agrada à classe possidente do regime, não tarda e teremos a imposição do voto obrigatório que é tão ilegítima como a imposição do sufrágio restrito, designadamente, para os cidadãos que por "estupidez" não preencham os requisitos de capacidade eleitoral. Não queremos ir por aí e regressar a um modelo de Constitucionalismo autoritário próprio da Constituição de 1933 que é, como se sabe, a única que foi votada de modo plebiscitário. Essa é a via de um modelo autocrático e de veneração ao "dux" com o consequente desprezo pelo liberalismo, bem como pelo parlamentarismo e o partidarismo. Em suma: uma deriva pelo poder musculado do chefe do governo sob a máxima: "Tudo pelo Líder, nada contra o Líder". Contribuir para esse modelo com o voto obrigatório? Não Obrigado.
...
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
"O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição". Este princípio estruturante da República Portuguesa consta do artigo 10 da Lei Fundamental e é complementado com a nota do número 2 do artigo 49 afirmando que "o exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever cívico.". Consequentemente, o voto, seja em que circunstância for, é um dever cívico e nunca um dever jurídico, pelo que, "se tenha de considerar a imposição legal do voto obrigatório como viciada de inconstitucionalidade.". Quem o afirmava, com a legitimidade qualificada de uma cátedra, era o Professor Gomes Canotilho. O Povo dá pois por assente que o direito de votar pressupõe o princípio da liberdade de voto e, claro está, da liberdade de não votar! Ensinava em tempos o ilustre Constitucionalista que "o princípio da liberdade de voto significa garantir ao eleitor um voto formado sem qualquer coacção exterior física ou psicológica. Deste princípio da liberdade de voto deriva a doutrina da ilegitimidade da imposição legal do voto obrigatório. A liberdade de voto abrange, assim, o se e o como: a liberdade de votar ou não votar e a liberdade no votar. Desta forma, qualquer que seja a fundamentação – o direito de voto como direito de liberdade, o direito de voto como direito subjectivo –, o direito de voto livre é mais extenso que a protecção do voto livre. Daí que, na falta de preceito constitucional a admitir o voto como um dever fundamental obrigatório, se tenha de considerar a imposição legal do voto obrigatório como inconstitucional". Cremos que não terá mudado de opinião como tantos outros pela conveniência das circunstâncias. Mas, como nos recorda Jaime Nogueira Pinto, "em técnica constitucional tudo é possível e tudo pode escassear numa sociedade, menos juristas, constitucionalistas e intelectuais, para justificar ou escrever as memórias justificativas das novas ordens e dos novíssimos príncipes". Consequentemente, não causa espanto que apesar do princípio da liberdade de voto, aceite como adquirido Constitucional, se advogue, em retrocesso, o voto obrigatório. A razão não é jurídica mas sim política pois, ora se defende que há "falta de sentido de responsabilidade" dos cidadãos, ora se sustenta que é estúpida a atitude daqueles que optaram pela abstenção que, como se sabe, foi também uma censura ao PS e ao regime que tem vindo a alimentar. Se aceitarmos que é estúpido que os outros decidam sobre as questões comunitárias, só porque o resultado eleitoral não agrada à classe possidente do regime, não tarda e teremos a imposição do voto obrigatório que é tão ilegítima como a imposição do sufrágio restrito, designadamente, para os cidadãos que por "estupidez" não preencham os requisitos de capacidade eleitoral. Não queremos ir por aí e regressar a um modelo de Constitucionalismo autoritário próprio da Constituição de 1933 que é, como se sabe, a única que foi votada de modo plebiscitário. Essa é a via de um modelo autocrático e de veneração ao "dux" com o consequente desprezo pelo liberalismo, bem como pelo parlamentarismo e o partidarismo. Em suma: uma deriva pelo poder musculado do chefe do governo sob a máxima: "Tudo pelo Líder, nada contra o Líder". Contribuir para esse modelo com o voto obrigatório? Não Obrigado.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
Musicatlântico
Oleg Marshev é considerado um dos melhores pianistas da actualidade e toca, no âmbito da Temporada MusicAtlantico 2009, em Ponta Delgada, hoje, 24 de Junho, no Teatro Micaelense e em Angra do Heroísmo, amanhã, 25 de Junho, no Palácio dos Capitães Generais. Nesta digressão pelos Açores interpretará obras emblemáticas de Brahms, Chopin e Mussorgsky. Ambos os recitais são às 21h30.
terça-feira, junho 23
segunda-feira, junho 22
domingo, junho 21
European Music Day
sábado, junho 20
sexta-feira, junho 19
Aviso à navegação
Como forma de esclarecimento a todos os utilizadores cabe-nos informar que a moderação de comentários foi activada no :ILHAS. A mesma está sujeita à disponibilidade geo-temporal do moderador residente pelo que a sua visualização, em caso de aprovação, não é imediata. Pedimos a vossa compreeensão por eventuais atrasos na sua publicação.
free speech
Asilhasestão,porestesdias,transformadasnumaenormepanelade
pressãoque,seamaltanãoseapressaafolgar-lhesopivot,explodema
qualquermomento.Sãomaisquemuitosossinaise,noentanto,serão
tãopoucasaspessoasque,porventura,jáseterãoapercebidodisso.
quinta-feira, junho 18
A cornucópia
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Numa Autonomia viciada na cumplicidade colaboracionista, por via da dependência do subsídio, toda e qualquer sorte de expedientes têm florescido. Recentemente alega-se que se fez uso privado de dinheiros públicos para subsidiar a aquisição de embarcações de recreio que, no papel, seriam destinadas a projectos na área marítimo-turística porém, nos mares que circundam esta Autonomia, navegaram apenas para recreio e lazer particular dos skippers de ocasião, mas com "bateau" adquirido através de comparticipação do Governo Regional. O pretexto e o fundamento é sempre o mesmo: o Turismo! Esse dogma da Autonomia de César que tem servido para uma cornucópia - (a expressão é de Vital Moreira em matéria de qualificação de despesas insulares) - de apoios em €uros que têm caucionado e fidelizado os seus beneficiários. Estes são também parte da urdidura da rede que suporta o PS no poder. Este desvio de fundos públicos, afectos a fins empresariais, que acabam tendo uso pessoal, não é novidade. No caso dos iates, e das lanchazinhas que servem de brinquedo privado com subsídios públicos, julga-se até que as "irregularidades" eram de conhecimento corrente das agremiações dos desportos náuticos! Alegadamente as autoridades foram as últimas a saber. A lógica é, contudo, a da subsídiodependência que viabiliza actividades, e até caprichos, que não seriam sustentáveis por quem quer realizar os seus projectos pessoais, mas que com financiamento a fundo perdido pago por todos nós se tornam em sonhos tornados em realidade. Este modus operandi não é original e o destino Açores, com ou sem hortênsias, mais o endeusamento do Turismo, têm pago desde os barcos de recreio até ao recreio do grand tour de algumas aventuras subsidiadas em milhares de €uros a fundo perdido. Mas, não só no mar se navega nestas águas turvas, cujas rotas são bem conhecidas dos profissionais do subsídio. Também em terra a cornucópia parece não ter fim e é sempre moldada no mesmo desígnio da promoção do Turismo. Efectivamente, por essas nove ilhas não faltarão exemplos de luxuosos imóveis construídos ou reconstruídos por particulares, e co-financiados pelo Governo Regional, com o fundamento de terem interesse turístico, o que é até certificado em declaração passada para o efeito. Nesses solarengos imóveis, certificados com declaração de interesse turístico, quantos hóspedes já beneficiaram dos respectivos serviços? Não sabemos, mas o certo é que no projecto estão afectos a turismo de habitação, ou de espaço rural, para imediato benefício de quem lá vive indo ao cúmulo de, pelos valorosos serviços prestados à causa do Turismo, serem agraciados com isenções fiscais, designadamente, a do I.M.I. Daqui em diante os exemplos sucedem-se numa sociedade agarrada à subvenção, que vai desde o particular até aos grupos empresariais. Não é verdade que a mesma cornucópia alimentou a concessão do jogo a troco da construção de unidades de acomodação turística com um excepcional regime de benefícios e isenções fiscais? Como se vê a cornucópia existe, mas apenas para benefício de alguns usuários privados da coisa pública.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.
quarta-feira, junho 17
Foi um enorme gosto
Fui um intermitente, abusivo e indigno colaborador deste blogue durante algum tempo. Senti que me acolheram como se fosse um dos que o fundaram, mas nunca fui capaz de retribuir essa atenção e confiança com trabalho e dedicação. Estive por aqui. Agora vou deixar de estar.
Penso que o :Ilhas sem os seus fundadores não faz sentido. Penso que o :Ilhas merece ficar preservado na memória dos seus autores e dos seus leitores como sendo um produto de marca registada, o melhor blogue colectivo que os Açores já tiveram.
Por isso, vou, como já fui muitas vezes, e não sei se volto à blogosfera. Provavelmente não. Obrigado.
Penso que o :Ilhas sem os seus fundadores não faz sentido. Penso que o :Ilhas merece ficar preservado na memória dos seus autores e dos seus leitores como sendo um produto de marca registada, o melhor blogue colectivo que os Açores já tiveram.
Por isso, vou, como já fui muitas vezes, e não sei se volto à blogosfera. Provavelmente não. Obrigado.
e, porque de elevação se deve tratar...
O Grupo Johann Sebastian Bach realiza, no âmbito do Festival Sol Maior (Programa de Descentralização Cultural da Câmara Municipal de Ponta Delgada), um Concerto de Homenagem a Joseh Haydn (1732-1809), ícone da música erudita do período clássico, por ocasião dos 200 anos da morte deste compositor, sendo interpretado o Stabat Mater.
O concerto irá decorrer no dia 19 de Junho de 2009, pelas 21h00, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Lagedo.
O concerto irá decorrer no dia 19 de Junho de 2009, pelas 21h00, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Lagedo.
Sob a direcção de Cristiana Spadaro estarão o Coro Johann Sebastian Bach, a Orquestra de Câmara de Ponta Delgada e os solistas Carla Caramujo (soprano), Joana Nascimento (mezzo-soprano), Fernando Guimarães (tenor) e João Merino (baixo).
Ah! É verdade...
No mesmo dia e depois do referido concerto, será lançado o livro evocativo da inauguração do já referido templo religioso.
O livro reúne uma compilação de documentos diversos, publicados na imprensa e noutras publicações desde o lançamento da primeira pedra da igreja, no Bairro da vitória, descrito num artigo com data de Dezembro de 1954, no jornal Diário dos Açores.
foto daqui
terça-feira, junho 16
Em trânsito
Estou em trânsito e migração para a outra margem. Até breve !
"No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas cobriram o abismo e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das `águas. Deus disse: "Faça-se a luz". Nesse momento, Lisboa emergiu"
no Passaporte Maria Filomena Mónica
"No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas cobriram o abismo e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das `águas. Deus disse: "Faça-se a luz". Nesse momento, Lisboa emergiu"
no Passaporte Maria Filomena Mónica
Diário de um espectador
Por estes dias no :ILHAS visto a pele de espectador à semelhança do que Nanni Moretti faz em Chacun son Cinéma (s/ legendas em Português).
segunda-feira, junho 15
Outras mudanças em curso
Shots fired as more than 100,000 Iranians defy march banParafraseando o Rui Tavares: «Vá lá que não houve nenhum contratação milionária no futebol nas últimas horas ou nem saberíamos que o Irão sequer existe». E assim vai o Mundo...
domingo, junho 14
In Memoriam
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Não o conheci mas venerava a sua face como cronista do advento deste novo milénio. Não me revia no espelho das palavras que escrevia. Mas senti-as sempre, e bisava a sua leitura, pois a primeira impressão do que lá estava infectava-me a alma com a saudável inquietação da reflexão sobre as epístolas semanais que Armando Medeiros publicava no Expresso das Nove. Foi um dos melhores colaboradores do Jornal. A idade nunca foi um pretexto para transigir com os poderes instituídos deste ou do outro mundo. Nunca perdeu a chama e a pulsão de uma juventude que ambiciona um outro mundo mais justo e mais civilizado. Espero que tenha encontrado esse lugar e se ele existe estará por certo justamente "na mão de Deus, na sua mão direita." Neste Domingo, em que recordamos o 7º dia do seu desaparecimento, recordo também Antero de Quental e com as suas palavras rezo: "Dorme na mão de Deus eternamente" saudoso Prof. Armando Medeiros. Em memória do mesmo aqui fica, no registo lapidar do ilhas, uma das suas melhores crónicas publicada no passado dia 18 de Abril no Expresso das Nove.
...
"Santo Cristo Recuso-me, por sistema, a falar do Santo Cristo do Convento da Esperança. Sou micaelense demais, acho eu. Cresci com Ele e a ouvir falarem-me d'Ele, até ser levado a pensar que Deus era uma coisa, Cristo uma outra, e o Espírito Santo uma terceira, cada um deles com os seus seguidores e os seus fanáticos como outros tantos clubes de futebol. Milagres, nunca me deixei perder nem achar por eles. Tive uma avó abençoada com a verdade cristalina das crenças que valem, realmente, a pena, a qual me ensinou que somos nós próprios que os fazemos acontecer, porque não há, em nenhum deles, truques de magia nem fadas madrinhas trocadas por santas. "Cair não é pecado", dizia-me ela. "Pecado é uma pessoa deixar-se ficar no chão". E, pela minha vida adiante, foram precisos milagres para me levantar dos fundos incalculáveis em que caí por mais de uma vez. Obrei-os eu, os milagres, com a lembrança de minha avó. Também com a ajuda de Deus? É Capaz. "Mas olha que Ele, por si, não faz outra coisa senão lembrar-te que te deu o poder de fazer milagres".
Não sei, portanto, se sou Cristão. Acredito num homem que se afirmou o Cristo, o Messias, e que foi coerente consigo e com tudo o que pregava até ao último momento, o sangue derradeiro, a agonia final. Admiro-o por isso. Era filho de Deus? Decerto. Como aqueles que o ouviram, negaram, seguiram, bajularam, traíram e pregaram numa cruz por razões meramente políticas, capazes, já nessa altura e ainda hoje, de uma perversidade irracional e peçonhenta. Foi o próprio Deus, encarnado, que crucificaram? Não sei. Se é verdade, como apregoam os padres, que continua a fazer cada um e cada qual a pagar juros pelo que lhe fizeram, não, não era Deus. E, a mim, sinceramente, que me interessa que não fosse? Existiu, deu a cara, entregou o corpo, mudou o rumo das coisas no mundo inteiro. Que diferença faz aquilo que mais tenha sido?
Nem sei se sou Católico. Só conheço ódio, malvadez, inveja, vinda dos Católicos. Não sei de mais nada que cobardia e comodismo dos que se dizem Católicos não praticantes. Não leio senão horrores, intolerâncias, crimes, intrigas e mentiras da Igreja Católica. Nenhum dos seus vigários, e muito menos o Papa, me dá conta de fazer, exactamente, aquilo que o Cristo, que eles querem que seja Deus, rogou, pregou, implorou que se não fizesse. Onde entram os ouros do Vaticano e o tesouro do Santo Cristo na pregação de humildade do homem que, a ter sido Deus, podia ter tido quanto quisesse? Que Divindade católica, e não cristã, é essa que se deixa subornar pela autoflagelação, por promessas inconcebíveis de cumprir, por ofertas em numerário e capas bordadas a madrepérola e a safiras? Que bispo é esse que, não contente com a Diocese ter proibido, em 1976, a exibição de uma média metragem que produzi e dirigi para a RTP-Açores sobre as falsidades desta 5ª Dominga depois da Páscoa, tolera o medievalismo do meu pobre povo fanático, que o é, porque mais não sabe nem vez nenhuma foi conveniente que soubesse, sem que instrua os seus acólitos a dizer-lhe que, para o Santo Cristo, nada daquilo a que se sujeita é manifestação de fé, mas sim de idolatria? Que seita é essa que não permite que o andor onde segue o Cristo seja carregado por gente humilde, e o torne exclusivo da nata de uma sociedade que já não tem razão de existir senão de suas portas adentro e na celebração dos seus casamentos consanguíneos? Que clero é esse, o dessa seita, que, ao fim de percorrer a cidade, numa procissão de horas, oferece um beberete a restaurar as forças da Irmandade, mas não a de quem se arrastou de joelhos ou carregou pesos descomunais de círios?
Que gente é esta, meu Senhor Santo Cristo dos Milagres dos meus tempos de menino que, à sombra de festejar o teu nome e o teu martírio, se empanturra de carnes, de frangos e de vinho, nas dezenas de comedouros em redor da tua igreja? Que seita permite que ardam milhares de lâmpadas, noite dentro, durante quatro dias, numa terra onde ainda há fome e desespero, e onde cada recurso financeiro devia ser utilizado para limpá-la de salteadores, drogados, delinquentes e gente que se vende a céu aberto ou pela calada da noite?
Uma única mulher me liga a essa seita. Tenho tentado reger a minha vida pela de Maria de Nazaré, que criou um filho no martírio diário de saber que ele pertencia a todos, menos a Ela. Não necessariamente pela conversa com um Anjo. Muito menos por ser considerada, por uma força, virgem, só porque um dogma o exige. Que teria Ela de menos santo, se tivesse concebido o Cristo segundo as leis da Natureza? Ninguém melhor que uma mãe conhece o filho que gerou. E Ela, decerto, se apercebeu, daquilo que esperava o seu menino, o seu adolescente, o seu jovem adulto. Escondeu-se, discreta, em lágrimas silenciosas, no quase anonimato que Ele terá, talvez, exigido, ainda que sem lho pedir. Tudo calou, porque assim o fazem as mães que sabem os filhos politicamente imprudentes, mas necessários, sonhadores inveterados, mas sonhando sonhos de justiça social, nascidos não para chefes, mas para mártires. E só apareceu, publicamente, como Sua Mãe, no caminho para o Calvário, e, depois, desfalecida aos pés da cruz, à espera do suspiro final.
Maria de Nazaré e o filho, Jesus, são meus amigos de infância. E, talvez por ter ouvido dela, e pela boca de minha avó, aquilo que deve, na verdade, ter acontecido, nesses dias aziagos de tortura, injustiça e sangue, e talvez porque me tenha habituado a tratá-lo, a ele, por tu, e, portanto, a nunca ter tido medo dele, não sou Cristão nem Católico, tal como costumam ser entendidas essas palavras. O que me traz uma tranquilidade imensa, colorida, cheirando a alfazema dos campos. E me faz também ignorar as festas do Santo Cristo. "
...
Não o conheci mas venerava a sua face como cronista do advento deste novo milénio. Não me revia no espelho das palavras que escrevia. Mas senti-as sempre, e bisava a sua leitura, pois a primeira impressão do que lá estava infectava-me a alma com a saudável inquietação da reflexão sobre as epístolas semanais que Armando Medeiros publicava no Expresso das Nove. Foi um dos melhores colaboradores do Jornal. A idade nunca foi um pretexto para transigir com os poderes instituídos deste ou do outro mundo. Nunca perdeu a chama e a pulsão de uma juventude que ambiciona um outro mundo mais justo e mais civilizado. Espero que tenha encontrado esse lugar e se ele existe estará por certo justamente "na mão de Deus, na sua mão direita." Neste Domingo, em que recordamos o 7º dia do seu desaparecimento, recordo também Antero de Quental e com as suas palavras rezo: "Dorme na mão de Deus eternamente" saudoso Prof. Armando Medeiros. Em memória do mesmo aqui fica, no registo lapidar do ilhas, uma das suas melhores crónicas publicada no passado dia 18 de Abril no Expresso das Nove.
...
"Santo Cristo Recuso-me, por sistema, a falar do Santo Cristo do Convento da Esperança. Sou micaelense demais, acho eu. Cresci com Ele e a ouvir falarem-me d'Ele, até ser levado a pensar que Deus era uma coisa, Cristo uma outra, e o Espírito Santo uma terceira, cada um deles com os seus seguidores e os seus fanáticos como outros tantos clubes de futebol. Milagres, nunca me deixei perder nem achar por eles. Tive uma avó abençoada com a verdade cristalina das crenças que valem, realmente, a pena, a qual me ensinou que somos nós próprios que os fazemos acontecer, porque não há, em nenhum deles, truques de magia nem fadas madrinhas trocadas por santas. "Cair não é pecado", dizia-me ela. "Pecado é uma pessoa deixar-se ficar no chão". E, pela minha vida adiante, foram precisos milagres para me levantar dos fundos incalculáveis em que caí por mais de uma vez. Obrei-os eu, os milagres, com a lembrança de minha avó. Também com a ajuda de Deus? É Capaz. "Mas olha que Ele, por si, não faz outra coisa senão lembrar-te que te deu o poder de fazer milagres".
Não sei, portanto, se sou Cristão. Acredito num homem que se afirmou o Cristo, o Messias, e que foi coerente consigo e com tudo o que pregava até ao último momento, o sangue derradeiro, a agonia final. Admiro-o por isso. Era filho de Deus? Decerto. Como aqueles que o ouviram, negaram, seguiram, bajularam, traíram e pregaram numa cruz por razões meramente políticas, capazes, já nessa altura e ainda hoje, de uma perversidade irracional e peçonhenta. Foi o próprio Deus, encarnado, que crucificaram? Não sei. Se é verdade, como apregoam os padres, que continua a fazer cada um e cada qual a pagar juros pelo que lhe fizeram, não, não era Deus. E, a mim, sinceramente, que me interessa que não fosse? Existiu, deu a cara, entregou o corpo, mudou o rumo das coisas no mundo inteiro. Que diferença faz aquilo que mais tenha sido?
Nem sei se sou Católico. Só conheço ódio, malvadez, inveja, vinda dos Católicos. Não sei de mais nada que cobardia e comodismo dos que se dizem Católicos não praticantes. Não leio senão horrores, intolerâncias, crimes, intrigas e mentiras da Igreja Católica. Nenhum dos seus vigários, e muito menos o Papa, me dá conta de fazer, exactamente, aquilo que o Cristo, que eles querem que seja Deus, rogou, pregou, implorou que se não fizesse. Onde entram os ouros do Vaticano e o tesouro do Santo Cristo na pregação de humildade do homem que, a ter sido Deus, podia ter tido quanto quisesse? Que Divindade católica, e não cristã, é essa que se deixa subornar pela autoflagelação, por promessas inconcebíveis de cumprir, por ofertas em numerário e capas bordadas a madrepérola e a safiras? Que bispo é esse que, não contente com a Diocese ter proibido, em 1976, a exibição de uma média metragem que produzi e dirigi para a RTP-Açores sobre as falsidades desta 5ª Dominga depois da Páscoa, tolera o medievalismo do meu pobre povo fanático, que o é, porque mais não sabe nem vez nenhuma foi conveniente que soubesse, sem que instrua os seus acólitos a dizer-lhe que, para o Santo Cristo, nada daquilo a que se sujeita é manifestação de fé, mas sim de idolatria? Que seita é essa que não permite que o andor onde segue o Cristo seja carregado por gente humilde, e o torne exclusivo da nata de uma sociedade que já não tem razão de existir senão de suas portas adentro e na celebração dos seus casamentos consanguíneos? Que clero é esse, o dessa seita, que, ao fim de percorrer a cidade, numa procissão de horas, oferece um beberete a restaurar as forças da Irmandade, mas não a de quem se arrastou de joelhos ou carregou pesos descomunais de círios?
Que gente é esta, meu Senhor Santo Cristo dos Milagres dos meus tempos de menino que, à sombra de festejar o teu nome e o teu martírio, se empanturra de carnes, de frangos e de vinho, nas dezenas de comedouros em redor da tua igreja? Que seita permite que ardam milhares de lâmpadas, noite dentro, durante quatro dias, numa terra onde ainda há fome e desespero, e onde cada recurso financeiro devia ser utilizado para limpá-la de salteadores, drogados, delinquentes e gente que se vende a céu aberto ou pela calada da noite?
Uma única mulher me liga a essa seita. Tenho tentado reger a minha vida pela de Maria de Nazaré, que criou um filho no martírio diário de saber que ele pertencia a todos, menos a Ela. Não necessariamente pela conversa com um Anjo. Muito menos por ser considerada, por uma força, virgem, só porque um dogma o exige. Que teria Ela de menos santo, se tivesse concebido o Cristo segundo as leis da Natureza? Ninguém melhor que uma mãe conhece o filho que gerou. E Ela, decerto, se apercebeu, daquilo que esperava o seu menino, o seu adolescente, o seu jovem adulto. Escondeu-se, discreta, em lágrimas silenciosas, no quase anonimato que Ele terá, talvez, exigido, ainda que sem lho pedir. Tudo calou, porque assim o fazem as mães que sabem os filhos politicamente imprudentes, mas necessários, sonhadores inveterados, mas sonhando sonhos de justiça social, nascidos não para chefes, mas para mártires. E só apareceu, publicamente, como Sua Mãe, no caminho para o Calvário, e, depois, desfalecida aos pés da cruz, à espera do suspiro final.
Maria de Nazaré e o filho, Jesus, são meus amigos de infância. E, talvez por ter ouvido dela, e pela boca de minha avó, aquilo que deve, na verdade, ter acontecido, nesses dias aziagos de tortura, injustiça e sangue, e talvez porque me tenha habituado a tratá-lo, a ele, por tu, e, portanto, a nunca ter tido medo dele, não sou Cristão nem Católico, tal como costumam ser entendidas essas palavras. O que me traz uma tranquilidade imensa, colorida, cheirando a alfazema dos campos. E me faz também ignorar as festas do Santo Cristo. "
ARMANDO MEDEIROS - 1938-2009
sábado, junho 13
Contributos
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Aceitam-se contributos para estancar a sangria que mina o : Ilhas com mais força do que o míldio da videira! Apre, quem tiver misericórdia preste o devido "dízimo". Cá por mim já dei para esse peditório há séculos.
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Aceitam-se contributos para estancar a sangria que mina o : Ilhas com mais força do que o míldio da videira! Apre, quem tiver misericórdia preste o devido "dízimo". Cá por mim já dei para esse peditório há séculos.
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Coisas, assim-assim, importantes
No início, fui veementemente contra esta estranha coisa dos blogues. Incomodava-me o imediatismo e o apelo à superficialidade, depois rendi-me e fui acólito, devoto, obcecado, membro da claque, fã, apóstolo, militante, “o diabo”…
O :ILHAS foi, com enorme honra e gosto e gozo, a minha casa durante estes anos, 5 anos, sempre fiel, justa, aberta e plural. O :ILHAS ofereceu-me imensas coisas, muitas delas surpreendentes, antes inimagináveis. O :ILHAS foi também uma escola de vida e mostrou-me o quão vil e abominável pode ser o mundo dos homens refundidos no covil fácil e anónimo das caixas de comentários. O :ILHAS deu e tirou, não por si, mas por tudo o que eu sempre fui e, espero, continuarei a ser. O :ILHAS, para mim, cumpriu o seu papel e esgotou a validade que me era devida. Creio que já nada posso trazer de útil a este cenário e por isso fecho aqui o meu pano, o meu único pano. O :ILHAS continuará o seu caminho, sendo aquilo que sempre foi – o mais surpreendente, abrangente e inteligente blogue do blogoarquipélago. O :ILHAS segue. O :ILHAS é.
Eu, é que já não serei aqui.
Obrigado e um abraço
O :ILHAS foi, com enorme honra e gosto e gozo, a minha casa durante estes anos, 5 anos, sempre fiel, justa, aberta e plural. O :ILHAS ofereceu-me imensas coisas, muitas delas surpreendentes, antes inimagináveis. O :ILHAS foi também uma escola de vida e mostrou-me o quão vil e abominável pode ser o mundo dos homens refundidos no covil fácil e anónimo das caixas de comentários. O :ILHAS deu e tirou, não por si, mas por tudo o que eu sempre fui e, espero, continuarei a ser. O :ILHAS, para mim, cumpriu o seu papel e esgotou a validade que me era devida. Creio que já nada posso trazer de útil a este cenário e por isso fecho aqui o meu pano, o meu único pano. O :ILHAS continuará o seu caminho, sendo aquilo que sempre foi – o mais surpreendente, abrangente e inteligente blogue do blogoarquipélago. O :ILHAS segue. O :ILHAS é.
Eu, é que já não serei aqui.
Obrigado e um abraço
quinta-feira, junho 11
A lógica das conveniências
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O PSD venceu as eleições para o Parlamento Europeu e o PS obteve uma clamorosa derrota. Descontada a adjectivação os factos falam por si na sua indesmentível objectividade. Como acessório bem se esforçam os operacionais do PS em desvalorizar os resultados num cenário de crescente abstenção. Crescente é também a tendência do PS para se transformar num partido das conveniências. Recordo, em geral, que era conveniente ao PS desvalorizar a indiferença do eleitorado no referendo programático da IVG no qual, apesar dos elevados índices de abstenção, o PS sempre sustentou a legitimidade democrática dos resultados à luz do valor individual do voto. Recordo, em particular, que foi também conveniente ao PS-Açores, especialmente aos habituais convertidos que vão alternando no papel de porta-voz do líder, apontar a derrota parcelar do PSD-Açores no Concelho de Ponta Delgada nas últimas Regionais, relativizando assim o peso político de Berta Cabral. Não é agora de todo conveniente ter o fair-play de reconhecer a absoluta derrota do PS a nível regional apesar de todo o suposto peso político de Carlos César na circunscrição da nossa região! Aqui a derrota não foi sectorial, ou concelhia, mas sim generalizada e regional. Nos Açores perdeu o PS de Sócrates e a sua filial regional sob o comando de Carlos César. É pois de toda a conveniência sublinhar que o eleitorado mostrou um veemente cartão amarelo à governação Socialista, mas também deixou suspenso um cartão laranja que indica a possibilidade de esperança para os Sociais-Democratas. O PS, no todo Nacional, e nos Açores em particular, foi o único partido efectivamente derrotado nestas eleições. Não espanta pois que seja conveniente aos sapadores de serviço relativizarem esta derrota nos destroços de uma abstenção monumental! Abstenção que subiu de 2004 para 2009 e que, como convenientemente se esquece, penaliza tradicionalmente o partido do poder. Tanto assim é que este recentemente advoga a lógica e a doutrina do voto obrigatório! Com toda a honestidade intelectual o PSD consolidou neste acto eleitoral uma vitória que deverá ser galvanizadora mas que implica uma responsabilidade acrescida, já que coloca o PSD como alternativa preferencial do eleitorado aos governos do PS. Nas Europeias o PSD consolidou o seu eleitorado e cresceu comparativamente aos resultados das últimas eleições Regionais. Importa ainda registar a vitória interna de Berta Cabral ao indicar Maria do Céu Patrão Neves para estas eleições com a condicionante do nosso "eurodeputado" disputar a corrida integrado num círculo eleitoral nacional. Maria do Céu Patrão Neves foi a escolha acertada e venceu a adversidade de tal forma que obteve maioritariamente o voto de confiança do eleitorado que foi também o de Duarte Freitas. Para que não restem dúvidas é de toda a conveniência recordar que, novamente, o Pico deu o seu voto de confiança ao PSD-Açores e em todos os três concelhos da ilha votou sem "bairrismo", ou qualquer "revanchismo", no PSD. Mérito de Berta Cabral partilhado com uma revelação que foi Maria do Céu Patrão Neves que, ao contrário do que se vaticinava, fez uma excelente campanha, soube falar ao Povo, esteve com a juventude e fez sábio uso das ferramentas de comunicação da era digital. Ao contrário da desvalorização que o PS quer emprestar a esta eleição manda a conveniência deste tempo que se afirme a derrota do PS como sinal penalizador das penas que o mesmo PS tem infligido aos Portugueses.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
O PSD venceu as eleições para o Parlamento Europeu e o PS obteve uma clamorosa derrota. Descontada a adjectivação os factos falam por si na sua indesmentível objectividade. Como acessório bem se esforçam os operacionais do PS em desvalorizar os resultados num cenário de crescente abstenção. Crescente é também a tendência do PS para se transformar num partido das conveniências. Recordo, em geral, que era conveniente ao PS desvalorizar a indiferença do eleitorado no referendo programático da IVG no qual, apesar dos elevados índices de abstenção, o PS sempre sustentou a legitimidade democrática dos resultados à luz do valor individual do voto. Recordo, em particular, que foi também conveniente ao PS-Açores, especialmente aos habituais convertidos que vão alternando no papel de porta-voz do líder, apontar a derrota parcelar do PSD-Açores no Concelho de Ponta Delgada nas últimas Regionais, relativizando assim o peso político de Berta Cabral. Não é agora de todo conveniente ter o fair-play de reconhecer a absoluta derrota do PS a nível regional apesar de todo o suposto peso político de Carlos César na circunscrição da nossa região! Aqui a derrota não foi sectorial, ou concelhia, mas sim generalizada e regional. Nos Açores perdeu o PS de Sócrates e a sua filial regional sob o comando de Carlos César. É pois de toda a conveniência sublinhar que o eleitorado mostrou um veemente cartão amarelo à governação Socialista, mas também deixou suspenso um cartão laranja que indica a possibilidade de esperança para os Sociais-Democratas. O PS, no todo Nacional, e nos Açores em particular, foi o único partido efectivamente derrotado nestas eleições. Não espanta pois que seja conveniente aos sapadores de serviço relativizarem esta derrota nos destroços de uma abstenção monumental! Abstenção que subiu de 2004 para 2009 e que, como convenientemente se esquece, penaliza tradicionalmente o partido do poder. Tanto assim é que este recentemente advoga a lógica e a doutrina do voto obrigatório! Com toda a honestidade intelectual o PSD consolidou neste acto eleitoral uma vitória que deverá ser galvanizadora mas que implica uma responsabilidade acrescida, já que coloca o PSD como alternativa preferencial do eleitorado aos governos do PS. Nas Europeias o PSD consolidou o seu eleitorado e cresceu comparativamente aos resultados das últimas eleições Regionais. Importa ainda registar a vitória interna de Berta Cabral ao indicar Maria do Céu Patrão Neves para estas eleições com a condicionante do nosso "eurodeputado" disputar a corrida integrado num círculo eleitoral nacional. Maria do Céu Patrão Neves foi a escolha acertada e venceu a adversidade de tal forma que obteve maioritariamente o voto de confiança do eleitorado que foi também o de Duarte Freitas. Para que não restem dúvidas é de toda a conveniência recordar que, novamente, o Pico deu o seu voto de confiança ao PSD-Açores e em todos os três concelhos da ilha votou sem "bairrismo", ou qualquer "revanchismo", no PSD. Mérito de Berta Cabral partilhado com uma revelação que foi Maria do Céu Patrão Neves que, ao contrário do que se vaticinava, fez uma excelente campanha, soube falar ao Povo, esteve com a juventude e fez sábio uso das ferramentas de comunicação da era digital. Ao contrário da desvalorização que o PS quer emprestar a esta eleição manda a conveniência deste tempo que se afirme a derrota do PS como sinal penalizador das penas que o mesmo PS tem infligido aos Portugueses.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
quarta-feira, junho 10
Agente Provocador
terça-feira, junho 9
Aniversário / Museu Carlos Machado
Pelas 19h00, no Núcleo de Arte Sacra, será inaugurada a exposição MUSEU EM SUA CASA, uma das iniciativas mais importantes desenvolvida pelos Amigos do Museu - a colecção de fichas que ao longo de 2008 foram sendo publicadas no Açoriano Oriental e que agora podem ser apreciadas ao vivo as peças que lhes deram origem.
segunda-feira, junho 8
Desculpe, importa-se de repetir?!
Dias Loureiro não tem bens que possam ser penhoradosUma notícia que a comprovar-se assume - o caso BPN - cada vez mais contornos obtusos.
domingo, junho 7
...eu hoje deitei-me assim !
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7 de Junho de 2009 é para a Esperança uma data que marca a vontade de mudança de rumo da maré negra que tem poluído Portugal sob o leme de Sócrates. Para desilusão dos apóstolos locais de José Sócrates nem vale a pena sequer argumentar que a culpa foi do desvitalizado cabeça de lista e socialista freelancer. Este foi um estridente cartão amarelo às políticas de Sócrates e de todos aqueles que com ele comungam do mesmo projecto para Portugal. Na frente de batalha Atlântica, os Açores foram quase unânimes em sinalizar o seu repúdio pelo PS e pelo candidato que ilustrava o cartaz Europeu dos Socialistas que, como todos nós sabemos, nunca foi um aliado dos Açores e da Madeira. 7 de Junho de 2009 marca também no calendário de Berta Cabral a sua primeira victória como líder do PSD Açores. Para desgosto das hárpias e sereias convertidas ao Socialismo de César esta foi uma victória de Berta Cabral e do PSD/A (com 40% dos votos), não só no seu concelho, mas na generalidade dos Açores, incluindo os bastiões tradicionais do PS, e tudo isto sem perder internamente com a escolha de Maria do Céu Patrão Neves. Foi, como se viu, e como se comprovará, uma excelente escolha. Hoje, deito-me, embalado na primeira onda de uma nova maré. The tide is turning ?
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7 de Junho de 2009 é para a Esperança uma data que marca a vontade de mudança de rumo da maré negra que tem poluído Portugal sob o leme de Sócrates. Para desilusão dos apóstolos locais de José Sócrates nem vale a pena sequer argumentar que a culpa foi do desvitalizado cabeça de lista e socialista freelancer. Este foi um estridente cartão amarelo às políticas de Sócrates e de todos aqueles que com ele comungam do mesmo projecto para Portugal. Na frente de batalha Atlântica, os Açores foram quase unânimes em sinalizar o seu repúdio pelo PS e pelo candidato que ilustrava o cartaz Europeu dos Socialistas que, como todos nós sabemos, nunca foi um aliado dos Açores e da Madeira. 7 de Junho de 2009 marca também no calendário de Berta Cabral a sua primeira victória como líder do PSD Açores. Para desgosto das hárpias e sereias convertidas ao Socialismo de César esta foi uma victória de Berta Cabral e do PSD/A (com 40% dos votos), não só no seu concelho, mas na generalidade dos Açores, incluindo os bastiões tradicionais do PS, e tudo isto sem perder internamente com a escolha de Maria do Céu Patrão Neves. Foi, como se viu, e como se comprovará, uma excelente escolha. Hoje, deito-me, embalado na primeira onda de uma nova maré. The tide is turning ?
sábado, junho 6
Os Açores primeiro
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"Hoje, para dar sentido ao 6 de Junho, há que erguer a cabeça e olhar em frente: É não ter de pedir licença para ensinar ao Povo a que pertencemos a nossa própria História, nela incluindo todos os 6 de Junho que precederam o de 1975, entre outros, o de 1 Março de 1821, ou o de 2 de Março de 1895;"
João Pacheco de Melo in "L.A.A.P.A.-Em prol da autêntica Livre Administração dos Açores pelos Açorianos".(crónicas no AO)
...
O 6 de Junho de 1975 está para a Autonomia Açoriana como o 25 de Abril de 74 está para a Democracia Portuguesa. Esta relação de causalidade histórica tem sido traída e esquecida, por um lado, por todos aqueles que renunciam a sua própria identidade e, por outro lado, pelos outros tantos que no 6 de Junho de 75 estavam do outro lado e que com as voltas que a história dá ascenderam ao pelouro do Poder. João Pacheco de Melo tem sido, à sua maneira, um guardião dessa memória e de uma história que tarda em ser feita com toda a verdade. Neste 6 de Junho de 2009, o Açoriano Oriental, numa iniciativa inédita, publica uma colectânea do João Pacheco Melo enquanto cronista daquele que é o mais antigo jornal de Língua Portuguesa. Bem hajas Pacheco por, como tantos outros, colocares sempre os Açores primeiro antes do resto do Mundo.
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"Hoje, para dar sentido ao 6 de Junho, há que erguer a cabeça e olhar em frente: É não ter de pedir licença para ensinar ao Povo a que pertencemos a nossa própria História, nela incluindo todos os 6 de Junho que precederam o de 1975, entre outros, o de 1 Março de 1821, ou o de 2 de Março de 1895;"
João Pacheco de Melo in "L.A.A.P.A.-Em prol da autêntica Livre Administração dos Açores pelos Açorianos".(crónicas no AO)
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O 6 de Junho de 1975 está para a Autonomia Açoriana como o 25 de Abril de 74 está para a Democracia Portuguesa. Esta relação de causalidade histórica tem sido traída e esquecida, por um lado, por todos aqueles que renunciam a sua própria identidade e, por outro lado, pelos outros tantos que no 6 de Junho de 75 estavam do outro lado e que com as voltas que a história dá ascenderam ao pelouro do Poder. João Pacheco de Melo tem sido, à sua maneira, um guardião dessa memória e de uma história que tarda em ser feita com toda a verdade. Neste 6 de Junho de 2009, o Açoriano Oriental, numa iniciativa inédita, publica uma colectânea do João Pacheco Melo enquanto cronista daquele que é o mais antigo jornal de Língua Portuguesa. Bem hajas Pacheco por, como tantos outros, colocares sempre os Açores primeiro antes do resto do Mundo.
sexta-feira, junho 5
quinta-feira, junho 4
quarta-feira, junho 3
A bordo
…
Leio no ar, a bordo da carreira de regresso a Ponta Delgada, um dos jornais que comprei em terra. É um daqueles "genéricos" que a SATA deixou de disponibilizar na classe económica, mas que reservou para a classe executiva, a pretexto de colocar a companhia na rota das políticas green friendly. Uma operação de cosmética e propaganda como qualquer outra que hoje invade o nosso espaço comunicacional. No papel a notícia certifica que a SATA investiu 90 milhões de €uros na remodelação da sua frota, designadamente, para responder à "agressividade" das low cost com o inevitável "aproximar das companhias tradicionais ao modelo de baixo custo". A ser verdade este desígnio da SATA trata-se de um objectivo já superado em tantos domínios partilhados com as low cost, excepto naquele traço identitário que é o ADN das low cost: o baixo custo das tarifas! No resto a aproximação ao modelo low cost é uma realidade complementada pelos serviços de rendimento mínimo da groundforce Portugal e pelo handling da TAP Portugal que, como se sabe, divide com a SATA os incómodos da linha de serviço público entre os Açores e Lisboa. Mas, o preço low cost é que tarda em chegar ao bolso dos viajantes apesar de serem injectados milhões de €uros dos contribuintes na remodelação e imagem da SATA. Dito de outro modo: temos, no céu e na terra, assegurados os serviços mínimos que um título de transporte cauciona, mas o preço low cost é uma miragem no horizonte longínquo. Numa era em que prevalece a propaganda sobre a concreta realidade ninguém se questiona se uma quota-parte do mega investimento público poderia ou não subvencionar uma tarifa low-cost! Investimento público que é aliás canalizado para apoio a outras rotas transnacionais à boleia de buscarmos o eldorado do turismo. Por sinal, a propaganda do costume publicita, levando à auto-estrada do espaço aéreo, outras rotas e, parafraseando o poeta, "ocorrem-me em revista, a baixo custo, (a partir de Junho) países: Moscovo, Varsóvia, Helsínquia, enfim o mundo!". Mas, o meu sentimento de Açoriano oriental é de indignação quando percebo que o custo de uma viagem para Moscovo é substancialmente inferior ao preço de um ticket de serviço público daqui para Lisboa. Que dirá então o sentimento de um ocidental não residente ao querer, ou precisar, de partir de Lisboa com rumo aos Açores? Tudo isto apesar desta rota ser obrigatória, ao invés do tour por destinos tão extravagantes como Moscovo que, presumo, não consta das ambições da maior parte dos viajantes com casa de partida em Portugal. Se era para subsidiar o "tourismo" ao menos que tivessem a coragem de subsidiar os viajantes nacionais, nem que fosse à imagem e semelhança do que andaram a fazer com o comércio turístico escandinavo.
…
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com
Leio no ar, a bordo da carreira de regresso a Ponta Delgada, um dos jornais que comprei em terra. É um daqueles "genéricos" que a SATA deixou de disponibilizar na classe económica, mas que reservou para a classe executiva, a pretexto de colocar a companhia na rota das políticas green friendly. Uma operação de cosmética e propaganda como qualquer outra que hoje invade o nosso espaço comunicacional. No papel a notícia certifica que a SATA investiu 90 milhões de €uros na remodelação da sua frota, designadamente, para responder à "agressividade" das low cost com o inevitável "aproximar das companhias tradicionais ao modelo de baixo custo". A ser verdade este desígnio da SATA trata-se de um objectivo já superado em tantos domínios partilhados com as low cost, excepto naquele traço identitário que é o ADN das low cost: o baixo custo das tarifas! No resto a aproximação ao modelo low cost é uma realidade complementada pelos serviços de rendimento mínimo da groundforce Portugal e pelo handling da TAP Portugal que, como se sabe, divide com a SATA os incómodos da linha de serviço público entre os Açores e Lisboa. Mas, o preço low cost é que tarda em chegar ao bolso dos viajantes apesar de serem injectados milhões de €uros dos contribuintes na remodelação e imagem da SATA. Dito de outro modo: temos, no céu e na terra, assegurados os serviços mínimos que um título de transporte cauciona, mas o preço low cost é uma miragem no horizonte longínquo. Numa era em que prevalece a propaganda sobre a concreta realidade ninguém se questiona se uma quota-parte do mega investimento público poderia ou não subvencionar uma tarifa low-cost! Investimento público que é aliás canalizado para apoio a outras rotas transnacionais à boleia de buscarmos o eldorado do turismo. Por sinal, a propaganda do costume publicita, levando à auto-estrada do espaço aéreo, outras rotas e, parafraseando o poeta, "ocorrem-me em revista, a baixo custo, (a partir de Junho) países: Moscovo, Varsóvia, Helsínquia, enfim o mundo!". Mas, o meu sentimento de Açoriano oriental é de indignação quando percebo que o custo de uma viagem para Moscovo é substancialmente inferior ao preço de um ticket de serviço público daqui para Lisboa. Que dirá então o sentimento de um ocidental não residente ao querer, ou precisar, de partir de Lisboa com rumo aos Açores? Tudo isto apesar desta rota ser obrigatória, ao invés do tour por destinos tão extravagantes como Moscovo que, presumo, não consta das ambições da maior parte dos viajantes com casa de partida em Portugal. Se era para subsidiar o "tourismo" ao menos que tivessem a coragem de subsidiar os viajantes nacionais, nem que fosse à imagem e semelhança do que andaram a fazer com o comércio turístico escandinavo.
…
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com
terça-feira, junho 2
Sinais dos Tempos
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A vulgarização do debate sobre a Justiça teve mais um notável contributo populista com o show de ontem arbitrado pela Fátima Campos Ferreira no canal 1 da televisão do Estado. Podia ter sido um combate de wrestling na SIC Radical que o tom belicoso era o mesmo, apesar da farpela dos intervenientes ser assaz diferente. Mas, não vou, nem quero, ironizar ou satirizar num domínio tão sério como a Justiça. Não vou, nem quero, adjectivar o Senhor Bastonário da Ordem à qual pertenço e que até há bem pouco tempo era uma instituição venerada como uma reserva moral do Direito e um farol de dignidade para a Advocacia.
Vou só deixar duas notas de registo a comprovar a deriva populista e de autofagia que se vive na Ordem.
Recentemente o Senhor Bastonário, naquele tom que é contrário ao que se espera do figurino, veio brandir a espada flamejante da sua justiça contra a aristocracia da Advocacia com linhagem estabelecida em Lisboa. Não especificou, identificou, ou exemplificou de quem se tratava e qual era o objecto da cruzada pela qual se movia. Contudo, traçou uma estratégia para atacar essa gente passando, nomeadamente, pela extinção dos Conselhos Distritais! Note-se que não se trata de auto-regulação entregue nas mãos do Senhor Bastonário dado que os Conselhos Distritais decorrem de estatuto normativo em forma de Lei da Assembleia da República, como se conclui numa rápida consulta da Lei 15/2005 de 26 de Janeiro que aprovou o recente texto do Estatuto da Ordem dos Advogados. Prevê assim a Lei a existência de 7 Conselhos Distritais: a) Lisboa; b) Porto; c) Coimbra; d) Évora; e) Faro; f) Açores; g) Madeira. Ora, para acabar com a maligna aristocracia alfacinha vai-se extirpar a legitimidade dos restantes Conselhos Distritais! Puro populismo da mais terreira demagogia! Os Conselhos Distritais são órgãos da Ordem dos Advogados que representam e exercem a autonomia e a descentralização, nomeadamente, perante o Largo de São Domingos que é o Terreiro do Paço da Advocacia. Tudo isto não só contra os respectivos colegas das Distritais mas, principalmente, contra os cidadãos, limitando o acesso ao Direito que é potenciado pela proximidade e consultadoria dos diversos Conselhos Distritais. Como a mais elementar lógica comprova esta é apenas uma performance populista, e até contra legem, que atenta contra o Direito Fundamental de aceder ao Direito bem como à esfera de legitimidade da autonomia local dos Conselhos Distritais que foram eleitos democraticamente em listas próprias. É até um paradoxo e uma contradição do próprio discurso.
Vamos à autofagia: O Bastonário da Ordem dos Advogados deve, por inerência, defender a classe e promover a sua dignidade. Ontem, caso dúvidas ainda subsistissem, ficou provado à saciedade que o actual Bastonário assumiu como missão atacar a própria classe a que pertence! Serve de exemplo o acessório, mas significativo, pormenor de ter sugerido que era preciso acabar com o privilégio do atendimento preferencial dos Advogados nas repartições públicas! Neste pormenor está todo um programa que vê o exercício da profissão como um privilégio pessoal. Mais, o Senhor Bastonário para ilustrar o putativo privilégio lá fez o número para a câmara 1 de que os Advogados, nos citados lugares, passam à frente de grávidas, senhoras com crianças e idosos! Não só é populismo como é uma falsidade. O atendimento prioritário ou preferencial nos serviços públicos dos profissionais do foro (sem esquecer os Solicitadores) existe para servir o cidadão que é patrocinado por um Advogado e também existe nos termos da Lei para outras situações em que tal prerrogativa se justifica. Para os Advogados decorre do n.º 2 do art.º 74º do próprio Estatuto nos seguintes termos: "Os advogados, quando no exercício da sua profissão, têm preferência para ser atendidos por quaisquer funcionários a quem devam dirigir-se e têm o direito de ingresso nas secretarias, designadamente nas judiciais." Para os restantes casos de atendimento prioritário e preferencial também dispõe a Lei, neste caso o DL 135/99, de 22 de Abril, que deve ser dada prioridade ao atendimento de "idosos, doentes, grávidas, pessoas com deficiência ou acompanhadas de crianças de colo e outros casos específicos com necessidades de atendimento prioritário." e também que os "portadores de convocatórias têm prioridade no atendimento junto do respectivo serviço que as emitiu." (vide art.º 9º da citada legislação). Tudo isto é de elementar razoabilidade e decorre da Lei que agora o Senhor Bastonário pretende alterar como se estivesse mandatado para ser Legislador. Porém, este e outros actos de voluntarismo agradam a populaça que vê neles um acto intrépido de coragem contra os poderes instituídos. Não enxerga, a mesma populaça do prime-time, que estas derivas populistas, demagógicas e de ataque a uma classe profissional que, tradicionalmente, defende os direitos de todos nós é, simultaneamente, um ataque ao Estado de Direito. Não compreende a mesma populaça que este estilo de recorrente manipulação das normas estatutárias e legais, designadamente, a pretexto de supostos privilégios de classe, é uma falácia e um retrocesso no acervo civilizacional e democrático que só não agrada a quem tem uma visão autocrática do exercício do poder. Mas, como tudo isto, e muito mais, é do agrado das audiências e da massa que sustenta e se revê no oportunista estilo justiceiro, não tarda e teremos para breve as cenas dos próximos episódios de um Bastonário da Ordem dos Advogados que representa, e bem, a era de Sócrates. São ambos sinais dos tempos que vivemos e estão aí para durar.
Curso
Realiza-se nos próximos meses de Junho e Julho o curso sobre a pintura barroca no Núcleo de Arte Sacra, sob o título “As Paixões da Alma e as Emoções do Corpo”: um olhar sobre a colecção de pintura barroca do Museu Carlos Machado, que contará com a presença dos formadores Vitor dos Reis, Maria João Gamito e José António Fernandes Dias, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e de Vitor Serrão, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Este curso é dirigido a todos os interessados, mas é de lotação limitada, sendo necessária inscrição prévia, através dos contactos habituais do Museu (E museu.cmachado.edu@azores.gov.pt ou T 296 283 814).
A coordenação está a cargo de Vitor dos Reis (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) e acontece nas seguintes datas:
1ª parte 24 a 27 de Junho'09
2ª parte 8 a 11 de Julho'09
O curso organiza-se em 9 módulos de 2,5 horas cada (distribuídos por duas partes), com uma duração total de 22,5 horas. Cada módulo é constituído por uma apresentação oral e multimédia e por um período de debate. Tem como formadores Vitor dos Reis, Maria João Gamito, José António Fernandes Dias e Vitor Serrão.
Resumo No tratado As Paixões da Alma, publicado em 1649, René Descartes (1596-1650) dedica-se ao estudo das emoções humanas realizando, de forma sistemática, a sua descrição, hierarquização e explicação. Inspirado por esta obra, o pintor Charles Le Brun (1619-1690) cria um Méthode pour apprendre à dessiner les passions proposé dans une conférence sur l’expression générale et particulière, apresentado na Académie Royale de Peinture et de Sculpture de Paris, provavelmente em 1668, e publicado em Paris e Amesterdão em 1698. Le Brun define tipologias expressivas e propõe, a partir da descrição sumária das suas características, representações visuais para cada uma das principais emoções humanas, segundo um método que, à criação de estereótipos, alia a ideia científica de inventariação e catalogação e a ambição pictórica de visualizar o invisível. Os textos de Descartes e Le Brun e as imagens criadas por este último são uma das mais significativas demonstrações da importância da empatia no projecto visual barroco, do lugar ocupado pelas emoções na comunicação com o sujeito observador e do seu papel na representação e transfiguração do corpo humano – um tema novamente caro à cultura visual contemporânea. O presente curso procurará compreender o modo como esta centralidade das paixões da alma se manifesta em algumas das principais pinturas dos séculos XVII e XVIII da colecção do Museu Carlos Machado e, simultaneamente, a partir delas e de outras imagens, debruçar-se-á sobre alguns dos temas e das questões centrais da arte barroca e suas repercussões e transformações na visualidade contemporânea.
Mais informações em Museu Carlos Machado
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