terça-feira, junho 30
Uma nova cultura de mobilidade
A propósito da discussão na Assembleia Regional sobre a proposta do PS para implementar o “passe social” no transporte colectivo rodoviário de passageiros, nos Açores, assistiu-se a uma tentativa de relativizar aquilo que na essência é uma medida simples mas cuja aplicação irá ter um impacto significativo junto de quem anda diariamente de autocarro e que dele depende para “laborar”.
Aníbal Pires fala de “desinformação”, na sua crónica n’ A União, e em plenário insinuou “desonestidade” do Grupo Parlamentar do PS - talvez por isso terá votado favoravelmente a proposta (!). O PSD - vazio de conteúdo - absteve-se arrogantemente, como lhes convém. Os restantes partidos votaram, naturalmente, a favor. A implementação desta medida será seguida atenta e persistentemente pelo PS, pugnando, em defesa dos açorianos, que dela dependem, para que seja uma realidade a curto prazo. E para que, como referiu, e bem, o presidente do governo, há poucos dias, se crie “uma nova cultura de mobilidade, particularmente nos ambientes urbanos, onde a circulação a pé, de bicicleta, em transportes colectivos, ou o uso de motorizada ou ciclomotor, devem constituir alternativas atractivas”.
Em ilhas como as nossas bastará que se dê primazia ao planeamento urbano, e se abandone a irracionalidade desenfreada da especulação imobiliária, prevalecendo, em muitas das novas edificações da malha urbana, um alheamento em apetrechá-las de uma ligação à rede de transportes públicos, em detrimento do uso “preferencial” pelo automóvel, evidenciando-se, desta forma, uma ausência de “integração” na urbe, com a formação de “guetos”.
Ponta Delgada é disso exemplo e evidencia um claro desajustamento no uso dos transportes públicos, a que nem os Minibus escapam, na medida em que são ineficientes na forma como foram promovidos, ou seja, como alternativa ao trânsito automóvel do centro histórico da cidade. O carro prevalece e as políticas recentes apontam no sentido contrário daquilo que seria desejável. As intenções da Agenda 21, na construção de um desenvolvimento sustentável para Ponta Delgada, consubstanciam um exercício de cosmética, numa cidade que se expande em formato “sobredimensionado” e pejado de automóveis. É um caso flagrante de “habilidade social”. Ponta Delgada merece Viver Melhor.
* Edição de 23/06/09 do AO
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