quinta-feira, julho 5

Peço-vos apenas uma mentirinha piedosa


Vá, digam-me lá, por favor, que eu não vi bem, que foi confusão minha, e que o Sérgio Sousa Pinto não defendeu o apoio público, onde se incluem os meus impostos, às touradas em Portugal – com uma esmagadora maioria da bancada do PS a vibrar num aplauso frenético. E que também foi erro meu, daqueles enganos perceptivos decorrentes do cansaço, e que o Paulo Sá do PCP não fez novamente, à semelhança de Janeiro passado, uma intervenção do tipo “nim”, reiterando a ideia de que considera desacertado limitar ou proibir as touradas por via legal.
Vá, deixem-se de brincadeiras de mau gosto e tenham a bondade de me dizer que tudo isto não passa de um equívoco, a ver se me sai de cima esta impressão de nojo.

15 comentários:

Anónimo disse...

As touradas são nossas desde tempos imemoriais.
Fazem parte da matriz ibérica onde nos inserimos.
Querer estourar com as touradas, só porque "fica bem", porque é pudicamente correcto ou porque não se gosta de bifes, é renegar-se.

Há muitos "hábitos culturais" alemães, detestáveis. Como emborrachar-se em cerveja e comer faceiras de porco cozidas.
Vamos, daqui dos Açores, proíbir?
Há certos hábitos dinamarqueses horripilantes. Como comer golfinhos nas ilhas Faroe e esfacelar baleias até as matar. Vamos, daqui dos Açores, proibir?
Há certos hábitos da intimidade da sociedade inglesa, arrepiantes.
Vamos, daqui dos Açores, proíbir?

Vamos, isso sim, deixar de ser carneiros da vontade dos outros.
Quem gostar gostou, quem não gostar tivesse gostado.
A mim, ninguém me vai impedir de participar numa das tradições açorianas mais antigas. Quem gostar vai, quem não gostar que fique em casa.

http://www.youtube.com/watch?v=vQ-rp4iemLQ

Renata Correia Botelho disse...

Se você é carneiro, anónimo (ser integrante da horda de anónimos que por aqui pulula), lamento. Eu não sou. Bato-me pelas minhas opiniões sem temor e cravando o meu nome em cada palavra que escrevo.
E sim, claro que daqui dos Açores, ou seja de onde for, teríamos o dever de proibir, se fôssemos gente decente. Proibir este e quaisquer outros espectáculos degradantes cujo prazer radica no sofrimento alheio (seja ele touro, golfinho, baleia, periquito, homem, mulher). Não temos, do alto (vil e medíocre) da nossa condição de humanos, esse direito.
Concordo consigo num aspecto: quem gosta, vai; quem não gosta, não vai. Num jogo é assim, joga quem quer, quem não quer fica quieto! Mas, e ao touro, que é o outro jogador desta história, alguém pergunta se está disponível para a brincadeira?!
E, já que toca no assunto, quero lá saber, no que a isto concerne, da "matriz ibérica"! Renego, pois, essas matrizes todas (ibérica, açoriana, tudo o que aí couber) se é assim que põe as coisas. Renego, repudio e abomino.

Anónimo disse...

Cara Renata
Tem toda a legitimidade em ter a digna ideia de acabar com as touradas, como outros terão direito a lutar pela existência das mesmas.
Não aceito que seja uma actividade com apoios públicos de qualquer ordem.
Não sou entusiasta da tourada, penso que podia ser resolvido a situação no sentido de diminuir o sofrimento do touro...
Não esqueço que(embora erradamente)que o mundo dos touros e das touradas é uma actividade económica importante sobretudo no mundo rural, acabar nesta conjuntura com as touradas, não penso que seria oportuno, pelo desemprego que provocaria.
Não sei se as touradas serão o caso mais gritante de sofrimento animal, seja como for penso que a discussão sobre o assunto, deve anteceder o encerramento desta actividade, com profundo(DISCUTÍVEL OU NÃO)entrosamento cultural no Povo.
Não creio que seja a sua ideia, mas muito desta atitude(muito justa da defesa dos animais)pode não só esconder fundamentalismos, não muito acertados, como por vezes torna-se estéril, por não informar o Povo.
Penso que maior informação poderá ser mais benéfico do que passar de imediato por acabar por decreto com uma actividade que não sendo explicada, "podia virar o feitiço contra o feiticeiro".
Numa altura que a crise e a austeridade cria uma situação de insustentabilidade na sociedade, não crio que seja este tema(por maior justiça que tenha)que deva ser o cerne do debate em Portugal.
Açor

Anónimo disse...

eu já comi cobra, crocodilo, insectos e já matei animal para comer mas nunca percebi porque é que ainda existem imbecis que querem comer golfinhos ou matar touros ou esfacelar baleias até as matar.

os eskimos esfacelam-nas mas usam TUDO. e depois de as esfacelar rezam por elas e agradecem-nas. são nobres. NÃO SENTEM prazer na morte do animal. eles nem sequer usam o termo esfacelar. usam um termo semelhante a ENTREGA. E, repara, meu caro tradicionalista do triblidu, eles são os melhores assassinos das baleias. Mas não sentem prazer. Matar uma baleia é um acto SAGRADO. A morte da TOURADA é uma morte ROMANA (e não Ibérica, como disse V Exa), é uma morte espectáculo ao serviço de um Império.

O Analfabetismo também foi durante muito muito tempo uma tradição antiga.

Renata, esta tua personalização do Touro foi um pouco excessiva, não??? Vamos pedir às vaquinhas que entram no matadouro uma autorização por escrito???

Anónimo disse...

oops

Renata

desde quando é que a qualidade de uma opinião depende da identidade daquele/a que a profere?

o que é que há de tão repugnante no anonimato??

porque raio presume-se simplesmente que o anonimato é = a cobardia, bla bla.

já tive conversas interessantes, aqui mesmo, com pessoas que não conheço.

esta conversa do eu autentico identificado como requisito de opinião-a-ser-considerada é absurdo (respondeste ao anonimo, por isso presumo que concordas)

Anónimo disse...

Renata

lembrei-me de outra cena: já viste e/ou ouviste senhores do PCP a comportarem-se como nacionalistas !?!?!?!? eu já vi.

O Jerónimo e as suas nuances Salazaristas!! (LOL)

é uma daquelas contradições-pérola!

os comunistas, tal como os restantes polisboys, não gostam de ir contra a sacrossanta maioria. perderiam votos. acho até que não encontrarás um unico politico portugues dos principais partidos a defender abertamente e inequivocamente a proibição das touradas e de outros espetaculos hediondos (lutas de cães e galos e respectivas apostas)

os consensos podem ser totalitarios.

fazes bem em repudiar e abominar desta forma.

inicia uma petição online. eu boto lá o meu nome.
sim qualquer problema.

Anónimo disse...

Para a Renata e outros

A maior parte das pessoas come aminais grandes. Vacas, touros, porcos, porcas, cabras, bodes, ovelhas, galinhas, galos, patos, coelhos, peixes, crustáceos, pombos e codornizes. Também comemos bichos menores, como lapas, búzios, camarões, amejoas, percebos, caracois e caracoletas.
Até pousarem no estomago, para se iniciar a digestão, esses bichos foram mortos. Ou na boca humana, pelo trincar dos dentes, ou nos matadouros, longe das vistas mais sensíveis.
Mas todos foram mortos, para satisfação do nosso paladar.

A nossa matriz ibérica, romana, latina, ou, de acordo com alguns, cretense, não pode ser eliminada. Porque faz parte do nosso colectivo. É a nossa essencia.

Como em tudo, há que respeitar. Quem gosta vai, quem não gosta fica em casa.

jv disse...

Eu não poria, grandemente, em causa o sofrimento do touro,em comparação, com o tratamento do resto dos outros bovinos, pois durante toda a sua vida, foi um privilegiado, que foi tratado exemplarmente e livremente durante todos os anos da sua existência. O deve e haver são-lhe inegavelmente favoráveis. Todo o custo do seu bem estar,durante toda a sua vida, resume-se aquele instante.
O problema reside no espectáculo público e «degradante» que nos é transmitido. O sofrimento e a morte
não são situações fáceis de serem aceites e geridos por todas as sensibilidades. A tradição não poderá justificar todo e qualquer comportamento que implique «bestialidade», mais ou menos gratuita. Nem, mesmo a moral poderá justificar comportamentos menos éticos. O argumento de que os homens matam os animais, para se alimentarem, sem que isto, lhes cause repugnância, é falacioso, pois todos estamos inseridos numa cadeia natural alimentar. A questão principal é saber respeitar e usar a natureza, nunca a escravizando e respeitar os direitos mais elementares de todos os elementos que a compõem. Era para saber interagirmos com ela que deveríamos utilizar a nossa «racionalidade».

Anónimo disse...

"A maior parte das pessoas come aNiMais grandes."

- - -

Sim, a maioria come animais porque PRECISA de COMER. Trata-se de uma necessidade.

Qual é a necessidade que é satisfeita pelas touradas??

Entretenimento sádico?

Show business?

Quando muito, poderá dizer que as touradas satisfazem a necessidade de perpetuar rituais sociais que conferem sentido à nossa (vossa) existência.

Poderá esta necessidade ser justificada pela nossa necessidade de pertença a história.

Pertencemos apenas à História? A história, a tradição, pode, ou deve, sobrepor-se à Razão???

A pertença histórica, corporalizada em rituais, deverá transformar-se num imperativo absoluto e incontestável??? Milan Kundera escreveu o seguinte há umas décadas atrás: "Os povos da europa de leste são prisioneiros da sua história."

DEVEREMOS ser prisioneiros da história???? Poderá responder a esta pergunta assim: somos SEMPRE prisioneiros da história, o que é manifestamente VERO. Todavia, também acho que poderia responder-lhe assim: sim, somos sempre prisioneiros da história mas podemos, e geralmente conseguimos, transformar esta nossa implacável carcereira numa simpática Senhora.

O que fazemos com a nossa capacidade de progredir?? (o que implica transformar ou até erradicar tradições? ) As revoluções demonstram o quê? Que a história, as suas tradições e os seus rituais, são imutáveis? NÃO!!

O argumento de que x deve continuar a ser X porque provém da tradição, da identidade ou do raio que o parta é simplesmente injustificável.

Anónimo disse...

Renata,

os que assinam os seus nomes querem ser autores.

eu escrevi o comentário anterior. mas não sou o autor daqueles argumentos, no sentido estrito (e honesto) da cena. não fui eu que os inventei (os argumentos) são argumentos que pertencem aos filósofos que os inventaram e à filosofia política em geral.

ou seja, tivesse eu colocado o meu nome sobre os tais argumentos...estaria a...plagiar!! lol

o anonimato só poderia ser eliminado se cada ideia e argumento vociferado fosse acompanhado por uma tag com o nome do respectivo autor. (os verdadeiros autores)


tás a ver como é que a autoria pode ser uma filha da putice!! os touros são marcados a ferro. a marca que daí resulta chama-se identidade.

o touro anónimo é LIVRE.

pode ser responsavelmente ou irresponsavelmente livre. mas esta é outra história.

Anónimo disse...

O TOURO É UM PRIVILEGIADO?

LOL LOL LOL

A marktest e a Católica estão muito à frente na cena das sondagens.

Anónimo disse...

musiquinha de um país onde os animais são mortos para serem comidos mas onde poucos sentem prazer com a crueldade e com o sadismo...

http://idealsound.ca/

Anónimo disse...

Os povos que desprezam a sua história, nunca vão muito longe!

Anónimo disse...

Os povos que desprezam a inteligência são os mais atrasados de todos.(ironizando) Sejamos escravos da história!! Se foi assim, deverá continuar assim, reza a lenda. Esta é a fórmula dos atrasados, dos que nunca mudam.

Anónimo disse...

Caro Anónimo:
Todos nós temos as nossas opiniões e direito a expressá-las. As opiniões valem "per si", mesmo que a diferença lhes assista.
Mas fazer de uma opinião (sua), um cavalo de batalha (lá vêm os animais novamente...), é no mínimo, excessivo.
Ao longo da minha vida fui aprendendo que há 3 assuntos que não são fáceis de falar: religião, futebol e politica. Hoje em dia acrescento mais um "assunto": falar com gente sem formação!