Foi por um triz que eu há umas poucas
semanas atrás não escrevi sobre o insólito do TC não se pronunciar sobre a
constitucionalidade das normas da LOE 2012 referentes à ablação dos subsídios
de férias e de natal dos funcionários públicos, dando como argumento a pérola
de que não faria sentido o coletivo pronunciar-se quando se preparava para
receber novo elenco de juízes. Brilhante. Não trabalhamos porque a seguir vêm
outros. O título não me oferecia dúvida alguma: “Desfaçatez”. Ora, esse artigo
não chegou ao ecrã porque entretanto a mente entrou em modo de “Memória da
Vivenda Iolanda”.
Não se perde no entanto o título,
hoje mais válido do que nunca: Desfaçatez adjetiva que nem uma luva a decisão
do Tribunal Constitucional ontem conhecida.
Aquele coletivo conseguiu uma
proeza acrobática: constata o óbvio – sim, as normas são inconstitucionais;
exime-se de analisar a inconstitucionalidade das normas à luz de outros
princípios como a proporcionalidade e a segurança jurídica, pelo facto de dar como
provada a inconstitucionalidade por via de lesão ao principio da igualdade (um
basta, vamos incomodar-nos com os outros porquê?) e termina em looping de fazer
inveja a qualquer “asa” de um F-22, determinando que os efeitos desta
declaração de inconstitucionalidade não se apliquem à suspensão do pagamento
dos subsídios de férias e de Natal, ou quaisquer prestações correspondentes aos
13.º e, ou, 14.º meses, relativos ao ano de 2012.
Desfaçatez. E mais não digo
porque a seguir vem texto de quem vai explicar isto olhando a partir do ponto
de vista privilegiado de quem labora dentro do próprio sistema de justiça.
6 comentários:
Cara Lisa Garcia
Estou totalmente de acordo com o seu texto, de facto o tribunal Constitucional(como anormal criação democrática)seguiu os interesses da maioria governamental na consideração das normas a julgar.
Infelizmente é um órgão nomeado pelas maiorias politico partidárias e reflecte nas suas decisões não a justeza jurídica mas sim os interesses conjunturais das maiorias.
Desta vez seria demasiado escandaloso não considerar alguma coisa inconstitucional nas enormidades destes impostos(digo roubo)por isso criou uma ficção "jurídica" que irá conduzir não só a manter o dito imposto como a o alargar a todos, como se fosse a melhor e mais constitucional decisão.
Pela pronta adesão de Passos Coelho vemos como eles se preparam para aumentarem o confisco para poderem fazer face ao aumento do desequilibro orçamental resultante da politica de austeridade, mas como é fácil constatar só será mais um tiro no pé que fará aumentar ainda mais a divida, o desemprego e a divida.
Parabéns pelo texto.
Açor
O TC também deveria pronunciar-se acerca da minha malfadada "corporação."
Aliás, vendo bem as coisas, o TC deveria pronunciar-se sempre que os interesses dos médicos, pilotos, controladores aéreos, advogados, jurisprudência, e, claro, dos políticos, fossem postos em causa.
Jamais deveria pronunciar-se acerca dos direitos dos caramelos que ganham 500 bananas por mês. Deveria ser constitucionalmente proibido de o fazer.
Em nome do decoro e da boa educação.
A Constituição permite regimes (estados) de excepção. Está lá, como diria o Raul Solnado. É um atributo um tanto quanto totalitário (pq permite a suspensão de direitos democraticamente legitimados). O nazi Carl Schmitt adorava o conceito de estado de excepção.
Resta saber se a presente situação pode ou deve ser interpretada como de excepção.
Resta saber se o conceito de estado de excepção é justo, legítimo ou sequer eficaz como meio de combater a crise????
http://www.youtube.com/watch?v=tLBoAfqYR-M
Dê a sua opinião. Deixe lá a do José que +e muito dele.
Sempre fui tolo!
Levei cinco anos a queimar pestana para obter um diploma decente.
Afinal perdi tempo, pachorra e dinheiro.
Há outras formas menos onerosas e igualmente "legais" de se obter diplomas.
O outro, por causa de uma disciplina (1) foi enxovalhado publicamente. Este, que fez apenas quatro (4) num curso que tinha pelo menos trinta, +e o Sr. Dr.
Escumalha!
Pais da merda!
Não perdeste tempo.
Todos sabem que Relvas é um chico esperto.
Pelo contrário.
O teu diploma foi re-valorizado.
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