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Com os pés na terra, justamente, diz o Povo "O mal dos outros não nos serve de bem". Com a mesma franqueza popular, e porque não pertenço à mesma casta, não rejubilei com a anunciada orfandade política da família socialista com a reforma antecipada de Carlos César.Do folhetim do seu futuro político apenas me interessava o episódio em que, perante o Povo Açoriano, se definissem as respectivas personagens das próximas Regionais. Antecipadamente, de modo voluntarioso e com coragem, Berta Cabral assumiu-se como alternativa no boletim de voto dos Açorianos. Do lado do meu elenco a liderança estava consolidada e há muito que estava em construção um projecto de alternativa.
Com os pés na terra, justamente, diz o Povo "O mal dos outros não nos serve de bem". Com a mesma franqueza popular, e porque não pertenço à mesma casta, não rejubilei com a anunciada orfandade política da família socialista com a reforma antecipada de Carlos César.Do folhetim do seu futuro político apenas me interessava o episódio em que, perante o Povo Açoriano, se definissem as respectivas personagens das próximas Regionais. Antecipadamente, de modo voluntarioso e com coragem, Berta Cabral assumiu-se como alternativa no boletim de voto dos Açorianos. Do lado do meu elenco a liderança estava consolidada e há muito que estava em construção um projecto de alternativa.
Mas, até à presente data, um tabu alheio, que apodrecia quotidianamente, arredou dos sucessivos castings para as lutas do dia a dia muitos daqueles que, de qualquer forma, fazem da política a sua vida e profissão. À margem daqueles que sempre se refugiaram no discurso redondo, ou no conforto calculista e estratégico do silêncio, estive sempre com aqueles que, independentemente de quem estivesse do outro lado da trincheira, responderam à chamada na primeira linha. Sempre na defesa do seu estandarte e de quem o lidera.
Efectivamente, que coragem existe em só se aceitar ir à luta sabendo previamente quem, do outro lado do ringue, disputa o título de pesos pesados? Que nobreza existe em apenas se aceitar um convite para a festa perguntando, e sabendo de antemão, quem são os restantes comensais e convidados? Nenhuma! Modestamente, mas com orgulho, integro o pelotão daqueles que de Carlos César, em discurso directo, até mereceram o rótulo "guarda pretoriana" - (de Berta Cabral presumo !) – pois, efectivamente, o derrotaram por duas vezes numa eleição "paroquial" e de freguesia mas, ainda assim, simbólica. Com vontade local de mudar e de alternância integramos uma lista do PSD que, pela primeira vez, conquistou a Freguesia da Fajã de Baixo que, como se sabe, simbolicamente era um ex-libris invicto do PS. Derrotamos o PS e derrotamos uma lista que integrava o próprio Carlos César. Numas segundas eleições, já sem Carlos César nas listas, mas em campanha como se estivesse, voltamos a derrotar o mesmo PS que se exibia numas eleições de freguesia com a iluminura de Carlos César fotografado no adro da Igreja ladeado dos seus correligionários. Diz o Povo que "não há duas sem três", mas o facto que importa reter é que não é o adversário quem faz a nossa luta pois, no campo de batalha, esta faz-se com as forças que incendeiam as nossas convicções.
Afinal, razão tinha quem inspirou tantos de nós quando disse que "a política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha." Acrescento que, sem paixão, é um frete de conveniência. Porém, em qualquer Democracia, real ou ficcionada, a política também não vale sem limites e nem tudo se decide sob o império de qualquer César que, em trânsito, ocupe a cadeira do poder. Em contrapeso, de acordo com o pulsar comunitário, há também um império do Direito que coloca o princípio acima da prática e aqui o princípio era mesmo o da limitação de mandatos. Todavia, a prática também terá condicionado a gestão desta decisão política. Com efeito, como se disse, "não há duas sem três", e Carlos César já tinha averbado duas derrotas, políticas e pessoais, nas últimas nacionais e nas presidenciais. Destas levou ainda a certeza de ter em Belém uma "força de bloqueio" a qualquer tentação a alcandorar-se a mais um mandato. O futuro dirá qual o seu legado e o julgamento da história ficará entretanto adiado enquanto não se apurar outro tabu: o real e efectivo estado das contas públicas na Região. Com os pés na terra caberá ao PSD seguir o rumo sereno de construir uma alternativa em 2012 e começar já a nível regional a estruturar as autárquicas de 2013 porque é preciso regressar à nossa Terra.
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João Nuno Almeida e Sousa na edição de 10 Outubro do Açoriano Oriental.
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