sábado, junho 9

Aparentemente...

          Nenhum candidato está verdadeiramente interessado em ganhar as próximas eleições.

          Nenhum está verdadeiramente habilitado a romper com um passado dedicado à hegemonia político-partidária e nenhum conta verdadeiramente com o apoio da geração que julga representar.
          Nenhum aceita responder pelos desaires da ideologia da sua ala e, tampouco, assume a sua quota-parte no desempenho da sua máquina partidária.
          Nenhum apresenta uma proposta de valor, para os Açores do novo milénio, que assente numa verdadeira inovação e todos ignoram que caminho deverão convidar os açorianos a trilhar.
          Nenhum acredita ser capaz de derrotar o adversário mas, não querendo levar uma cabazada grande demais, conta com o apoio da muleta, que tanto se presta para ser colocada à Direita como à Esquerda, facto que, no meu entender, não augura nada de bom.
          Iludidos, sabe-se lá por que razão, desvalorizam todos o “maior partido do espectro político” – a abstenção.
          Apesar de tudo isto me parecer verosímil, há um pensamento que não pára de me cruzar a mente e se traduz num velho dito popular: “albarda-se o burro à vontade do dono”. Será que nós – povo, massa disforme – não somos os responsáveis por isto tudo?

          Aparentemente e para terminar, não me parece que as recentes e protuberantes movimentações dos “Capitães de Abril” e da “FLA” passem da tentativa de perpetuar o seu encadeamento histórico.
Lamento dizê-lo mas, as revoluções não se fazem assim e, sobretudo, não com as mesmas pessoas.


7 comentários:

Anónimo disse...

ora bem.

as revoluções que nos propõem são anacrónicas!

---

outro assunto:

Porque é que a Alemanha não "quer" abdicar da austeridade????

1 excelente artigo sobre este assunto pertinente.

http://www.chathamhouse.org/sites/default/files/public/The%20World%20Today/2012/june/0607WTDieter.pdf

abr
z

Anónimo disse...

Desvia as atenções, meu rico anónimo chucha!

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Excelente texto com uma visão sobre a realidade açoriana e a necessidade de mudança.
Já tenho escrito que a mudança necessita de condições subjectivas e estas partem das pessoas que possam surgir como quadros para a mudança e com a organização capaz de a fazer.
Infelizmente face ao amadurecimento das condições objectivas, não foram criadas condições para a transformação e esta realidade prende-se ao facto de que os poderes instituídos conseguiram comprar as elites e transformaram a realidade numa paz podre incapaz de produzir vontades e quadros para a transformação social.
Só agora com a quebra dos benefícios e com a austeridade se torna mais plausível o aparecimento de pessoas e de organizações que possam assumir esta transformação.
parabéns e saudações.
Açor

Anónimo disse...

Nem chucha nem laranjinha, meu caro.

Pertenço a outra equipa

Anónimo disse...

Está bem, chucha!

Anónimo disse...

Mais 4 anos a apanhar gambozins no Gabinete.
Dedica-te ao crochet. Ou à chucha.

Anónimo disse...

A política é sempre tribal.
A democracia vigente assenta sempre na sedução da maioria.
A sedução democrática chama-se demagogia.
A maioria é quase sempre seduzida pela demagogia.
Ser-se seduzido pela demagogia é uma imbecilidade.
Logo, a maioria é imbecil.

Quando afirmam que a democracia é o menos mau dos sistemas
Interrogo-me:
Não será possível um outro sistema, menos mau ainda??
Não será possível criar um sistema verdadeiramente democrático em que a demagogia fosse suplantada pela deliberação substantiva? A formação de consensos seria possível em tal sistema??? Seria possível ou desejável governar sem consensos? Será o consenso uma tirania da maioria (ou dos seus legítimos representantes)???? Será que a propensão do humano para o comportamento de manada é inata?? Somos uma manada??? Merecemos ou queremos ser uma manada, mesmo que mui democrática???? Saberá a classe política lidar com uma manada caótica, desunida e enraivecida? O que acontecerá quando a manada dos consensos se confrontar com o seu imenso desencanto no dia a dia das imposições existenciais? Que formas assumirá a sua raiva? A manada não se culpará pelos consensos do passado. Não, seria honesto demais. Culpará outros pela usurpação de poder que os seus consensos permitiram. Jamais se olhará ao espelho e dirá: a culpa foi minha! A manada nunca assume as culpas. É uma entidade colectiva. Como é que se pode responsabilizar a manada-maioria??? A maioria somos (todos) NÓS, dizem eles. O grande "nós", o "nós" omnipotente ou, melhor ainda, o "nós democrático." Quem ousaria ir contra o nós democrático???? Será isto uma coincidência histórica: foram sempre as manadas democráticas que colocaram no poder os tiranos que a democracia repudia???

PS: isto aplica-se a todas as maiorias. as maiorias que se formam no seio de minorias são ainda mais obtusas e dogmáticas. são mais seduzidas pela pureza ideológica do que pelos reconfortantes e agitados cânticos da manada. são a manada marginal dos padrecos.