"Muitos empresários e cidadãos queixam-se do preço exorbitante das tarifas aéreas para a Região. É este o calcanhar de Aquiles do turismo açoriano?
Antes de mais, julgo estar a referir-se às tarifas praticadas no mercado nacional. Essa classificação de exorbitante não é correcta. A situação passa pelo facto da estratégia desenvolvida neste mercado estar alicerçada nos tour operadores. Neste contexto, a Região tem vindo a apresentar preços muito competitivos ao nível dos programas disponíveis para quem nos visita. Em termos de vendas directas, as recentes tarifas promocionais disponibilizadas pela transportadora aérea regional também são um passo no sentido de transformar, cada vez mais, os Açores, num destino acessível, pelo que não é correcto referir um suposto “calcanhar de Aquiles” no nosso turismo. O que aconteceu é que os Açores ao longo da última década conheceram taxas de crescimento verdadeiramente excepcionais e que não se podiam manter acima dos dois dígitos de forma permanente. O que a actual crise tem demonstrado é que os Açores têm conseguido resistir às dificuldades levantadas pela difícil conjuntura internacional."
Reconheço que o tema é tentador e é fácil dar largas à síndrome nacional, da qual o Dr. Medina Carreira se arrisca a ser o expoente máximo.
No entanto, e se quisermos fazer uma abordagem honesta e responsável, é possível identificar muitos outros factores que estão a condicionar negativamente o desenvolvimento turístico dos Açores.
Neste momento, tendo já sido inventariados alguns dos vectores que necessitam de um significativo melhoramento, órgãos de governo, empresários (do sector e não só) e população em geral têm de concertar esforços, no sentido de se conseguir acrescentar valor ao nosso produto.
No entanto, não nos enganemos. Por estes dias de crise global, preço conta. E conta muito! Os turistas têm veiculado informação bastante positiva sobre o nosso destino (natureza, hospitalidade, sustentabilidade, etc.) mas, quando chega ao “valor por dinheiro”, conferem-lhe uma apreciação muito baixa, considerando que a relação qualidade/preço está muito desequilibrada.
Assim sendo, numa altura em que o negócio não liberta margem para reinvestimentos, muitos advogam que o caminho é baixar preços. No entanto, o risco que se corre é o da degradação do produto, contribuindo também para uma maior dificuldade de atrair turistas que consigam provocar um gasto médio tão elevado quanto desejado.
Há muito caminho por escolher. Muitos modelos para serem observados e analisados: diferenciação e “clusters” são factores a levar em consideração, bem como o recurso a especialistas credenciados também.
Para bem do nosso futuro, devemos encarar a fase que agora se atravessa como um tipo de purgatório e não deixar que alguém, tal como o Dr. Ernâni Lopes, possa, daqui a algum tempo, fazer o mesmo tipo de comentário.
Por isso: mãos à obra!
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