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Creio que tudo começou em Camarate. A morte de uma reforma de Direita, prometida para Portugal pela Aliança Democrática, gerou também a putrefacção do Estado Português. Este é hoje um despojo insalubre cuja face oculta se vai maquilhando e remendando até ao dia em que a única higiene possível seja, a bem das aparências, embalsamar o que resta. Na verdade, foi com o processo de Camarate que os Portugueses se acostumaram ao descrédito das instituições cuja missão é investigar e apurar a "verdade material", designadamente, dos sindicatos mafiosos que prosperam na nossa economia paralela e que vegetam no obscuro mundo dos parasitas que sugam do Estado as receitas que este conseguiu amealhar de todos nós com a eficácia selectiva da sua máquina fiscal. Efectivamente, depois de uma floresta de inquéritos e comissões, procuradores e "procuradeiras", a que conclusão se chegou sobre o caso de Camarate? A pergunta é retórica como bem sabe o leitor. Também sabe que nesta Pátria a Justiça é eficaz a deter e punir, de modo draconiano, a criminalidade bagatelar, mas quando se trata de perseguir "caça grossa" raramente se leva a "presa" ao cativeiro. O rol de casos que se arrastam como pendentes, e de outros tantos cuja gravidade foi branqueada, ocupa a nossa triste galeria de troféus de arquivamentos e prescrições de uma democracia que se compraz em justificações formais para ocultar as suas fraquezas. Uma dessas fraquezas é a corrupção que ameaça propagar-se ao ritmo de uma pandemia. O PSD e o CDS/PP colocaram na sua agenda política medidas de combate a este cancro, como por exemplo, a criminalização do enriquecimento ilícito. Esta e outras medidas foram travadas, chumbadas e sempre inviabilizadas pelo PS. Importa retomar e ponderar como, e em que instância, se vai fiscalizar o enriquecimento ilícito cujos sinais exteriores de riqueza passam à vista desarmada de todos nós. Sem prejuízo das garantias Constitucionais, designadamente assegurando a não inversão do ónus de prova, conforme aliás defende o PSD, importa que o Estado censure o locupletamento da república para benefício privado. Esta é uma matéria que, por razões óbvias, o PS tem vindo a menorizar e a recusar debater. Tanto assim é que, Mário Soares, decano dos Socialistas e espécie de consciência moral do PS veio dizer que o caso "Face Oculta" é "um problema comezinho que a comunicação social quer transformar num caso máximo da Justiça". Haja mas é Justiça para todos pois desta longa dieta de "freeports", "casas pias", e "faces ocultas" estão já os Portugueses enfartados. Já não resistem a mais seriados telenovelescos na comunicação social e enfastiados fazem zapping para anestesiantes folhetins brasileiros e concursos estupidificantes. Com este fastio estamos muito próximos da ruptura insanável do "contrato social" entre os Portugueses e as suas instituições políticas.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
Creio que tudo começou em Camarate. A morte de uma reforma de Direita, prometida para Portugal pela Aliança Democrática, gerou também a putrefacção do Estado Português. Este é hoje um despojo insalubre cuja face oculta se vai maquilhando e remendando até ao dia em que a única higiene possível seja, a bem das aparências, embalsamar o que resta. Na verdade, foi com o processo de Camarate que os Portugueses se acostumaram ao descrédito das instituições cuja missão é investigar e apurar a "verdade material", designadamente, dos sindicatos mafiosos que prosperam na nossa economia paralela e que vegetam no obscuro mundo dos parasitas que sugam do Estado as receitas que este conseguiu amealhar de todos nós com a eficácia selectiva da sua máquina fiscal. Efectivamente, depois de uma floresta de inquéritos e comissões, procuradores e "procuradeiras", a que conclusão se chegou sobre o caso de Camarate? A pergunta é retórica como bem sabe o leitor. Também sabe que nesta Pátria a Justiça é eficaz a deter e punir, de modo draconiano, a criminalidade bagatelar, mas quando se trata de perseguir "caça grossa" raramente se leva a "presa" ao cativeiro. O rol de casos que se arrastam como pendentes, e de outros tantos cuja gravidade foi branqueada, ocupa a nossa triste galeria de troféus de arquivamentos e prescrições de uma democracia que se compraz em justificações formais para ocultar as suas fraquezas. Uma dessas fraquezas é a corrupção que ameaça propagar-se ao ritmo de uma pandemia. O PSD e o CDS/PP colocaram na sua agenda política medidas de combate a este cancro, como por exemplo, a criminalização do enriquecimento ilícito. Esta e outras medidas foram travadas, chumbadas e sempre inviabilizadas pelo PS. Importa retomar e ponderar como, e em que instância, se vai fiscalizar o enriquecimento ilícito cujos sinais exteriores de riqueza passam à vista desarmada de todos nós. Sem prejuízo das garantias Constitucionais, designadamente assegurando a não inversão do ónus de prova, conforme aliás defende o PSD, importa que o Estado censure o locupletamento da república para benefício privado. Esta é uma matéria que, por razões óbvias, o PS tem vindo a menorizar e a recusar debater. Tanto assim é que, Mário Soares, decano dos Socialistas e espécie de consciência moral do PS veio dizer que o caso "Face Oculta" é "um problema comezinho que a comunicação social quer transformar num caso máximo da Justiça". Haja mas é Justiça para todos pois desta longa dieta de "freeports", "casas pias", e "faces ocultas" estão já os Portugueses enfartados. Já não resistem a mais seriados telenovelescos na comunicação social e enfastiados fazem zapping para anestesiantes folhetins brasileiros e concursos estupidificantes. Com este fastio estamos muito próximos da ruptura insanável do "contrato social" entre os Portugueses e as suas instituições políticas.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
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