Amanhã, o Partido Socialista Português, celebra 47 anos. Num
email enviado aos militantes a actual direcção do partido cita um excerto de um discurso de Mário Soares no jantar do seu 80º aniversário: “Sou
socialista porque acredito no progresso, incluindo o progresso moral. Porque
acredito no desenvolvimento sustentado, com dimensão ecológica e social, nos
Direitos Humanos e no Direito Internacional. Sou Socialista porque quero a paz,
fundada no respeito pela diversidade dos Povos e das Culturas, no diálogo entre
religiões e pessoas, independentemente das suas etnias, crenças, sexos, opções
políticas e condições sociais e, finalmente, na Justiça. Para mim, o socialismo
é indissociável da liberdade, do respeito pelos outros e pelo que é diferente
de nós.”. Por alguma razão, que só o próprio saberá, José Luís Carneiro, o
actual Secretário Geral Adjunto do partido decidiu terminar aí a citação. Porque,
Soares continuava dizendo: “Sou socialista porque acredito na capacidade
humana para transformar as sociedades, de modo a serem mais justas e
humanizadas. Sou socialista mas não quero impor o socialismo aos outros, muito
menos pela força. Acredito na persuasão e no voto como meio de dirimir
pacificamente os conflitos. Sou socialista e a favor do mercado e da livre
iniciativa. Mas o mercado não é, para mim, um Deos ex-maquina. Produz
injustiças e desigualdades, que cumpre ao Estado corrigir. Por isso, não
acredito no neo-liberalismo, como sistema universal, que tem dominado as
sociedades, desde o colapso do comunismo e, através da globalização
desregulada, está a produzir as maiores desigualdades e muita exploração no
interior das sociedades, mesmo as mais desenvolvidas e entre os Estados ricos e
pobres.” Hoje, 16 anos passados sobre este discurso, na véspera dos 47 anos
do Partido, no epicentro da maior crise económica e social das nossas vidas, importaria,
mais do que nunca, em louvor do Socialismo, continuar a citação até ao fim. Salientando,
amplificando mesmo, a luta fundamental de todos os verdadeiros socialistas,
contra a ditadura dos mercados, o neo-liberalismo selvagem e as múltiplas desigualdades
que assolam a Europa e Portugal. Mas não, hoje António Costa, em entrevista ao
Expresso, decidiu amplificar o sound byte agiota criado pelo seu amigo Siza Vieira, e
avisa o país de que “os apoios de hoje são os impostos de amanhã”. Não,
esta direcção do PS, que acha que se deve apoiar a Banca em vez do Povo. Que se
podem injectar directamente milhões de euros na TAP e nos media, mas não nas famílias. Que considera até legítimo reinstituir o serviço militar obrigatório. Esta direcção do PS, não é socialista! Esta direcção do PS não merece, sequer, citar Mário Soares!
#naoanormalidade
1 comentário:
Saúdo este regresso ao :Ilhas.
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