Andrew Wyeth, Wood Stove (dry brush in watercolor), 1962
(Farnsworth Art Museum. Rockland - Maine)
Nestes tempos de confinamento generalizado a expressão anglo-americana Cabin Fever começa a ficar trending nos motores de busca da internet e, segundo o venerável Oxford English Dictionary, designa o seguinte estado de espírito, que passo a citar: Lassitude, irritability, and similar symptoms resulting from long confinement or isolation indoors during the winter.
Para uma criatura atlântico-mediterrânica que vive num arquipélago frequentemente apelidado de “Irlanda subtropical”, onde os Invernos não possuem o rigor extremo que caracteriza regiões como o Alasca, o Minnesota e a maioria das províncias do Canadá, a expressão não faz muito sentido como sinónimo de, usando um plebeísmo, “estou a passar-me dos carretos”, pois se há desejo que ainda guardo na minha bucket list é viver numa log cabin durante duas ou três semanas, não necessariamente no Inverno e, de preferência, no Estado do Maine à beira das águas tranquilas de um lago, quando a foliage season explode numa sinfonia de cores anunciando a chegada do Outono.
Quatro razões concorrem para o conforto de uma log cabin: a madeira como único material de construção; o alpendre mobilado com cadeiras de baloiço; a lareira e chaminé de pedra no centro da casa e, finalmente, a maravilhosa antigualha que se dá pelo nome de fogão a lenha. É essa atmosfera aconchegante que retrata a aguarela de Andrew Wyeth, por muitos considerado o mais americano dos pintores americanos, num interessante contraponto rural ao ambiente de solidão urbana que Edward Hopper, evocado num post anterior da Maria Brandão, soube transpor para a tela como ninguém.
Quando a pandemia passar (ainda tenho alguma fé Iluminista no progresso da ciência) vou de férias para o Maine, se possível num navio mercante com o Lord Jim na bagagem.
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