Hoje vimos cá em casa a primeira edição da segunda série do programa "O Portugal de". O entrevistador agora é o Luís Osório e o entrevistado do primeiro programa foi o José Luís Peixoto. Gostei. Porque saí de Lisboa, porque viajei até ao Alentejo, às Galveias do José Luís Peixoto. Porque fui a um Portugal rural que quem vive numa cidade como Lisboa tende a esquecer, não necessariamente por arrogância mas porque a vidinha estreita entre prédios a tanto obriga - e nessa vidinha cabem as intempéries de informação a que nos submetemos. Há um Portugal rural - e, não estivemos nós no blogue ilhas, um Portugal insular. Há muitas versões de um país que por facilidade muita gente quer encaixar num só.
Esta foi possivelmente a melhor entrevista que vi de José Luís Peixoto. Apresentou, em frases simples, a sua visão do mundo. Do país. Das suas raízes. De países distantes. Da maneira como se posiciona, como vê a relação com os seus filhos e com os seus pais e tios. Agrada-me ver um escritor tão internacionalizado com uma ligação tão genuína à terra onde nasceu. Às suas memórias e ao presente da sua casa. Sem transformar esse regresso em perplexidade. Tornando-o uma forma prolongada de respiração.
A segunda parte da conversa, já dentro do carro, parece-me a melhor. Aí entra a mestria do Luís, meu amigo e companheiro de tantas ideias e projectos. O seu virtuosismo não transparece por uma opção de edição mas aquilo que Peixoto diz e a forma como se emociona só são possíveis com a intervenção de um entrevistador que arrisca nas perguntas e toca naquilo que mais nos importa e nos define. Deixamos por instantes de fazer de conta. Esquecemos por segundos os mercados e a dívida, o Passos e o Seguro, a Merkel e o FMI. Voltamos a poder ser homens, só homens. Perante o que fizemos e aquilo que ainda podemos fazer.
Esta foi possivelmente a melhor entrevista que vi de José Luís Peixoto. Apresentou, em frases simples, a sua visão do mundo. Do país. Das suas raízes. De países distantes. Da maneira como se posiciona, como vê a relação com os seus filhos e com os seus pais e tios. Agrada-me ver um escritor tão internacionalizado com uma ligação tão genuína à terra onde nasceu. Às suas memórias e ao presente da sua casa. Sem transformar esse regresso em perplexidade. Tornando-o uma forma prolongada de respiração.
A segunda parte da conversa, já dentro do carro, parece-me a melhor. Aí entra a mestria do Luís, meu amigo e companheiro de tantas ideias e projectos. O seu virtuosismo não transparece por uma opção de edição mas aquilo que Peixoto diz e a forma como se emociona só são possíveis com a intervenção de um entrevistador que arrisca nas perguntas e toca naquilo que mais nos importa e nos define. Deixamos por instantes de fazer de conta. Esquecemos por segundos os mercados e a dívida, o Passos e o Seguro, a Merkel e o FMI. Voltamos a poder ser homens, só homens. Perante o que fizemos e aquilo que ainda podemos fazer.
1 comentário:
Caro Nuno Costa Santos
Não vi na integra esta entrevista mas este facto não me inibe de entender a entrevista, pois esta é uma oportunidade de dar voz aos que não têm, usando um entrevistador que resiste não sendo "alinhado" e um escritor que interpreta o personagem comum, sem voz e projecta esta mesma voz genuína e com verdade.
Este post é uma oportunidade de levantar o lugar comum e lhe dar a dignidade que merece, desde o Alentejo, aos lugares mais pequenos dos Açores, é um País que existe, na sua própria realidade, ousando sair da escuridão que lhe vetarão, à luz da ribalta que a televisão permite, é este País multi-cultural que tem que ser respeitado, contra a aculturação Europeia sem nexo e contra natura.
Parabéns pelo Post, que mostra que nem tudo que é periférico à moda Europeia, é retrogrado e desnecessário, há um mundo muito nosso que acrescenta qualidade e humanismo cultural que deve ser observado, divulgado e salvaguardado.
Açor
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