quarta-feira, janeiro 20

PSD

...
Os druidas do horóscopo político da TV, e mais uns quantos politólogos do calibre do "zandinga", vaticinam em 2010 o fim do mundo para PSD. Num cenário apocalíptico tivemos até alguns oráculos, veneráveis e também geriátricos, a profetizar o "suicídio colectivo" do partido. Tudo isto e muito mais à conta de uma pretensa "balcanização" do Partido ! Ora, só um partido como o PSD é que consegue congregar em equilíbrio tantas e variadas facções sem se desintegrar. Sabemos nós que há outros partidos que optam por mimetizar, com a máscara da democracia, a praxis de deificação do líder à semelhança dos Césares de outros tempos. Se o PSD é um partido em crise, para fazer uso do léxico destes anos zero, como explicar que sejam cada vez mais os pretensos candidatos a líder ? Na carteira de personalidades disponíveis não falta ao PSD pessoas com perfil para credibilizarem a política e colocar no mercado de valores uma alternativa ao País. De Passos Coelho a Marcelo Rebelo de Sousa, passando pela circunstância de Aguiar Branco, ou até nas escolhas mais radicais de Paulo Rangel ou Rui Rio, logo se percebe que este não é um partido de um homem só. Neste momento é apenas de Manuela Ferreira Leite que vê o seu prazo de validade na liderança encurtado pela possibilidade de um congresso extraordinário a ter lugar pela iniciativa de Santana Lopes. Alberto João Jardim, recorrentemente vilipendiado nos sítios do costume, veio deixar nota de um pressuposto essencial : a realizar-se um congresso extraordinário, mais do que eleger um líder, a reunião magna do PSD deve servir para convocar as bases para os desafios do partido em vez de ser apenas uma reunião de notáveis. As bases são fundamentais para as próximas encruzilhadas do PSD. Não haverá, nem há, uma crise de liderança no PSD, mas sim um caminho a percorrer no eixo ideológico em que o partido se quer posicionar. O PPD/PSD terá que centralizar no líder, seja ele qual for, a sua efectiva opção ideológica sem ser refém das ambiguidades de ora ser "centro esquerda" nos dias pares e "centro direita" nos restantes dias do calendário político. Com a esquerda cada vez mais unida em torno de um projecto social global para a sociedade portuguesa é tempo do PSD se afirmar ideologicamente, até porque, em termos sociológicos, garantem-nos os cientistas sociais que a proveniência da sua base eleitoral é sociologicamente de direita. O país merece um partido que não tenha pruridos de reclamar a dinâmica da "burguesia" e a ambição dos empresários na busca de um investimento no país que não seja especulativo, mas que seja produtivo, honrando o hino "paz, pão, povo e liberdade".

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

Sem comentários: