quarta-feira, novembro 15

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Não há fome que não dê em fartura...* Não tenho por hábito quotidiano empregar ditados populares, mas no que toca à oferta cinéfila desta semana, é esta a expressão que me apraz utilizar. Há meses em que pura e simplesmente o deserto de propostas invade as 9 salas da ilha. Outras semanas há em que haja tempo e orçamento disponível para sofrear a avidez da oferta.

Um dos hábitos que alimento desde que me conheço, e que aperfeiçoei na minha estada em Lisboa, foi a ida, no mínimo semanal, à sala de cinema. Apesar de toda a parafernália tecnológica disponível, actualmente, para aceder às propostas cinéfilas no conforto do sofá caseiro, não dispenso o ritual - por maior incómodo que a vizinhança ou a pipoca possam causar (desligo do mundo real e penetro na tela). Até consigo relevar a cadeira desconfortável ou o comentário inoportuno. Ir ao cinema é também isso. É uma experiência social. Se assim não fosse nunca teriam existido salas de exibição - Cinema, portanto.

Assim, esta semana, temos disponível, no Teatro Ribeiragrandense, Marie Antoinette de Sofia Coppola, que depois transita para o Cine Solmar. E que esta semana exibe Little Miss Sunshine, tragicamente traduzido para português como Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos e A Dália Negra um filme baseado no romance de James Ellroy (o autor de L.A.Confidential), com realização de Brian de Palma e com as participações de Scarlett Johansson e Hilary Swank. Na Castelo Lopes, destaco a fábula A Senhora da Água de M. Night Shyamalan (o realizador de Sinais e A Vila) e The Departed, o novo filme de Martin Scorsese, que marca a reconciliação do realizador com o seu público e o regresso a um universo familiar sob um manto de estrelas: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, entre outros.

A oferta cinematográfica nos Açores já viu dias mais negros. A crescente oferta de ciclos temáticos e a abordagem a novas cinematografias (e linguagens) veio revelar todo um público ávido por alternativas às exibições comerciais. Ambas as realidades têm de coexistir pacificamente - para bem do Cinema e para bem de um Público cada vez mais exigente. Quanto à tal ida ao cinema!? Façam as vossas apostas. Eu vou tentar ir a todas...

* na edição de 14/11/06 do AO

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