segunda-feira, fevereiro 7

SOAP OPERA



A nova saison de caça ao voto abriu oficialmente ontem, sendo certo que o período venatório termina a 20 do corrente. Logo a abrir vi e pasmei com um país que parecia ter ensandecido. Ao seguir mais um episódio desta opereta Nacional duvidei se em vez do Telejornal da SIC não estaria a assistir a um novo «reality show» da Endemol.

Dúvida legítima, já que na espuma destes dias que antecederam a abertura oficial da campanha tivemos um verdadeiro festival de la folie, que continuará a sua tournée, neste chapitô da Política à Portuguesa. Nalguns casos o casting roça o género felliniesco, derrapando para um standard «contra natura».

Vejamos: Terá sido ficção ou realidade a imagem de Louçã passeando-se nas feiras usando agora a máscara do seu arqui-inimigo? Terá sido ficção ou realidade ouvir um tonitruante Portas, galvanizando uma plateia de geriátricos militantes do PP no Palácio de Cristal do Porto, vociferando emocionado um revolucionário: «Assim se vê a força do PêPê». É caso para dizer que a realidade ultrapassou a mais rendilhada ficção, mesmo a que alinha no género do fantástico!

Neste corso que será a campanha destas eleições Nacionais o enredo é intrincado e sortido. O espectro é de banda larguíssima e vai do «Homem Total» que, num registo de época Estalinista, surgiu pela boca de Jerónimo de Sousa, até ao «Homem Absoluto», personagem agora encarnada por Sócrates embalado na trombeta épica do Vangelis!

No meio desta «biodiversidade» até temos um subproduto da democracia que dá pelo facho nome de Partido Nacional Renovador que, como já se percebeu, é um franchising do «Front-National» do Jean Marie Le Pen - espero que tenha poucos clientes.

Pela SIC chegaram-me ainda os ecos distantes de Santana Lopes em Celorico da Beira, envergando uma fantasia de pastor, sendo que entre o seu rebanho contavam-se inúmeros populares. No comício inaugural da campanha do PSD foi um destes populares, que vindo de Benfica e bem longe do seu bairro, disse, com chispa e convicção, que seguia Santana até ao fim do Mundo! (literalmente/sic!)

Neste reino de ficção até o cenário mais improvável é verosímil e Santana Lopes arrisca-se a ser o mais votado pelos espectadores desta TeleDemocracia. Se assim for as cabeças pensantes deste País entram em profunda entorse intelectual, imaginando um episódio suplementar desta soap opera na qual Jorge Sampaio será inevitavelmente «dissolvido». Claro está que este cenário apenas será viável numa novela de série Z.

Seja como for vive-se num País ensandecido num registo de soap opera quando todos nós merecíamos um País melhor.

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