sexta-feira, abril 16

Soneto

De Cristovão de Aguiar recebemos em forma de comment este soneto que, inevitavelmente, postamos com o devido agradecimento.

Na esquina do vento

Minha casa plantaste na esquina do vento
Onde as marés afinam suas melodias
Desde então te respiro e ganho meu sustento
Caiando de palavras o muro dos dias.

Entre o meu e o teu corpo um intervalo lento
Que a baixa-mar escolta bem de penedias
Redobra o meu querer-te quanto mais te invento
E só depois me vejo de órbitas vazias.

Velha pecha esta minha de mergulhar
Nos confins do teu nome para te procurar
E a mim também por rumos que eu já nem sabia.

À minha conta trouxe o mar dentro de mim
Vazei-o no meu búzio no dia em que vim
- ouço o marulhar não lhe cheiro a maresia.


Cristóvão de Aguiar

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