Ontem, já mesmo no final da sua longa entrevista à RTP, em
que explanou os detalhes deste falacioso desconfinamento, António Costa
declarou, com ar blasé, que o chamado Estado de Calamidade, que vigorará a
partir das zero horas de Domingo, durará por tempo indeterminado. Com absoluta
indiferença e com uma naturalidade apavorante, o Primeiro-ministro deixou
escapar a grande verdade escondida desta pandemia: a completa e absoluta
desumanização das nossas vidas está aí para ficar. Isto, a que chamam de “novo
normal”, é o tempo do medo e do autoritarismo. Também, já há dias que um vídeo,
de uma participante no Prós e Contras, supostamente com uma mensagem de
responsabilização dos cidadãos face ao vírus, anda a causar furor nas redes sociais.
Na verdade, o que transparece dessas declarações é a frieza desumana como as ditas
ciências da vida olham para os Seres Humanos. Aos olhos da medicina não somos
mais do que portadores da doença, cada um de nós é um Uber da contaminação, um aspersor
de contágios, que nos saem pela boca, e que urge deter, confinar, isolar e mascarar. Ao
medo, os Governos, que sem vergonha se declaram socialistas, alcandorados nas
reuniões do Infarmed e na opinião avalizada de médicos, farmacêuticos, virologistas,
matemáticos e todo um outro arsenal de doutos cientistas e Autoridades
Sanitárias, responderam com choque e pavor. Com um regresso inexplicável à
idade das trevas e a um incompreensível e inadmissível fascismo higiénico. Ao
ponto de, a partir da próxima semana, as crianças, de todos os graus de ensino,
das afortunadas e descontaminadas ilhas de Santa Maria, Flores e Corvo poderem regressar
à escola, mas desde que devidamente mascaradas, desinfectadas e impedidas de ver
os sorrisos umas das outras. Nas creches, as educadoras terão que cuidar dos
mais pequenos de máscara, se calhar de luvas, coartando-se assim o acesso ao
mais importante de qualquer cuidado, o calor humano. Tudo para que os pais,
remetidos ao teletrabalho não tenham que as/os ter em casa. Também por tempo
indeterminado aqueles de entre nós que mais precisam de apoio e de cuidado, os
mais idosos, os doentes crónicos, terão de permanecer confinados, em isolamento
profilático, dizem eles, quando na verdade o que querem dizer é abandonados e
sós. Nos transportes públicos haverá multas para quem não usar máscara,
enquanto eles, os privilegiados, continuarão nos seus carros topo de gama, quem
sabe se com motorista, a olhar por detrás dos vidros fumados a queda no abismo
da multidão dos desprotegidos, os que ficaram sem trabalho, os que viram os
seus negócios fechados, os que foram deixados à sua sorte, os que perderam tudo.
Entretanto, os Governos, apelidando-se desavergonhadamente de socialistas, o
que dizem fazer é salvaguardar a sacrossanta “saúde pública”, o que nos querem
fazer crer é que estão a salvar vidas. Mas, que vidas são essas que dizem
proteger? Que Vida é essa se lhe retiram a mínima réstia de Dignidade? O que
fica da Vida se lhe proibirem o afecto, o abraço? Que vida pode haver sem direito
à Liberdade, sem Fraternidade, sem o dever primeiro e fundamental da Solidariedade?
Durante séculos, milénios até, milhões de pessoas deram as suas Vidas por estes
valores. Que sociedade somos nós hoje, que largamos mãos deles, que socialistas
são estes que, em prol da ditadura das estatísticas e das curvas e do número de
camas e ventiladores disponíveis nas UCI, governam sem honrar estes valores? Onde
nos devíamos juntar para proteger e cuidar, afastamos. Onde devíamos compreender
e ajudar, isolamos. Quando devíamos pedir ajuda, fechamos fronteiras. Tudo em
nome do superior interesse dessa concepção abstrata chamada Saúde Pública. Um
dia, saberemos que as vítimas deste vírus não foram os mortos, foi a nossa própria
humanidade.
2 comentários:
(...)
Há quem se arrependa de ter votado no Socialismo de Costa e no Populismo de Marcelo. Há quem se admire de uma deriva totalitária sem ter vislumbrado que ela já aí estava encapotada numa democracia de falsete (prova-o a impunidade da corrupção a níveis nunca vistos que já infectou a magistratura dos tribunais superiores...tudo, como sempre, na mesma sem accountability). O planalto de pensamento único tem agora condições para consolidação. O pior está para vir com a subjugação de todos à economia de Estado e ao regime de partido único que tem já sucessor ao trono do Rato na pessoa odiosa do PedronãoseiquantosSantos. Amanhem-se : está para durar o "humanismo" socialista e o "optimismo" marcelista com juras de um milagre sem austeridade. A mim nunca me enganaram e só não associo predicados animais às criaturas por respeito zoófilo. O meu irmão diz para ter cuidado com a azia. Cá por mim devo é resguardar-me da realidade.
JNAS
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