sábado, fevereiro 23

QUAL ESTADO SOCIAL QUAL CARAPUÇA ou O SONHO COMANDA A VIDA

Feliz ou infelizmente, o “estado social” não existe! É de difícil configuração e o tema torna-se numa esperançosa falácia quando justifica debates, fomentando a mais absoluta “diarreia cerebral”.

Aquilo a que se chama “estado social” deriva da incapacidade daqueles que, supostamente mais habilitados, procuraram criar um conjunto de convenções para gerir o que é de todos, conseguindo «apenas» melhor posicionarem-se no xadrez civilizacional moderno, fazendo colapsar o sistema com o dinheiro que não era deles.

Este é o modelo que, inacreditavelmente (até eu fico com dúvidas) mais nos faz aproximar da estratificação social da monarquia e que inspira, dia após dia, um cada vez maior número de cidadãos desesperados a compararem o sistema político do seu país com o de outros, deixando-se acreditar que pelo menos os reis tinham sangue azul e tinham nascido para tomar conta do «seu povo», de uma forma que agora se espera seja tão ou mais providencialista. É, pois, vergonhoso, para aqueles que se apercebem do sarilho em que estão metidos, saber que foram lá colocados pelos seus semelhantes, raça à qual, agora, ninguém quer pertencer.

Não sendo um neoliberal (que, para muitos, são como que os novos malditos), acredito que há mais ideias a florescer na empobrecida sociedade do que nos novos castelos feudais em que estão transformadas algumas das funções sociais da governação pública e, quando houver um verdadeiro derrame de informação entre as mentes que compõem a massa disforme, as inovações e as soluções (mais ou menos ardilosas) tenderão a aparecer e a disseminar-se pela população em geral.

Martin Luther King, Jr tinha um sonho. Este é o meu.

15 comentários:

Anónimo disse...

O "teu" estado social pode não existir mas o estado social - tal como o entendemos nas democracias liberais que o institui - EXISTE e deve existir.

O estado social não tem que ser o estado corporativista que serve elites.

O estado social não tem quer ser uma entidade que devassa o erário público.

Afirmar que o "estado social" não existe é uma manobra retórica interessante que acirra a discussão....mas, na minha op, não me parece muito perspicaz...

existe e continuará a existir, espero eu.



Anónimo disse...

errata

nas democracias liberais que o instituiRAM

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Nem sempre um esforço intelectual de apresentar uma ideia diferente resulta, este post é certamente(na minha opinião)um caso deste, misturar a monarquia, os pecados dos maus gestores(incompetentes, desonestos e preguiçosos)com o Estado social(sem sequer distinguir os vários tipos de estado social)e depois mesclar tudo isto com as ideias a surgir da contestação social, não só nos diz muito sobre o que esta em causa, nem aponta responsáveis causas e saídas para o problema.
Enfim ficamos pelo esforço e esperemos que sai outra ideia melhor no próximo post.
Saudações Açor

Anónimo disse...

Martin Luther King, Jr tinha um sonho. Este é o meu.

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Uauu. Épico.

O Dr King deve ter dado umas quantas piruetas de júbilo no além.

O prob é que eu não percebi qual é o teu sonho. Este teu sonho é coisa indecifrável que oscila caoticamente entre o esquerdismo radical e a direita tweed-twat-conservadora???? Um pendulum que rodopia a 360, graus, claro.


O meu sonho é passar uma noite inteirinha acordado com a Bar Rafaeli Escolhe um sonho como deve ser, Carlos!!!

Carlos Rodrigues disse...

Meus amigos,
Posso, e facilmente, concordar convosco. Os vossos argumentos fazem sentido dentro dos modelos vigentes.
O problema é saber: estarão esses modelos falidos? O que é que os sustenta num eventual fim de curso? E para quando o fim de curso?
No entanto, feliz ou infelizmente a vida do «obtuso ser» não se encontra ancorada nos vários paradigmas sociais nem decorre de forma linear das ditas convenções.
Para terminar, a inovação paira entre o excesso da ordem e o excesso da anarquia e a consolidação das boas ideias (as que originam melhores modelos) devem muito ao aumento do n.º de pessoas juntas. Daí, a necessidade de defendermos a subsistência das tertúlias de café (com maior incidência nas cidades).
Tudo (tudo mesmo) se pode relativizar. Depende muito do ângulo de abordagem e da dimensão que alcança.

Anónimo disse...

Caro Carlos Rodrigues
Saiu-se bem na resposta, usando da sua conhecida inteligência consegui levar-nos para um caminho necessário e que terá que ser encontrado( e que tenho várias vezes apontado)que é como bem aponta o do debate para encontrar as saídas, não para sair do estado social(enquanto enquadramento social de partilha e salvaguarda dos direitos)mas como forma de encontrar respostas para repartir o mais equitativamente possível os recursos públicos.
A história do sistema de segurança social tem muito que contar e serve de capa para muitos interesses que se pretende desmistificar.
Saudações
Açor

Anónimo disse...

é isso, tertúlias.

podemos "relativizar" as tertúlias e a ideia de que " a inovação paira entre o excesso da ordem e o excesso da anarquia"?

é claro que sim.

tudo pode ser relativizado. até os mais elementares factos. porra, até o hitler e o salazar poderiam ser relativizados. se calhar até foram grandes estadistas, diriam os proponentes do relativismo moral. o socas, o portas e relvas não são &%%$%#%. tudo pode ser relativizado. há uma multiplicidade de verdades e não há critério que nos permita discernir o mais verosímil. tudo pode ser relativizado, até a própria "veracidade" da proposição "tudo pode ser relativizado." depois de relativizar tudo isto, qual é o valor da verdade EMPÍRICA??? ZERO. ZIELTSCH. isto é, dizer que tudo pode ser relativizado é o mesmo que admitir que todas as opiniões são igualmente banais.

e assim se perde um vocabulário comum e envereda-se por um labirinto infinito de muitas verdades onde já ninguém sabe onde fica o norte.



uma resposta muito pós-moderna (a tua), Carlos.

o prob é que o relativismo pós moderno é uma forma de suicídio filosófico: se tudo é relativizável então o que eu estou a dizer é perfeitamente banal.

Anónimo disse...

é isso, tertúlias.

podemos "relativizar" as tertúlias e a ideia de que " a inovação paira entre o excesso da ordem e o excesso da anarquia"?

é claro que sim.

tudo pode ser relativizado. até os mais elementares factos. porra, até o hitler e o salazar poderiam ser relativizados. se calhar até foram grandes estadistas, diriam os proponentes do relativismo moral. o socas, o portas e relvas não são &%%$%#%. tudo pode ser relativizado. há uma multiplicidade de verdades e não há critério que nos permita discernir o mais verosímil. tudo pode ser relativizado, até a própria "veracidade" da proposição "tudo pode ser relativizado." depois de relativizar tudo isto, qual é o valor da verdade EMPÍRICA??? ZERO. ZIELTSCH. isto é, dizer que tudo pode ser relativizado é o mesmo que admitir que todas as opiniões são igualmente banais.

e assim se perde um vocabulário comum e envereda-se por um labirinto infinito de muitas verdades onde já ninguém sabe onde fica o norte.



uma resposta muito pós-moderna (a tua), Carlos.

o prob é que o relativismo pós moderno é uma forma de suicídio filosófico: se tudo é relativizável então o que eu estou a dizer é perfeitamente banal.

Anónimo disse...

há uma multiplicidade de verdades e não há critério que nos permita discernir A mais verosímil.

Anónimo disse...

a expressão que costuma acompanhar o relativismo pós moderno é:

tudo pode ser PROBLEMATIZADO ou DESCONSTRUÍDO:

é uma pena que nunca tenha lido uma porra de uma análise ou estudo interessante + sólido desta malta que tudo "problematiza" e "relativiza."

nunca respondem a coisa alguma em concreto

refugiam-se sempre em generalizações vagas e insípidas.

Anónimo disse...

Carlos

Vais gostar de ler este senhor, com toda a certeza.

http://books.google.pt/books?id=OYN88ArbxUAC&pg=PA237&lpg=PA237&dq=charles+taylor+moral+relativism&source=bl&ots=-tHunBAGGr&sig=mln2BykdalVDiL-5ZqfOhtt-Jzo&hl=en&sa=X&ei=d4oqUcXjBZOWhQfXm4CIDA&ved=0CDwQ6AEwAw#v=onepage&q=charles%20taylor%20moral%20relativism&f=false

Anónimo disse...

Caro Carlos

só uma correcção para que não fiques com a impressão errada.

concordo inteiramente com o teu excelente post, especialmente com isto (muito bem escrito) :

" Aquilo a que se chama “estado social” deriva da incapacidade daqueles que, supostamente mais habilitados, procuraram criar um conjunto de convenções para gerir o que é de todos, conseguindo «apenas» melhor posicionarem-se no xadrez civilizacional moderno, fazendo colapsar o sistema com o dinheiro que não era deles."


O conceito de "bem publico" foi monopolizado e usurpado ....

Não concordo com o relativismo mas concordo com a tua tese que, diga-se a bem da verdade, não é fácil de relativizar porque é inteiramente e inequivocamente corroborada pelos factos.

Abraço

Anónimo disse...

Artigo do Krugman contra as políticas de austeridade.

http://www.nytimes.com/2013/02/25/opinion/krugman-austerity-italian-style.html?src=me&ref=general&pagewanted=print

Porque é que Sr Krugman está errado???

Poderemos encontrar a resposta a esta pergunta no artigo acima.

Quem é que diz que ele está errado?????? Quem o critica?

Anónimo disse...

sáídas? Michael Sandel.
Parece-me a mim bastante sensato na sua perspectiva de correção ao liberalismo - que falhou. não totalmente, mas falhou com o não controlo do estado social polvo. de todos, mas maioritariamente socialista. aqueles que gostam de controlar tudo e todos. nao ha pais que seja sustentável. pena. enfim. perspectiva de sandel. a ler.

Anónimo disse...

Anónimo Sandeliano

Sinceramente, não sei se o sr prof Sandel defenderia uma redução do estado social apolvanado, nem sei se ele alguma vez propôs medidas institucionais concretas (ie. que visem a organização do estado)

Li alguns dos seus livros. As suas mais célebres críticas visam o individualismo ( noção de que a essência do indivíduo pode ser abstraída da sua realidade e condição social) Este é um argumento Marxista que Sandel reformulou de forma mais aceitável, sem sucumbir a determinismos históricos
ou à noção de guerra de classes.

Faz muito bem em ler Sandel. Filósofo interessante.
Todavia, o que o sr prof ignora nos seus livros é que o liberalismo de Mill (por ex) NÃO defende o individualismo de mercado (apesar de defender a inviolabilidade dos direitos individuais), tal como o conhecemos...

Bem, isto daria pano para mangas...assunto complicado mas interessante...

Sandel foi, tal como Charles Taylor, MacIntyre e Habermas, estereotipado como um pensador Communitarian....


Nenhum dos comunitaristas propôs nada de particularmente novo. (idem para os do campo oposto)

a filosofia política actual que deseja inovar tem que partir destes dois pontos cardinais:

1.Os mercados são falíveis e muitas vezes injustos na forma como distribuem riqueza (não obstante terem retirado centenas de milhão da pobreza nas últimas décadas...brasil, india, china, coreia do sul etc)

2-Os estados idem.

A nova filosofia política terá que ser radical dado que terá que inventar uma saída que tenha em conta as injustiças dos mercados E dos estados.

Terá que ser algo de radicalmente novo e imaginativo.

Excitante, portanto.