«República das Letras»
"«Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida», começa Catarina Neves, a aluna mais velha da República das Letras, às 8h00. A seguir vem Tomé Gomes, aluno fascinado pela literatura, história e política. «Pesado de vinho! Olhos de cão! Coração de gamo!», recita entusiasmado com as consequências políticas da cólera de Aquiles contra Agamémnon. O entusiasmo foi tal que a certa altura Marta Silva começa a fazer-me sinais frenéticos. Olhei para as linhas e percebi o problema. O aluno estava literalmente no meio da assembleia dos Aqueus a ler a parte dela. Sorri e pensei que não podíamos ter começado de forma mais promissora."
"No dia 8 de Janeiro (2011), às 07h15, um táxi levou-me até ao centro de Angra. «Ler um livro desse tamanho?» Perguntou-me o taxista incrédulo, ao ouvir o meu plano homérico para o dia que nascia. «Nunca gostei de ler. E filmes, têm de ser de acção! Se não houver uns tirinhos, uns carros e umas miúdas, não consigo ver. Nunca li um livro na vida - livra!» Dei por mim a pensar na ironia da situação. O dia da leitura da primeira grande obra da literatura europeia começou com um homem que detestava ler."
No n.º 121, o mais recente da LER, Miguel Monjardino explica-nos que "Aconteceu por acaso no Café Athanásio, em Angra do Heroísmo. A ideia de fazer uma leitura pública da Ilíada apareceu a meio do artigo «Skin or swim», de John O’Connor, publicado no Financial Times. O’Connor escreveu sobre as 25 horas da décima terceira leitura do grande clássico de Herman Melville (Moby-Dick) em New Bedford. Do Financial Times até à Grécia arcaica e clássica foi um pequeno passo. A tradição dos recitais e leituras públicas começou nas cidades gregas com a Ilíada e a Odisseia."
LER disponível na Bertrand do Parque Atlântico e na Livraria SolMar
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