quinta-feira, abril 15

Os primeiros passos

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Por razões pessoais e profissionais não fui ao XXXIII Congresso do PSD mas a reunião magna do PSD chegou-me a casa por via televisiva e fui "picando" na net, e nos jornais, a análise e a atenção que foi dada ao Congresso de Pedro Passos Coelho. A actual liderança do PSD assinou um pacto de "armistício" interno dando nota de que o tempo de "contar espingardas", para "fogo amigo", é já um episódio do passado. Note-se que esse gesto magnânimo de Pedro Passos Coelho, integrando nos órgãos de direcção do Partido os adversários das últimas directas, é louvável, desde logo pela atitude do vencedor, mas também não deixa de merecer o devido elogio à dignidade com que o convite foi aceite por Aguiar Branco e Paulo Rangel. Com este gesto os "vencidos" desta lide interna deram também um sinal para os seus apoiantes, prestando o exemplo que, vindo de cima, importa seguir a bem da unidade do Partido. Porém, num partido como o PSD, ficou também o aviso de que essa unidade não equivale à unicidade e ao unanimismo que é o timbre autocrático de muitos partidos que se dizem da Democracia mas, entre portas, têm uma cartilha imposta pelo comandante das respectivas tropas que ninguém ousa sequer debater. Dito isto fica o registo positivo de que Pedro Passos Coelho cumpriu com a palavra dada e concretizou a vontade de convocar para os órgãos nacionais do PSD os "cabeças de cartaz" da sua oposição interna, integrando-os assim numa legião de combate que tem por missão prioritária devolver o PS às bancadas da oposição. Mais do que "despartidarizar, desgovernamentizar e desestatizar" a República Portuguesa, como defende Passos Coelho, é mais importante e urgente "dessocratizar" Portugal. Essa deve ser a missão prioritária do PSD que, naturalmente, exige a concertação interna de esforços e vontades para que os Portugueses vejam no PSD uma alternativa ao apodrecimento da República antes que esta gangrene sem possível remição. Do discurso do líder do PSD destaco apenas a ideia do tributo solidário que, nas palavras da moção de estratégia de Passos Coelho, "consiste na criação da cartilha de direitos e deveres de solidariedade onde os beneficiários dos apoios do estado têm de devolver o benefício em trabalho social ou outra forma de retribuição à sociedade pelo esforço efectuado". Não tem Passos Coelho o exclusivo do diagnóstico do problema, nem sequer a patente registada da ideia de retorno social das prestações e subsídios, como o rendimento de inserção social, mas teve a coragem de assumir formalmente esse desafio e de lhe dar destaque a partir da tribuna do congresso. Efectivamente, como já defendemos, é tempo de perceber que é à conta da classe média portuguesa - (os ditos "trabalhadores" de outros tempos) - que se sustenta uma mole de cidadãos que têm o "direito" de receber o seu "pão" através do Estado, mas cospem na sopa de quem os alimenta ignorando quaisquer "deveres" para com o mesmo Estado. Finalmente, mas não menos relevante, Berta Cabral, que integra a Comissão Nacional do PSD, vê a presença Açoriana no partido reforçada com indigitação de José Manuel Bolieiro para o Conselho Nacional do PSD que é agora liderado por Paulo Rangel. Nunca seremos demais para defendermos os Açores e nessa missão, seja onde for, acredito que o PSD/A, superiormente representado, será sempre mais autonomista do que aqueles que recentemente, a reboque da possível "regionalização", invocam a experiência dos Açores e da Madeira como modelos. Com esta concertação interna o PSD dá os primeiros passos iniciando a "peregrinação" para a necessária e higiénica "dessocratização" de Portugal.
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Joao Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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