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Personalidades mais conservadoras lamentam, e bem, que as escolhas que fazemos são preferencialmente condicionadas pelo aspecto ou pela aparência do produto que nos é oferecido. São as regras do jogo em que frequentemente se subvaloriza o valor intrínseco e real de um produto, ou serviço, em detrimento de outro mais refulgente e plastificado. Há um anglicismo para esta realidade: "marketing" ! O "marketing" é daquelas palavras frequentes no linguajar da plutocracia, mas ausentes da língua do comum dos mortais que prefere rotular a prática de tais actividades como mera propaganda. Esta filosofia foi elevada ao estatuto de arte no mundo empresarial e, entre nós, a SATA ("acrónimo" para Serviço Aéreo de Tarifas Altas, infelizmente a expressão não é minha) é reconhecidamente um bom exemplo dessa mestria. Reconhecendo e distinguindo a SATA no âmbito dessa arte do "marketing" a edição de 2010 do "magazine" - (é mais cosmopolita do que a palavra "revista") - "Marketeer" - (who cares !) - nomeou a companhia aérea de "alguns" açorianos para o prémio de "Marketing, Publicidade e Comunicação" na categoria "Transportes e Logística". A votação está disponível on-line para os adeptos das novas tecnologias e para os avençados que queiram fazer o frete à SATA. É uma nomeação que distingue o que de melhor faz a SATA, ou seja, fabricar e vender uma imagem suportada em elegantes "autocolantes" que adornam as suas aeronaves e numa belíssima montra virtual existente no site da companhia que, por si só, já merecia um prémio de marketing na categoria de "web-design". Contudo, e porque frequentemente, as aparências iludem, esse brilho não esgota o objecto social da companhia que, por obrigação de serviço público, continua a ter por missão o transporte de passageiros inter-ilhas e para outros destinos. Aqui já não se compagina com a imagem virtual de "marketing" de uma companhia dinâmica, moderna, e eficiente o mau serviço que frequentemente presta aos Açorianos. Exemplos não faltam, mas dos mais recentes ilustram essa realidade, na sombra do "marketing", o caso do doente com um AVC que esperou mais de 24 horas nas Flores por um avião da SATA, mas que acabou por ser evacuado num avião da Força Aérea Portuguesa – (à conta do erário da Região) - , o incidente do menor não acompanhado que a SATA deixou na Horta mas que deveria ter destino ao Corvo e que implicou, no dia seguinte, uma alteração de voo para cumprir com as suas obrigações, o recente fim de semana alucinante a que foram obrigados inúmeros passageiros que, por avaria numa das aeronaves, e incapacidade de sua substituição, ficaram retidos na Terceira numa sexta-feira e só conseguiram regressar a São Miguel na segunda-feira seguinte. Vicissitudes tão frequentes que a avaliar pela sua reincidência arriscam-se a fazer da excepção a regra. Finalmente, mas não menos relevante, só mesmo um génio do "marketing" seria capaz de recentemente publicitar, com desfaçatez, em todo e qualquer recanto de Lisboa, uma tarifa de € 35 praticada pela SATA entre Lisboa e Funchal, esquecendo dolosamente que passaria a uma conta com três dígitos, passando da ordem das dezenas para as centenas, caso o destino fosse Açoriano. Essa é a realidade que as aparências do "marketing" iludem.
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
Personalidades mais conservadoras lamentam, e bem, que as escolhas que fazemos são preferencialmente condicionadas pelo aspecto ou pela aparência do produto que nos é oferecido. São as regras do jogo em que frequentemente se subvaloriza o valor intrínseco e real de um produto, ou serviço, em detrimento de outro mais refulgente e plastificado. Há um anglicismo para esta realidade: "marketing" ! O "marketing" é daquelas palavras frequentes no linguajar da plutocracia, mas ausentes da língua do comum dos mortais que prefere rotular a prática de tais actividades como mera propaganda. Esta filosofia foi elevada ao estatuto de arte no mundo empresarial e, entre nós, a SATA ("acrónimo" para Serviço Aéreo de Tarifas Altas, infelizmente a expressão não é minha) é reconhecidamente um bom exemplo dessa mestria. Reconhecendo e distinguindo a SATA no âmbito dessa arte do "marketing" a edição de 2010 do "magazine" - (é mais cosmopolita do que a palavra "revista") - "Marketeer" - (who cares !) - nomeou a companhia aérea de "alguns" açorianos para o prémio de "Marketing, Publicidade e Comunicação" na categoria "Transportes e Logística". A votação está disponível on-line para os adeptos das novas tecnologias e para os avençados que queiram fazer o frete à SATA. É uma nomeação que distingue o que de melhor faz a SATA, ou seja, fabricar e vender uma imagem suportada em elegantes "autocolantes" que adornam as suas aeronaves e numa belíssima montra virtual existente no site da companhia que, por si só, já merecia um prémio de marketing na categoria de "web-design". Contudo, e porque frequentemente, as aparências iludem, esse brilho não esgota o objecto social da companhia que, por obrigação de serviço público, continua a ter por missão o transporte de passageiros inter-ilhas e para outros destinos. Aqui já não se compagina com a imagem virtual de "marketing" de uma companhia dinâmica, moderna, e eficiente o mau serviço que frequentemente presta aos Açorianos. Exemplos não faltam, mas dos mais recentes ilustram essa realidade, na sombra do "marketing", o caso do doente com um AVC que esperou mais de 24 horas nas Flores por um avião da SATA, mas que acabou por ser evacuado num avião da Força Aérea Portuguesa – (à conta do erário da Região) - , o incidente do menor não acompanhado que a SATA deixou na Horta mas que deveria ter destino ao Corvo e que implicou, no dia seguinte, uma alteração de voo para cumprir com as suas obrigações, o recente fim de semana alucinante a que foram obrigados inúmeros passageiros que, por avaria numa das aeronaves, e incapacidade de sua substituição, ficaram retidos na Terceira numa sexta-feira e só conseguiram regressar a São Miguel na segunda-feira seguinte. Vicissitudes tão frequentes que a avaliar pela sua reincidência arriscam-se a fazer da excepção a regra. Finalmente, mas não menos relevante, só mesmo um génio do "marketing" seria capaz de recentemente publicitar, com desfaçatez, em todo e qualquer recanto de Lisboa, uma tarifa de € 35 praticada pela SATA entre Lisboa e Funchal, esquecendo dolosamente que passaria a uma conta com três dígitos, passando da ordem das dezenas para as centenas, caso o destino fosse Açoriano. Essa é a realidade que as aparências do "marketing" iludem.
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
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