sexta-feira, março 12
A «última» crónica
Foto Enviado Especial
Entre 2 e 7 de Março o Teatro São Luiz foi a embaixada da cultura açoriana, em Lisboa. A iniciativa partiu de um convite de Jorge Salavisa ao Teatro Micaelense, fruto da parceria institucional existente entre ambas as salas de espectáculo.
Esta foi uma operação pioneira e meritória que, nesta primeira edição, possibilitou o salto necessário, e fundamental, para o “exterior”. Um objectivo que é para muitos artistas (e projectos) das ilhas, muitas das vezes, intransponível.
O São Luiz foi palco de oportunidades e funcionou como uma descentralização ao contrário. Porque foi, neste caso, o local que se deslocou ao centro e se transformou ele próprio, numa centralidade.
A literatura, a arquitectura, a dança, os novos criadores, a culinária e a música, em diferentes formatos, constituíram as propostas com que os Açores obsequiaram os lisboetas. Entre açorianos residentes na capital, estudantes, “amigos dos Açores” e público “anónimo”, foram muitos os curiosos que acorreram ao Jardim de Inverno e à Sala Principal, do São Luiz, para participar nos debates e assistir aos concertos, constantes do extenso programa proposto.
No entanto, e é com alguma mágoa que digo isto, foram poucos os ecos que nos chegaram da capital. Para além do trabalho irrepreensível da RDP/A, que diariamente fez apontamentos sobre o desenrolar dos acontecimentos, e da Azoresglobal TV que efectuou diversas emissões online e em directo dos espectáculos e debates, no restante espectro noticioso regional o vazio foi quase total. E em relação à Semana, propriamente dita, ficaram-se por episódios secundários e por questiúnculas risíveis. É pena que tenha sido essa a leitura (à distância).
Em Outubro de 2006, quando iniciei a minha colaboração quinzenal com este jornal, escrevi o seguinte: «As guerras e os ódios pessoais inerentes a um espaço sócio-cultural restrito delimitam forçosamente a agenda e a edição daqueles que, por princípio, têm por obrigação informar. Isso não é dito nem assumido, mas lê-se». Agora, talvez mais do que então, faz ainda mais sentido aquilo que redigi.
PS: Foi bom estar deste lado. O “exercício” agora passa a ser outro.
* Publicado na edição de 09/03/10 do AO
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