quinta-feira, fevereiro 4

Losing the Dream

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Obama e a sua oratória de evangelista iluminado, conduzindo os americanos a uma terra de mel, esmoreceu com o fel da realidade. O super Obama no final do primeiro ano do seu mandato assusta mais os Americanos e o Mundo do que os tranquiliza. O "profeta" da mudança prometeu acabar com a Guerra do Iraque, reabilitar a honra militar americana encerrando o "campo de concentração" de Guantánamo, garantir cuidados de saúde para todos os americanos "nacionalizando" os prémios de seguros de saúde, higienizar a América regulando as indústrias poluentes para travar o "aquecimento global"…and so on.
O certo é que nenhuma destas bandeiras eleitorais foi cumprida ou é previsível que o venha a ser a breve trecho. Porém, a despesa pública disparou em flecha e é hoje um "issue" na vida das famílias americanas. Por exemplo: a galopante despesa pública com a saúde, pelo prisma do programa de rendimento mínimo que lá mereceu o baptismo propagandístico de "Obamacare" ameaça a sustentabilidade financeira da federação. Com esta e outras ajudas de Obama estima-se que a dívida pública, no final do seu mandato, se aproxime do incomensurável valor de 12 triliões de dólares! Para já, os americanos estão mais "focados" numa política de emprego do que em abrir um buraco negro nas finanças públicas com titânicos investimentos de duvidoso retorno. Quem o diz não são os analistas e os comentadores que julgam ser "opinion makers". Quem o diz é a própria opinião pública que nas sondagens tem arrasado a popularidade de Mr. Obama. Hoje, de acordo com as sondagens de opinião, mais de metade dos eleitores americanos coloca em dúvida que a América está no bom caminho. Ao contrário do preconceito europeu o americano médio não é destituído de massa cinzenta suficiente para perceber que, no final de contas, quem vai ficar a perder é a classe média. Bom exemplo dessa revolta silenciosa é a que é alimentada pela implementação de um "serviço nacional de saúde universal e gratuito" que, por um lado, vai onerar a carga fiscal para alimentar o "monstro", e por outro lado, vai aumentar o lucro das seguradoras que continuarão a ser o pilar do sistema mas agora com a "muleta" do Estado a pagar os prémios de saúde daqueles que não o puderem fazer! O seguro de saúde será obrigatório, é certo, mas os cidadãos que não o pagarem serão subsidiados para o fazer. Isto é, resumidamente, "Estado-Providência" à moda da velha Europa que, no novo Mundo, mais do que uma mudança é uma traição ao american way of life. Como a receita é já conhecida por cá isto faz-se ainda com recurso ao endividamento junto da demonizada Banca que, a seu tempo, baterá à porta da Casa Branca para reclamar os seus créditos. Como tudo isto não é apenas retórica o deficit das contas públicas – (um mistério para os americanos) – ronda já os 12 % o que é, condescendamos, uma vitória de Obama pois bateu um recorde superando o valor mais elevado até à data e que se reportava à época da segunda guerra mundial. Isto não é a ficção dos "amanhãs que cantam" em versão Obama mas a realidade e em "cash" está próximo de 1 trilião e meio de US Dólares. Com Obama a comparação do deficit ao PIB ultrapassou a fasquia de 1945 e só a despesa pública atingiu quase 25% do PIB. Tudo isto com tendência para crescer no próximo exercício. A economia parece ter estabilizado, é justo que se diga, mas alguém vai ter que pagar a factura. A ironia de tudo isto é que os Estados Unidos da era Obama importaram da velha Europa o modelo assistencialista do qual nos queremos livrar e cuja falência se vai adiando com injecções de despesa pública. Os Americanos estão perdendo o sonho americano. O pesadelo em que se vão meter nós já o conhecemos bem e por cá chama-se socialismo.
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João Nuno Almeida e Sousa - nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

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