segunda-feira, dezembro 15

As escolhas que fazemos na vida.

Um lamento pelos dias que hoje passam.

Tudo se reduz ao equilíbrio imensamente precário entre o bem e o mal. E o fiel dessa balança é a consciência individual de cada um de nós. Vivemos hoje, como em outros tempos da história, momentos que se atropelam e que deixam muito pouco espaço à reflexão. Somos plenamente emotivos, feitos de paixões e reacções, agimos baseados no mínimo denominador do pensamento, o preconceito. Os seres humanos vivem assoberbados pela rapidez dos eventos, uns desprotegidos pela extrema pobreza, outros pelo desperdício próprio de uma imensa riqueza. Ausentes de conhecimento, que é a base primeira de qualquer tomada de posição viável, reagimos mais do que construímos, acusamos mais do que defendemos, existimos, apenas, em vez de sermos.

Ao seguir um caminho sem ponderar sobre as opções que se nos colocam reduzimos a Humanidade a um ponto no tempo, recusar ver o que está ao nosso lado é não ser.

Quando um adolescente decide pegar em armas para matar os que lhe são mais próximos, quando alguém sequestra um avião e se joga num abismo mortal para si e mais centenas de outros, quando um homem assume sobre si o peso de um país e o larga sobre o mundo, quando uma criança sofre ou um velho morre sozinho, há algo em todos nós, em cada um de nós, que falhou.

A História da humanidade é feita tanto de vitórias como de derrotas. O bem e o mal sempre estiveram abraçados no que ao destino dos homens diz respeito. A nossa esperança reside apenas no sonho de que depois de nós o mundo seja um pouco melhor.

E no fim tudo se resume a uma escolha entre o bem e o mal. E a única forma de fazer essa escolha está no saber, no conhecimento, na educação. O bem maior da humanidade é o conhecimento e é na partilha do mesmo que construímos uma hipótese de sobrevivência. Sem o abraço de um pai a um filho, sem o toque de um professor num aluno, sem a passagem de testemunho entre gerações, mais do que entre homens, sem esse elo, nós não somos nada.

Se um homem mata também eu primo o gatilho, se um homem morre também eu desvaneço.

Na eterna e constante luta entre o bem e o mal não existem lados, não existem facções, há apenas derrotas. Há apenas o bem que sai derrotado. E somos todos nós que perdemos. A utopia maior é querer ver o bem nunca derrotado. O mal maior é não saber uma consciência universal de bem. Isso faz toda a diferença.

A mim resta-me ser bom e verdadeiro comigo próprio, pouco mais, mas isso também faz toda a diferença.

Sobre isto há muita poesia que mesmo eu gostaria de recordar mais vezes mas neste dia de inverno recordo este poema que fala de caminhos e de opções e da consciência imprescindível de que as nossas escolhas são mais do que escolhas, são caminhos não percorridos:

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I--
I took the one less traveled by
And that has made all the difference.

The Road Not Taken
Robert Frost

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