quinta-feira, agosto 9

A sensatez dos plátanos


Esperam-nos, com aquela soberania que só as árvores encerram, no ponto exacto em que a SCUT (no sentido Nordeste – Ponta Delgada) se funde com a estrada regional. São três velhos plátanos, três seres distintos forjando uma entidade única, sólida, infatigável. Passo por ali diariamente nestas tardes estivais, e todos os dias sinto a força da sua sensata advertência: «Desacelera, activa o freio (do pé, do carro, do coração), que a partir daqui a coisa é nossa, é antiga e inabalável, um sábio reino de seiva e de raízes». E eu, claro, obedeço.

9 comentários:

jv disse...

A sensatez dos plátanos está dependente da sensatez do homem, o que os torna alvos de alto risco...

Anónimo disse...

Cara Renata
As coisas disparas, entre um "passado e um presente", "...começam por se estranhar e depois por se entranhar..." nem sempre esta mudança é fruto do bom gosto e do bom senso, nem tão pouco ela decore da aceitação dum verdadeiro progresso...
Apeteceu-me escrever estas palavras(que aparentemente nada tem a ver com o texto) sobre a scut do Nordeste, pois desde a(já tinha denunciado antes a sua construção) festa popular e governamental, da sua inauguração, entendi, que muitas vezes o Povo pode estar satisfeito e a obra merecer toda a espécie de reparos.
No caso da scut do Nordeste julgo que ainda está por abrir a caixa de pandora, que resulta da sua construção, não só, por a mesma ser um elefante branco, que não acrescentará nada à economia do Nordeste, como as suas consequências ambientais e financeiras ainda estão para vir...
Temo que o Povo não tenha dado a devida conta do erro cometido e nesta consequência possa vir a cometer erros futuros em obras públicas semelhantes...
No caso levantado no texto, podemos remeter para um erro da construção da scut(e da consciência cívica dos condutores) que é manifesta incongruência entre troços da mesma estrada, que nuns locais convidam a andar depressa e noutros esta viabilidade acaba abruptamente, provocando, por erros de construção e ma condução ofensiva, acidentes trágicos.
É um texto fundamental para pensar, nos Açores, em S.Miguel e na governação e gestão da coisa pública.(sem esquecer, o civismo a cidadania e esta arma que é o carro e que deve se olhar e conduzir com todo o bom senso e cuidados conhecidos).
Parabéns
Açor

Renata Correia Botelho disse...

Caro Açor.
Muito obrigada pelo seu comentário.
A construção das SCUT levanta, é verdade, inúmeras questões. Eu, contudo, e sendo absolutamente sensível aos “contra” (e deles consciente) que o Açor aponta, devo confessar-lhe, com a máxima honestidade (ou, como aqui se diz, de coração na mão), que, estando a minha vida muito ligada ao Nordeste (em particular nesta altura do ano, em que faço a viagem para Ponta Delgada diariamente), esta ligação veio tornar bem mais fácil os meus dias. Independentemente de todas as outras questões – que, evidentemente, merecem uma profunda discussão – sinto este claro benefício todas as vezes que me ponho ao volante…
O texto parte, tão simplesmente, do meu fascínio por aquelas três árvores, ali instaladas como que estrategicamente (e não sem alguma dose de perigo, tem toda a razão!) para nos fazer abrandar a marcha – uma espécie de travão, por si só, para as nossa (in)consciência de condutores.
Mas fico verdadeiramente satisfeita que o texto suscite nos leitores (como é o seu caso) uma reflexão que vai para além da simplicidade destas linhas.
Cumprimentos,
Renata

Anónimo disse...

Olá Renata,

Gostaria de pedir-te desculpas pelos meus comentários do outro dia.

Fui uma besta mal criada.

Sempre gostei de ler o que escreves.

Espero que aceites este meu pedido de desculpas.


Tudo de bom para ti.
ezequiel

Anónimo disse...

http://www.ted.com/talks/lang/en/jr_s_ted_prize_wish_use_art_to_turn_the_world_inside_out.html

Anónimo disse...

Cara Renata
É sempre reconfortante, termos retorno da nossa escrita, antigamente, era quando havia "vapor", hoje pode ser quase de imediato...
Aparentemente o texto é simples e poético(com certeza)mas a verdadeira escrita é quando se cruza na simplicidade, a revelação das omissões, que o leitor descobre.
Uma viagem de e para o Nordeste pode descobrir muito, quer seja na lentidão da estrada antiga, quer seja na voragem da scut, a primeira se calhar repara mais no exterior da estrada, a segunda no roteiro da "alma"...
Saudações
Açor

Anónimo disse...

Cara Renata
O texto foi escrito ao correr do teclado e para que não seja deficientemente interpretado,falta, entre parênteses,( o que foi conseguido)antes "...que o leitor descobre..."...
Açor

Renata Correia Botelho disse...

Ezequiel,

No worries!
Espero que continues por aqui.

Um abraço,
Renata

Anónimo disse...

Obrigado.

Abraço
ezequiel