A HUMANIDADE EM AGOSTO
para a Inês, que esteve lá
Era uma tarde assim, como já sabíamos
ou devíamos, pelo menos, calcular:
insuportável o calor, duvidosa a
alegria.
Mas íamos fazer compras e
era Agosto, mês de pouca gente.
que viu, como nós, o autocarro
parar bruscamente.
Quatro pequenos cães, de famílias
por certo bem diferentes,
atravessavam
num sereno susto o alcatrão. Desconheciam
que tudo (sim, não é apenas o
tabaco)
pode matar num dia qualquer os
que estão vivos.
Seguiam quase ordeiros, sem
caminho.
E não sabiam. Como poderiam saber
que eram as vítimas ocasionais
de umas férias mais tranquilas
para esses mesmos que, na sua
excessiva
humanidade, os abandonaram à
nenhuma sorte?
E a caravana passou, rodeada de
silêncio.
O mais pequeno e farrusco, o que
vinha atrás, parecia não
acreditar ainda
que era este o seu destino, nem
urbano
nem campestre; simplesmente
intolerável.
Doía muito ver-lhe os olhos, e
ser humano
como os humanos que ali se
libertaram
dele, para garantir a liberdade
que não têm.
Pouco tempo depois, o autocarro
arrancou.
Chegaremos mais devagar à mesma
morte. Mas
chegaremos. Eu sempre achei a
humanidade o que
de pior havia sobre a terra. Preferia,
às vezes, não ter razão.
Manuel de Freitas
18 comentários:
Cara Renata
É sempre bom elevar a "humanidade" do ser humano, a vida só faz sentido quando tiver uma visão de equilíbrio, de sustentabilidade e de respeito pela realidade que nos rodeia, quer seja a natureza, os animais ou os nossos semelhantes.
As coisas estão interligadas e só se realizam quando se completam, de facto para além do irrealismo em ter animais, sem se ter a dedicação e as condições que eles necessitam.
É claro, que tudo isto é agravado com as condições económicas desiguais e a falta de condições de promoção humana e intelectual que esta crise conduz, sobretudo para os mais desfavorecidos.
Bom texto, sobretudo por ser em verso, para repensar neste tema.
" Eu sempre achei a humanidade o que de pior havia sobre a terra. Preferia, às vezes, não ter razão."
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A humanidade é uma merda.(?) Os animais são fantásticos.(?) Bom-bom seria uma terra sem a humanidade. Sem personas deprés e deprimentes como o Manuel de Freitas.
o gajo deve ter estado no seminário.
é muita auto-flagelação para o meu gosto.
o interessante é que esta coisa de repudiar a humanidade é uma capacidade HUMANA.
deixo aqui um exemplo da humanidade dos animais.
http://i.dailymail.co.uk/i/pix/2012/07/24/article-2178290-1430D0D9000005DC-475_964x641.jpg
eu acho q colocaria o Manuel numa jaula com a Lioa. lol
talvez ai ele percebesse que a humanidade não é tão má como isso.
se isto é literatura eu chamo-me leopoldina.
safa, déprés po artico conviver com ursos pardos
zeke
ISTO SIM.
Muito bom.
Do mesmo Autor.
Quando sós à boleia do crepúsculo
[para o Fernando Guerreiro]
Não mais a literatura, os seus
fúteis e imperiosos desígnios
- julgamos dizer, insistindo
numa ourivesaria do terror
e em gestos que sabem o quanto
chegam tarde. Quando sós,
à boleia do crepúsculo, dizemos
coisas assim, mentimos com
os dentes todos que não temos.
E a mentira (a literatura)
é ainda a improvável derrota
de que não nos salvaremos
nunca. Tão igual à vida, portanto:
pouso o copo, recupero o fôlego,
fumo uma silepse. Sei que vou morrer.
E isso que - talvez - nos diz
é uma evidência que escurece
(tivemos por amigo o desconforto).
Quanto ao mais, vamos andando.
Casados ou sozinhos. Mortos.
Manuel de Freitas
zeke (?), AKA Leopoldina, o conselho que lhe dou é mesmo que dedique o seu tempo a outros textos. Não perca um minuto que seja com coisas deste género. Cada um faz das suas leituras o que entende e ninguém é obrigado a gostar de boa literatura. Está no seu direito! E desculpe, aliás, se este belíssimo poema – e o que nele se diz e se lê sobre a medíocre humanidade – não respeita os seus cânones leopoldínicos. Mas o mundo é grande e a blogosfera enorme. Vá, pois, passear por paragens que o façam rir.
Renata,
Eu ando por onde me apetece na blogosfera, vivo num país livre e tenho o direito de comentar onde bem me apetece. É claro que podes banir os meus comentários. Se fossem elogios, tudo estaria bem. Como são criticas, sou convidado a ir para outra freguesia. Pois bem, é isso mesmo que farei.
A Renata decretou que isto é BOA literatura.
Ninguém ouse contestar o seu bom gosto nem afirmar que boa literatura não é isto (o texto).
Quem se afirma como Canónica aqui és tu.
Aliás, a sua verdade canónica é tão simples, simplista, quão dogmática. Se não gostas, baza. Se gostas, fica. O poema é belissimo. Ponto final, diz a Renata.
O fascismo mental desta malta é deveras assombroso.
Neste país ninguém é livre. São todos e todas SALAZARISTAS. Baza daqui pafora se não achas que este poema não é belíssimo!! Como se os critérios da literatura fossem OBJECTIVOS.
A semana passada apanhei com uma caramela que falava com inusitada autoridade sobre coisas que desconhecia.
Hoje sou banido do :ilhas porque tive a ousadia de discordar da opinião de uma autora.
Renata, postura mediocre, a tua.
Olha, vai berdamerda, tu e os teus canones.
PS: agora podes apagar o comentário.
E vê lá se aprendes a conviver com a diferença.
O Salazarismo acabou.
Eu não percebo patavina de literatura. Mas sei do que gosto.
ISTO, na minha opinião, é boa literatura.
O Manuel centra toda a sua atenção na primeira pessoa.
A BOA literatura, para mim, é a literatura que explora a exterioridade, a transcendencia do eu.
Despeço-me com este exemplo notável de BOA literatura.
"Aqui me resta apenas fazer frente
Ao rosto sujo de ódio e de injustiça
A lucidez me serve para ver
A cidade a cair muro por muro
E as faces a morrerem uma a uma
E a morte que me corta ela me ensina
Que o sinal do homem não é uma coluna."
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Os dois (2) comentários acima foram escritos por:
Ezequiel/Zeke
PS: para que a PIDE da identidade (e dos seus protagonismos literários) saiba de quem se trata.
ADEUS, minha cara.
Eu lia aquilo que escreves.
NUNCA MAIS.
Oh Ezequiel!!!!!!
Desde quando é que eu bani algum comentário teu, homem???!!!
Podes comentar o que quiseres. Aliás, pelo que me parece - e posso estar enganada - é o que mais fazes. E, se te dá gozo, fazes bem.
Agora, se te queres rir, e se achas que este poema é deprimente, e que o autor deve é ter andado no seminário (como se isso fosse necessariamente a coisa pior do mundo), e que se isto é boa literatura tu és a Leopoldina (o que, hás-de concordar, já não se trata de uma questão de gosto, é mesmo um comentário no mínimo desagradável e desnecessário), e mais não sei o quê, então acho que não deves mesmo perder tempo com coisas que não te interessam. Passa à frente! O tempo é tão escasso, ao menos que o usemos naquilo de que gostamos, ou não?
Limitei-me a REAGIR (e tu, que eu tenho por um tipo muito inteligente, sabes bem o que quer dizer REAGIR!) aos teus comentários. Ou NÃO POSSO????? Era o que faltava, pois!
Quanto ao resto, estamos inteiramente de acordo: Sophia é também, na minha opinião, grande literatura, sem qualquer dúvida; e, se não queres continuar a ler o que escrevo, tens TODO O DIREITO de o fazer.
Não há é necessidade de te enervares a este ponto, e de desatares aos tiros desta forma.
Um abraço, rapaz.
Vamos e vivos, como dizia o outro!
Caros Ezequiel e Renata
Entre o elogio do poema e a sua negação vai um imenso fosso, um buraco capaz de engolir a dialéctica da discussão e verdadeiramente não havia necessidade...
O meu comentário, que por esquecimento não assinei como Açor, que no fundo considerava que a humanidade não é um conceito fechado, é antes uma realidade que se quer viva e continuadamente a se renovar,(e melhorar) de acordo com os avanços e debates sociais...
A convivência entre o homem e os animais é igualmente sujeita a mutações de acordo com os tempos e as concepções culturais e civilizacionais reinantes.
Na minha opinião, que correu pior na vossa discussão, foi quererem pegar na forma(independentemente das razões de cada um)e não discutirem o conteúdo do texto(neste caso na forma poética)e que no essencial questionava o abandono dos animais.
Visto desta forma penso que não se pedia para comentar os méritos do poema, mas sim o que ele queria transmitir.
Quanto aos méritos da forma ela é tão discutível como toda a arte, e na minha modesta opinião não vale, toda esta exaltação, mas como diz o Povo é da discussão que sai a luz, espero que possa servir para se entenderem .
Saudações
Açor
Caro Açor.
Assino por baixo.
O importante aqui é, sem dúvida, o conteúdo (esta prática quase corrente, hedionda, aberrante, indesculpável, de abandonar animais, que se agudiza nestes meses de veraneio). A forma só ajuda - ou desajuda, conforme o entendimento de cada um. Era o que eu tentava dizer no primeiro comentário, quando me referia a "o que nele se diz e se lê sobre a mediocridade humana", no que a este assunto concerne). Mas não terei sido suficientemente clara, ou o meu companheiro de discussão estava tão "cego" de raiva, o que eu só posso lamentar, que não foi capaz de o ler. Bom, paciência, passemos adiante...
Obrigada pela lucidez e pela serenidade.
Renata
Renata
Andaste no Seminário?
recapitulemos
eu disse que aquele texto é uma merda.(1 direito legitimo)
tu sugeriste que eu fosse para outro lado porque discordei.(ilegítimo)
percebeste a lógica da coisa?
a minha reacção não incluiu um convite para bazar.
a tua sim.
mas, olha, a sério, is neither here nor there.
não te conheço bem
não és minha amiga
és uma conhecida.
disse o que tinha a dizer
e aceitei o convite pa bazar
tenho + que fazer
boa sorte
ciao
z
poderia escrever um lençol a explicar porque é que não gosto da ego-literatura.
o EU é monotono como a PORRA.
além disso, os temas explorados pelo dito manuel naquele poema já foram explorados milhentas vezes por outros (a morte, a humanidade decrépita e corrompida)
a originalidade não é o seu forte.
Renata,
RAPAZ é a tua TIA.
Não há + confiança. Distância q.b. De primas donas, de seminaristas salazaristas panascas, de molestadores de criancinhas , enfim, de todo o merdazal que acompanha as instituições que formam e sustentam dogmas.
VA BENNE.
Não me irrites
Este Ezequiel, ou Zeke ou Z ou o raio que o parta é um idiota... deprimente!!!
Nuno
Nuno
O que se segue é uma explicação perfeitamente idiótica.
Os insultos só funcionam quando são justificados.
Pensa no dilema do dépré niilista::::::::
O pior que há na terra, a humanidade, é capaz de criar literatura bela (para alguns) e deprimente.
É isso, faz sentido!!!! (hmmmm?)
A humanidade cria literatura bela (para alguns) e deprimente...
mas é o que de pior há na terra.
Não é muito complicado. Escolhe: humanidade deprimente ou literatura bela???
Para ser o que de pior há na terra, a humanidade teria que criar literatura do piorio.
Espero que tenhas percebido e que os teus insultos melhorem rapidamente.
Acho que te posso ajudar a insultar melhor.
Leopoldina Von Strompt
PS: o que é que se pode dizer de alguém que insulta sem explicar porquê?????
Às vezes preferia não ter razão.(ler segundo comentário ao post)
Eu tenho sempre razão.
E sabes que mais:
A humanidade é o que de pior há na terra.
Isto sim, é literatura.
Literatura crepuscular. Liminar.
LOL
zeke
Nuno, eles não te ensinam a pensar no seminário.
Saí daí. Foge.
"Things that fascinate me: the luminosity of decay; pullulation; myths of great natural processes or cataclysms - the Creation, the Deluge, Adonis; the innocent freshness and wonder of the first day; the instrusion of daylight into dark places; mermaids, nymphs, angels, and animate spirits of natures (not monsters or ghosts); the bottom of the sea; the Moon; cold empty wastes; twilit caverns; Jacob's Ladder; great rivers-Mile, Oxus, Ganges, Limpopo; intellectual life in the upper air; larks singing at heaven's gate (not nightingales); beauty squeezed out from tortured souls; bright flowers rooted in corruption; the earth seen from afar as a planet; the music of the spheres; distillations from the moon or stars; bright butterflies that feed on rotten meat; trees; the smell of low tide."
Theognis in
Hugh Trevor-Roper
The Wartime Journals
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