sexta-feira, outubro 2

Graciosa, uma escolha entre o já e o agora


Sta. Cruz da Graciosa, Ago'09

Graciosa. Situada num dos "extremos" do arquipélago é, desde há 35 anos, paragem obrigatória, em Agosto, para o retiro familiar.

Anos houve em que permanecia quase um mês. Hoje os dias são apressados sem, no entanto, perderem o carácter precioso. Por regra, opto pelos dias imediatamente após as festividades da ilha. Prefiro-a "calma". Entendo o cerne das "festas" mas procuro - e esta é, reconheço, uma posição egoísta com aqueles que lá habitam - um espaço tranquilo, sem corrupios... sem "pressas", como isso não fosse já possível.

Naqueles dias sinto uma nostalgia latente e contemplo de forma romântica uma paisagem feita de memórias. A ilha está diferente. Para melhor, dizem-me. Não duvido. Hoje a insularidade vive-se de forma descontinuada graças às melhorias nas comunicações e na rede de transportes (marítimos e terrestres). A coesão que se impõe - em ilhas como a Graciosa - é um imperativo. E o "estar melhor" não significa que está tudo feito. O desafio futuro que se coloca, no curto prazo, passa, fatalmente, pelo continuado envelhecimento populacional e pela fixação de jovens na ilha. E estas questões são transversais a todo o espectro político...

A aposta e a iniciativa na Graciosa têm sido promovidas na sua esmagadora maioria, honra lhe seja feita, pelo Governo dos Açores. A autarquia assiste impávida. Um exemplo concreto: a Graciosa não tem, hoje, um sistema de recolha selectiva dos resíduos, a não ser vidro, isto apesar de ter sido classificada, muito recentemente, pela Unesco como - Reserva da Biosfera (num processo igualmente promovido pelo Governo). É admissível que tal aconteça?! Não. Entretanto, a solução está encontrada e já foi adjudicada pela Secretaria do Ambiente que irá proceder ao lançamento da empreitada de uma central de resíduos, até final de 2009. Esta é, na sua essência, uma competência camarária mas que aqui se mostrou incapaz ou insensível a uma problemática que está para além da ordem do dia.

Quando o PS/Açores enuncia que vencer a Câmara de Santa Cruz da Graciosa é um "grande objectivo" dí-lo com convicção, pois acredita que é possível vencer para mudar o concelho e a ilha, retirando-o do conformismo e do anacronismo a que tem sido sujeito pela gestão laranja.


* Crónica escrita em Agosto para o AO (mas não publicada), cuja colaboração está suspensa está ao próximo dia 11.10.09
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