O comando é Meo, que é como quem diz: Tu não mandas aqui!
Por estes dias vem-me a memória "O Clube da Esquina” – um dos mais interessantes bares do Bairro Alto – onde, para além do potente vodka-laranja, outras coisas nos faziam viajar, ali mesmo sentados. A efervescência do sangue a correr nas veias e o coração aos pulos de tanta adrenalina, são sinais desse tempo também.
O sorriso no rosto das pessoas e os seus corpos tremelicantes eram a pálida evidência de um movimento underground, sempre disponível a ajudar os oprimidos, fosse lá porque motivo fosse. A causa era importante. A causa era sempre importante! Contudo, a luta, essa assumia contornos verdadeiramente existencialistas, corporizando uma série de sentimentos, sempre presentes no homem que a levava a cabo.
Ali mesmo, continuando sentado, fui remetido para um cenário pleno de dificuldade capacitante, numa velocidade vertiginosa – da qual ainda não recuperei e espero nunca vir a recuperar – e que, naquele preciso momento, me fez sentir um respeito imenso por todos aqueles, cujo engenho se aguçou, na tentativa de contribuir para o equilíbrio do universo. Discutia-se em Lisboa a despenalização das drogas leves.
Procurando reflectir um pouco sobre todas estas coisas, não consigo perceber bem porque raio me lembrei delas.
Agora, o equilíbrio do universo é feito sem a necessidade do socorro do subterfúgio. Hoje, impera o diálogo. Hoje, a população pode e faz-se ouvir! Hoje, as orientações políticas do indivíduo pouco importam para o projecto que se preconiza e os independentes abundam por entre as cores deste sistema político partidário, que dá pelo nome de Democracia e que não sabe se obra do Demo será.
Por aqui, alguns estão na Democracia como outros estão no Amor: “quanto mais me bates, mais eu gosto de ti”. E os que batem muito até são premiados e requisitados a colocar ao serviço da coisa pública todas as suas capacidades. Hoje, não só não há oprimidos, como não haveria lugar para os que contornam a censura.
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