sexta-feira, maio 13

NÃO É XUNGA NÃO SENHOR

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( ainda ando a digerir o punch emocional do «Million Dollar Baby». Enquanto não fica em letra de forma a minha crítica aqui deixo uma visão alternativa via Cinema Xunga

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Sinopse: Um treinador de boxe, duro e desiludido com a vida, passa os seus dias a pensar na filha que não vê há anos e a atormentar o padre da paróquia local em busca de contradições bíblicas. Um dia aparece-lhe uma jovem moça (que já foi moço noutro Oscar) e pede-lhe para ele a treinar. Difícil no início, mas depois aparece uma empatia sem antecendentes e a miúda transforma-se numa máquina de boxe, com sucesso e direito a pseudónimo cool. Depois...

Crítica: Não sou grande fã de boxe, aliás, detesto boxe. Se há algo que não suporto é boxe. Deve ser a coisa mais primitiva existente no planeta a nível desportivo. Lutas de miúdas na lama é giro, mas boxe?!... O certo é que há milhões de pessoas que vibram a ver dois seres humanos a desfigurarem-se mutuamente até à exaustão total e, imaginem, pagam fortunas para isso. Há quem aposte e há quem morra ou fique seriamente afectado, ou seja, qualquer boxer em final de carreira tem o cérebro todo feito em merda de tanto sopapo apanhar nas trombas.

O certo é que este filme é bom. Durante a primeira metade, a parte boxista do filme, entediei-me. O complexo de Rocky apoderou-se de mim e julgava que aquilo iria ser uma dormência até ao fim. O clássico filme de um lutador que aos poucos se torna no melhor do mundo. Mas na segunda parte o filme compensou a seca boxista inicial, rumando para águas completamente diferentes. Confesso que pouco ou nada sabia deste filme, e fiquei surpreendido com as reviravoltas do argumento. Atenção, são reviravoltas, não são twists.

Clint Eastwood soube realizar com mestria este filme. Sempre o detestei como actor de westerns e Dirty Harry, mas agora admiro-o. Não o admiro muito, admiro-o um pouco. No entanto este filme não é um filmaço que se possa dizer "Uau, mudei a minha vida". É um dramalhão gordo e pomposo, que Clint estilizou como se fosse um filme independente que a academia tanto gosta desde a fase Miramax dos Oscars. A primeira hora de filme é para americanos e apenas a segunda é acessível para o resto do mundo. É também um drama familiar (oscar) e um "caso da vida" (oscar).

E mais uma vez reinam os deficientes / problemáticos nos Oscares. Isso é coisa que me irrita. Basta que alguém faça de atrasado mental, cego, surdo, mudo, doente terminal, esquizofrénico, espancado até à morte ou engordar 40 quilos para que a academia se ajoelhe a gritar "Amen". E mais não falo, porque o que não falta são críticas bem fundamentadas e cheias de palavreado chiquérrimo por esses blogues fora, blogues esses que nem uma asneira dizem. Não é como este antro de perdição onde a c******** se sobrepõe ao bom português.

Pontos altos: Fotografia, tonalidade intemporal do filme, casting e actores em geral. Boa progressão na narrativa na 2ª parte.

Pontos baixos: Primeira parte excessivamente boxista.

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