sexta-feira, janeiro 23

A Roupa

Desculpem esta inesperada visita ao meu passado pessoal, mas estou com esta ideia na cabeça e preciso de desabafar. Uma reportagem de ontem sobre o PCP e a sua juventude levou-me a uma viagem aos meus anos de estudante de liceu em Lisboa, nomeadamente o D. Pedro V. Olhando para as imagens dos jovens comunistas surpreendeu-me, não por nunca ter reparado, mas por continuar na mesma, a similitude estética dos personagens. Ser da juventude comunista continua a ser uma questão estética, uma questão de traje. Sem aquela farda de falsa despreocupação pela indumentária, não se entra na JCP. Quem me conhece bem sabe que eu sempre me vesti da mesma maneira, quem me conhece muito bem sabe que sempre foi a minha mãe quem me vestiu. (Só para terem uma ideia, quem me vir na rua achará que eu sou um “beto”, pullover em bico, camisas às riscas e RL até nas meias...) Nos tempos do D. Pedro V, da PGA, da geração rasca, eu entre grupos de jovens de esquerda era uma espécie de marciano. Sempre tive amigos de todos o “walks of life”, mas nunca conheci um comunista que não se vestisse como se tivesse dormido com a roupa que trazia naquele momento. Enfim, “never judge a book by it’s cover” e também há “betos” de esquerda.

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