segunda-feira, janeiro 5

A resposta do meu amigo Ezequiel

Vou atrever-me a publicar em post a resposta do meu amigo Ezequiel ao meu post “.. assim se faz Natal dia a dia” de Segunda-feira, Dezembro 29 de 2003 e a minha consequente resposta (algo emocional). Faço-o por várias razões; por nada do que ele escreve ser verdade; também por nada do que ele escreve ser mentira; mas principalmente porque respeito a inteligência do Ezequiel e acredito que a reacção dele será, apesar de “tinted”, no mínimo educativa.

“Acho que podias ter tido o cuidado de citar as afirmações dos soldados EM CONTEXTO. Por acaso li sobre isto em vários jornais e acho que não mencionas aqui alguns aspectos essenciais..TU e a LUSA. De qualquer forma, esta tua contribuição revela pelo menos uma coisa que é verdade...que o estado de Israel é um estado democrático onde se podem contestar politicas e debater sobre as metodologias mais adequadas para combater ao terrorismo(não te esqueças que os Sayeret vão debater a questão nos TRIBUNAIS ) Acho que também devias reconhecer que a opressão é algo que é inerente a uma situação de guerra...trágico, duro, horrível mas verdade! ( p.f. não te esqueças da distinção entre justificar e explicar que eu estou a pressupor aqui!!!!! ) E esta guerra não afecta apenas os palestinianos. Também não sei se há uma política de ocupação. Se houvesse talvez o pequeno país que é Israel seria concerteza muito maior. Tanto quanto sei, Israel é dos poucos países na história da humanidade a estar disposto a negociar o retorno de territórios que conquistou a estados, na altura armados pela URSS, que lhe atacaram (!!!!!!). Estas guerras foram inspiradas pelo nacionalismo árabe (Nasser, Sadat etc.) que acompanhou o processo de descolonização.(+ a ajuda da URSS, evidentemente) E este nacionalismo não reconhece qualquer direito de existência a Israel. Este e que é o verdadeiro Golias desta guerra, senhor ToZe. O David é bem mais pequenino!

Arafat é dos poucos lideres a trair com acções o que afirma no papel (com assinatura e tudo) Deve ter, sem dúvida, os melhores experts em relações públicas do mundo. Hoje em dia parece que a maior parte dos humanistas bem intencionados que há por todo este mundo estão do seu lado. Fala-se da visita a mesquita por Sharon como o momento-impeto que iniciou toda esta intifida. Mas, segundo alguns peritos, isto não e verdade. E os factos apoiam esta interpretação: houve vários atentados logo depois de Oslo que hostilizaram a maioria Israelita que era claramente a favor da paz. E julgo que foi aqui que muitos começaram a pensar que e muito difícil negociar com alguém como ele.(e dai a vitoria da direita a seguir.) O que me parece verdade é que Arafat sempre que se vê confrontado com a possibilidade genuína de paz, que implica inevitavelmente o real reconhecimento do direito de existência de Israel, agita as aguas e tudo volta ao mesmo.

A opressão do povo palestiniano tem muito a ver com a dogmatismo do seu líder, um dogmatismo que antecede toda a politica de Sharon. A persistência do todo-poderoso-lider na cultura politica árabe é sem duvida um problema muito grave. A única coisa que posso fazer e sugerir que consultes o que muitos peritos em ciências politicas e relações internacionais já tentaram compreender de uma forma equilibrada!.Sabes que num referendo aos dois milhões de palestinianos-arabes que são cidadãos Israelitas 80% exprimiu a vontade de continuar a ser cidadão de Israel. Porque será??? Será que eles sabem de alguma coisa que tu não sabes? Porque é que quase ninguém escreve artigos como este sobre Arafat, sobre o hezbollah no Líbano, os seus ataques a Israel, e o seu patrão, o Irão? Porque e que há pouquíssimos artigos escritos sobre a ditadura brutal que se vive na Síria, e o seu apoio a grupos que atacam Israel? Porque é que quase ninguém escreve sobre a forma como a Síria mantêm o seu regime autocrático através do ódio que fomenta contra Israel? (afinal, se tivesse que legitimar o seu 'direito' ao poder de uma forma democrática e racional...não teria muitos argumentos alem da 'descendência'). Se isto é um problema complexo que envolve vários 'personagens' e processos porque a fixação persistente com o estado de Israel? Porque pensar nas acções de Israel sempre como causa prima de toda a problemática? (todos os outros são santos, não????) E' uma questão elementar de honestidade intelectual. E não há humanismo nenhum que esconda esta parcialidade.

se me permites, gostava de sugerir estes livros para equilibrar a 'analise':
Charles Yost
Shlomo Ben Ami, Que Futuro para Israel?
Alan Dershowitz, The Case for Israel

CORRECAO AO TEXTO. o teclado do meu comptd esta lixado. ..não transmite palavras inteiras.

A única coisa que posso fazer e sugerir que consultes o que muitos peritos em ciências politicas e relações internacionais já escreveram quando tentaram compreender este problema de uma forma equilibrada!.”
Submitted by: ezequiel [email]
Saturday, 01.03.2004 @ 2:33 PM

Caro Ezequiel

Pela primeira vez desiludes-me.
E pela primeira vez pareces-me subjugado à tua formação académica, imprimida no eixo EUA-Inglaterra, os dois estados ocidentais mais sionistas.
E porque digo isto?!. Não pela tua (para o meu nível) sempre brilhante tentativa de intelectualizar o ponto de vista sobre este conflito que te foi injectado mas porque, cego por essa droga sionista, “you simple missed the point”.
Quando tu dizes – “Acho que podias ter tido o cuidado de citar as afirmações dos soldados EM CONTEXTO. Por acaso li sobre isto em vários jornais e acho que não mencionas aqui alguns aspectos essenciais..TU e a LUSA.” – tens absolutamente razão mas a minha história era sobre homens que, apesar da razão, tiveram a coragem de ser mais do que meros homens. O triste é que tu só viste a necessidade de defender o que, hoje, Israel representa, um estado opressivo, como tu próprio o dizes –“Acho que também devias reconhecer que a opressão é algo que é inerente a uma situação de guerra...trágico, duro, horrível mas verdade!”
“Trágico, duro, horrível mas verdade!” É não haver mais Homens e este planeta estar cheio de animais como tu e eu. Uns que aceitam esta merda e outros que se contentam em dizer que não a aceitam.

Um abraço,

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