quinta-feira, janeiro 1

A Ditadura do Pimba

Parecia um daqueles circos do bizarro que faziam as delicias e o espanto do século dezanove. A mulher barbuda, o homem elefante e coisas do género. Parecia, mas era na verdade a animação de fim de ano em Ponta Delgada. O personagem Alvim é absolutamente grotesco, esbracejando e berrando com uma expressão alucinada ao som de autênticas pérolas da piroseira. Atrás de si umas figuras, que mais pareciam extras de um qualquer grupo de coristas de um casino de segunda categoria, pavoneavam-se desconexamente para gáudio das hormonas de uns quantos homens de tronco nu que compunham a primeira fila da assistência. Enquanto isso, na zona “VIP”, Lili Caneças envolta num impressionante vison, digno de um frio siberiano, comenta para o mundo as belezas da ilha dos açores e o bom trabalho dos autarcas e.....não consegui ouvir o resto. E nos fundos da imagem um rol de personagens bizarras rondando as câmaras como abutres rondando cadáveres, tudo para aparecerem porque hoje aparecer é melhor do que ser. Depois Samantha Fox. Dizem eles, porque para mim aquela figura podia ser uma qualquer cantora de Karaoke, nem isso porque no Karaoke é preciso por lá a voz algo que pelo que percebi aquela figura de peito bamboleante que esteve em cima do palco nas Portas da Cidade de Ponta Delgada não fez. Talvez a preocupação de que os seios lhe saltassem para fora do decote fosse demasiado grande para que cantasse ao mesmo tempo. É pena porque me parece que a única coisa que a maioria do público que assistiu a este espectáculo queria ver era mesmo o volume dos seios, mais nada. Só se salvou mesmo o fogo de artificio na sua beleza efémera mas recompensadora, o resto, o circo, foi um lixo. E foi assim, sob a ditadura do pimba, que se comemorou a passagem de ano em Ponta Delgada em directo para todo o mundo pela televisão. O que vale é que pouco depois o GNT transmitia imagens do show da virada no Brasil. Como se eu ainda tivesse dúvidas de que no Brasil se faz melhor do que em Ponta Delgada.

P.S. Merecíamos que nos governassem melhor

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