quinta-feira, dezembro 8

É hora (!) e o tempo urge.

Tenho estado a pensar (com os meus botões, é claro) que toda esta engenhoca da mudança geracional está muito bem urdida:
- Primeiro, fala-se que o escolhido é rapaz novo;
- A seguir, deixa-se saber que as sondagens até davam outro vencedor, sacrificado, agora, em prol de uma convicção e de um desiderato maior;
- Depois, remata-se com a ética republicana e julgamos ter sido jogada a última cartada.

Enfim, um acto supostamente heróico e altruísta que as nossas almas bondosas depressa apelidaram de magnânimo e de fora deste mundo. E, no entanto, outros, que não se esquecem de “estórias” de uma história-mais-ou-menos-recente-mas-certamente-contemporânea, não deixarão de perguntar que raio de afinação de rota é esta, que faz com que não bata a bota com a perdigota.

A nossa falta não é a de um artista malabarista. De facto, a nossa grande falta é a falta de memória, cuja ausência nos impede de estabelecer fortes paralelismos com o passado e procurar medir as suas implicações no futuro.

Apesar de todas as eventuais divagações sobre a matéria, certo é o facto das gerações nunca em si terem encerrado a única solução para todo e qualquer problema, seja de que índole for (todos se lembrarão da substituição em Itália de “velhos” por “mais velhos” ainda (provavelmente, cada um com a sua dieta), só para se acalmar os mercados – argumento que, por estas bandas, ainda não foi utilizado -, como se o povo não soubesse que «peixe não puxa carroça».

É certo e sabido que o povo sabe também que «em casa de pouco pão, todos ralham e ninguém tem razão», constatando diariamente que a inteligência não pode ser substituída pela força, que a experiência precisa da tenacidade, que a coerência não permite o laxismo e que a bondade não deve dar lugar à condescendência.

Uns verão nestas palavras uma idiotice pegada, outros poderão incensá-las mas, no entanto, elas procuram constituir-se na tentativa de desmitificação do manto com o qual nos procuram envolver e na tentativa de esboçar a reposta que, aparentemente, ninguém ousa dar.

É hora de pegar no leme. É hora de apontar baterias aos barcos desta raça de piratas, camaleões que nos ofuscam com as estonteantes cores das suas ilusórias promessas. É também hora - no caso, difícil – para todos os quadrantes políticos, pois, a situação do país – e da região também – não está para graças, na qual as meras reacções e as banais erupções cutâneas deixaram de ser suficientes.

Desenganem-se todos aqueles que se deixaram convencer que a hora, agora, é a do jovem e não se riam os que pensam ser a da velha senhora. Pois é. Os tempos estão difíceis e, de facto, podem continuar a piorar.

A hora é de mostrar uma estratégia concertada para nos tirar deste fosso, devendo procurar articular as riquezas e mais-valias de ambas as gerações, para que o paradoxo não se transforme no paradigma, porreiro para aqueles que vivem a vida a passearem-se por cima das dificuldades, conculcando todos aqueles que, num de dia de sol, cheio de radiosa esperança, os nomearam para seus representantes.

Não estranhem. Vem tudo isto a propósito da tomada da Bastilha…

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