quinta-feira, janeiro 24

Para o João Nuno (II)


O post do João Nuno começa com uma contextualização histórica, com uma exploração perspicaz do imaginário histórico que configura as interpretações vigentes do fenómeno Obama. Momentos depois de sermos notificados de que a história é importante assistimos, com incredulidade, à sua negação. JN transforma-a num mero epifenomeno do materialismo do almighty dollar. Esta é a primeira grande contradição do post do JN. O post começa com vistas largas e acaba com a miopia que caracteriza os mais variados antiamericanismos: no fim o que importa é o dollar! Os Americanos são umas máquinas de calcular e pouco mais. Onde é que eu já li isto? O JN começa com a premissa de que homem é um ser histórico, "pleno" de potencialidades, e acaba com um absolutismo monetário. So which one is it? O João Nuno tem que decidir se acredita que os humanos, incluindo os Americanos, conseguem reger a sua vida apenas pelo determinismo monetário. Não me parece que esta seja uma premissa ontológica defensável ou sequer minimamente plausível. Para torná-la pertinente teríamos que eliminar Jefferson, King, JFK, FDR, o iluminismo Britânico e Francês, a revolução Americana etc. Nem sequer os marxistas, que adoram as fórmulas redutoras, adoptam esta austeridade cognitiva. A economia é importante mas não determina todos os comportamentos político. O imaginário filosófico faz parte da realpolitik. As campanhas dos direitos civis foram motivadas pelo dollar? Em parte, talvez, mas reduzi-las a um determinismo quase marxista parece-me um erro crasso. A malta do grass roots rege-se pelo dollar? Don´t think so. Terá sido o dollar que inspirou a criação de muitos movimentos ambientalistas e que levou muitos Mayors Americanos a adoptar e a implementar as recomendações de Kyoto à revelia de Washington? Foi o dollar que inspirou os movimentos feministas dos anos 60? Não me parece. O debacle de Obama com a realpolitik já começou há muito e ainda não acabou. Poderá acabar com um segundo lugar mas a sua marca já se inscreveu na memória colectiva. Já terão reparado, certamente, que o homem é um dos dois grandes preferidos do eleitorado democrata. Não se chega aqui sem se ser um realista. As respostas para as perguntas do João Nuno já foram dadas pelo próprio eleitorado democrata. O JN também não reparou que a fórmula "menos estado, melhor estado" não faz parte da agenda democrata. Da republicana, certamente! Fala-se, no campo democrata, de maior estado e melhor estado. (sistema de saúde, por exemplo). Um erro factual. João Nuno, se continuares assim ainda acabas numa lista de independentes do Bloco. Eles também gostam de fórmulas simplistas. eh eh he :) Melhores cumprimentos

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