segunda-feira, dezembro 3

sobre bloggers e congressos

Suspeito que, por alguma inexperiência e manifesta falta de paciência, tenhamos perdido a melhor parte do XVII Congresso do PSD-A. Os discursos da manhã de Sábado, ouvir as bases, sentir o estado de alma dos militantes. Até porque, dizem-nos, o episódio lúdico mais interessante terá sido suscitado exactamente pela presença destes vossos escribas na reunião magna dos sociais-democratas. Mas pronto, são coisas. A verdade é que ser blogger não é ser espião, nem repórter, é, se calhar, um misto das duas coisas mais uma pitada grande de saudável loucura e irresponsabilidade. Já o disse e reafirmo, o convite que o PSD-A nos fez é merecedor de um rasgadíssimo elogio e deixa-me desde logo com a enorme curiosidade de saber se o PS-A será capaz de repetir o gesto. Abrir a porta a bloggers é esperar o inesperado, mas é também aceitar que da pluralidade e da diferença de opiniões pode surgir uma visão nova das coisas, ou então, em última instância, foi só uma maneira de consumar aquela velha máxima que diz que não importa que falem mal de mim, desde que falem. Infelizmente, os Açores ainda são muito pequeninos nestas coisas e os açorianos também ainda não estão totalmente familiarizados com a discussão aberta de opiniões contraditórias. Por várias razões acabei por passar a maior parte do tempo sozinho e eu próprio senti algumas vezes que a minha presença era tão esquisita e incómoda como um cachecol azul no meio da claque do Benfica. Infelizmente, nos Açores não há gente, nem blogues, suficiente para que a creditação de bloggers a um congresso partidário seja feita e vista com naturalidade. Somos ainda poucos por cá o que faz com que praticamente todos os bloggers tenham, para além de uma ideologia e opiniões próprias, um qualquer engajamento político ou partidário, mesmo aqueles que não militam em nada militam no Partido do Não Militar em Nada. Parte dos congressistas olhava para mim com expectativa e afabilidade, inclusive alguns com sincera simpatia e consideração pessoal, facto que eu tenho que referir e agradecer, mas a restante maioria fitava-me com perplexidade misturada com desconfiança, que rapidamente se transformou em hostilidade. O que é que este desavergonhado deste socialista, ou "taliban", nas palavras de um militante, vêm para aqui fazer? Dito de uma forma muito prosaica, estávamos ali para ver e, se possível, escrever uns quantos posts com as nossas visões e opiniões do desenrolar do XVII Congresso do PSD-A. Mas, é claro que a nossa missão não era só observar, nem tão pouco reportar, mas sim opinar e se possível brincar, desconstruindo um pouco o cerimonial e o discurso de um congresso partidário. Infelizmente, mais uma vez, como na maior parte do tempo só lá estava eu, muito do que tínhamos planeado não foi possível fazer. Não que faltasse o oxigénio, que isso nós tínhamos a nossa própria botija, mas porque num circo de um homem só não é possível ser ao mesmo tempo o palhaço e o mestre-de-cerimónias. Resta-me exprimir o meu sentimento de imenso gosto por uma experiência absolutamente entusiasmante e enriquecedora, para além de que, saio deste XVII Congresso do PSD-A com a certeza de que os próximos dez a onze meses vão ser extraordinariamente interessantes politicamente, e, por último, agradecer sinceramente a todo o PSD-A pela oportunidade que nos deram. Os videos seguem dentro de momentos.

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