quinta-feira, dezembro 27

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Natal e outras coisas mais... *

Apesar dos apelos optimistas, a convir desejos e solidariedade de espontaneidade momentânea, nesta época de “paz entre os homens”, perpassa-me um sentimento antagónico, num misto de perplexidade e descrença, por algo que de tanto “vender” amor e solidariedade escapa-se-me pelo carácter simbólico material e pelo excesso da “época”, com o qual somos confrontados e temos de coexistir, sob pena de sermos apelidados de insensíveis, hipócritas ou simplesmente arrogantes - o Natal.

À medida que o tempo flui sinto que alguma da nostalgia, em relação ao período natalício, faz cada vez menos sentido. Sentido fará o encontro ou a proximidade familiar. A forma pouco importa.

E nesta coluna, que mais não é do que um balancete revanchista de final de ano, preocupa-me a distância do discurso politizado perante a realidade que nos assiste. Persiste uma crise económica latente (a que nem o Bacalhau escapa!), fruto de outras “crises” porventura mais profundas e imperceptíveis à carteira mas que se manifestam no roteiro quotidiano, e que mantém refém uma população descrente quanto ao futuro, pouco motivada e sobretudo mal paga. Contra isso, infelizmente, poucas conquistas se antevêem. O cenário mundial também não é melhor, com a continua subida do petróleo e a asfixia das economias ocidentais sob o manto dos lobbies das petrolíferas. Não obstante, o infortúnio desta inconstância global, em 2008 espera-se uma mudança na gestão daquele que afirma ser a maior democracia do Mundo por via da eleição de um(a) presidente democrata. Pior será difícil. Por cá a re-eleição de Carlos César consagrará o Político. Afirmar que é uma inevitabilidade e que “não existe mais ninguém” parece-me redutor e falacioso. Governar constitui uma incumbência a que supostamente não faltam “candidatos”... Contudo, o tempo aconselha previdência. A “espera” conduz à constância. E os hipotéticos políticos candidatos acenam e aguardam pela oportunidade anunciada sem que, por algum momento que seja, exista sequer a hipótese, e por mais remota que ela possa ser, de chamuscar o penteado... nem mesmo em dias de festa.


* edição de 25/12/07 do AO
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*** Fotografia X Andy Warhol - Dollar Sign, 1981

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