sexta-feira, agosto 31

Blog Day 2007
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O perigo do "amarelo"

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Correu célere o boato de que um infame chinês, traficante de bugigangas como os demais, havia raptado em Ponta Delgada uma criancinha para ulterior comércio de órgãos do infante. O relato de tal vilania reportava o pérfido hominídeo como locatário de uma "loja de chineses" no Centro Comercial Solmar. Sito o boato nas cercanias de um local cuja mitologia urbana referencia como um dos hot spots dos pedófilos locais não tardou que o boato derivasse do tráfico de órgãos para um cenário negro de abuso sexual de menores. Aliás, como se sabe, a referida loja de quinquilharia é o anverso de uma sexshop - very light, é certo, mas ainda assim uma loja de adereços sexuais - o que até poderia ter acicatado o animus perverso da criatura oriunda de um lugarejo inominável das lonjuras da China.
Afinal de contas o boato esboroou-se tão rápido que nem chegará a servir de argamassa para um ulterior mito urbano. Contudo, o rumor teve os seus 15 minutos de fama em alguns órgãos de comunicação social que não resistiram a resvalar para formato tablóide. Com efeito, era difícil resistir à imagem do lojista chinês, com fácies similar ao Fu Manchú, cravando as suas afiadas e crudelíssimas manápulas num inocente destinado a ser desmembrado e empacotado para o mercado negro de órgãos. Mas, na sombra deste ridículo episódio está a sinofobia recrudescente que evoca o mito do "perigo amarelo" antevendo em cada chinês um atávico inimigo da civilização Ocidental e um potencial conspirador de hordas bárbaras que um dia tomarão de assalto o Velho e o Novo Mundo !
Este temor irracional é risível mas não deixa de se ancorar na real e efectiva apreensão pela frandulagem chinesa que vai tomando conta do comércio. Este imperialismo mercantil made in China, exportado com o beneplácito dos Estados Unidos, ao invés das mitomanias folclóricas oferece um perigo real para o comércio justo e equitativo. Além de potencialmente inquinar a saúde financeira dos comerciantes autóctones o "franchising" de "lojas de chineses" contribui para a miséria humana nos antípodas da nossa terra. Efectivamente, creio que a maioria das pechinchas que se vendem nas "lojas de chineses" são manufacturadas por escravos, presos políticos, mão-de-obra infantil e um inesgotável rol de atrocidades que me recuso a financiar. Note-se que não reside aqui qualquer sinofobia mas apenas o asco por um regime ditatorial que nem tão cedo saberá o que é o humanismo e com o qual o Ocidente deveria ter cortado relações depois dos massacres de Tiananmen. Mas a distância e a avareza são quanto basta para aliviar a consciência. Seja como for entre o mito do "perigo amarelo" e a realidade de um comércio reles estribado na exploração do homem pelo homem tenhamos consciência para resistir aos pechisbeques chineses e aos dislates que, no extremo, levam a excruciantes boatos de inexistentes descendentes do temível Fu Manchú.

quinta-feira, agosto 30

Reporter X

São Mateus/Praia. Graciosa. Agosto 2007. Viagem ao largo da Graciosa para uma viagem de reconhecimento e de visita ao barco que tem sido o assunto de todos dos diálogos em Sta. Cruz (na semana que agora passou). A perspectiva é de resolução do problema, apesar dos constrangimentos que se colocam à população da ilha. Desagrada-me o tom de desprezo empregue à discussão, numa equidade mesquinha em prol do maior dividendo político. Os Açores não são todos iguais. Há quem, ainda, não se tenha apercebido disso.

terça-feira, agosto 28

Hard Choices ?

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Serviço público é também "diversidade de género". Seja como for fico na dúvida se revejo no Canal 1 a magistral Jessica Lange ou se faço zapping para a 2 + a trupe lésbica da L Word ? A pergunta era obviamente retórica. "O carteiro toca sempre duas vezes" é já a seguir na sessão da meia-noite no Canal 1 da RTP. Quem não gostar sempre pode mudar para o canal alternativo e ver à mesma hora na 2 a 2 ª temporada da Letra L
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Alta Fidelidade


Radiohead + Cinematic Orchestra + DJ Shadow (como padrinho!) + Atitude Q/B = Stateless.

Reporter X

São Miguel. Furnas. Agosto 2007. Upgrade ecológico: de mero depósito de resíduos avulso a ecoponto personalizado. A poluição, neste caso, passa do limiar físico ao estético.

sábado, agosto 25

O Advogado do Diabo

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Freedom, baby... is never having to say you're sorry.
John Milton
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A Queda de Lucifer de Gustave Doré para o livro "Paradise Lost" de John Milton
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O Advogado do Diabo é um dos meus filmes de culto por razões de deformação profissional. Creio que entre o fantástico e o real as parábolas que o filme sugere são intemporais. Um filme a rever ad nauseam...mais que não seja pelo Diabólico Al Pacino. Num mefistofélico desempenho Al Pacino, na pele de John Milton, seduz o seu discípulo corrompendo a sua alma. Numa das memoráveis e luciferinas prelecções sustenta o sadismo do seu eterno arqui-inimigo: God himself.

"Let me give you a little inside information about God. God likes to watch. He's a prankster. Think about it. He gives man instincts. He gives you this extraordinary gift, and then what does He do, I swear for His own amusement, his own private, cosmic gag reel, He sets the rules in opposition. It's the goof of all time. Look but don't touch. Touch, but don't taste. Taste, don't swallow. Ahaha. And while you're jumpin' from one foot to the next, what is he doing? He's laughin' His sick, fuckin' ass off! He's a tight-ass! He's a SADIST! "

sexta-feira, agosto 24

Jorge Luís Borges

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"Ser imortal é insignificante ; com excepção do homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte; o divino, o terrível, o incompreensível é saber-se imortal"
Jorge Luís Borges – O Aleph
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Eduardo Comesaña
Jorge Luis Borges. 1969
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Obriga a devoção que se assinale o aniversário do nascimento do maior escritor do séc. XX: o imortal Jorge Luís Borges. Maior do que a vida a obra de Borges aí está para quem quiser perder-se no labirinto da sua literatura. Numa das muitas urdiduras do seu hedonismo literário Borges dirigiu uma colecção de obras fantásticas que marcou com o selo de "Biblioteca de Babel". Numa notável edição a Editorial Presença lançou este ano o início da publicação completa da colecção fantástica da Biblioteca de Borges prefaciada pelo autor. Indispensável para acólitos de JLB.
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Os Borges
"Nada ou bem pouco sei dos meus maiores
Portugueses, os Borges: vaga gente
Cumprindo em minha carne, obscuramente,
Seus hábitos, rigores e temores.
Ténues como se não tivessem sido
E alheios aos trâmites da arte,
Indecifravelmente fazem parte
Do tempo e da terra e do olvido.
Melhor assim. Cumprida a sua ideia,
São Portugal, são a famosa gente
Que forçou as muralhas do Oriente
E ao mar se deu e ao outro mar de areia.
São o rei que no místico deserto
Se perdeu e o que jura estar desperto."

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"Nada o muy poco sé de mis mayores
portugueses, los Borges: vaga gente
que prosigue en mi carne, oscuramente,
sus hábitos, rigores y temores.
Tenues como si nunca hubieran sido
y ajenos a los trámites del arte,
indescifrablemente forman parte
del tiempo, de la tierra y del olvido.
Mejor así. Cumplida la faena,
son Portugal, son la famosa gente
que forzó las murallas del Oriente
y se dio al mar y al otro mar de arena.
Son el rey que en el místico desierto
se perdió y el que jura que no ha muerto."

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Mais Borges no arquivo dos bons velhos tempos do : Ilhas !
Jorge Luís Borges nasceu a 24 de Agosto de 1899.

quinta-feira, agosto 23

sobre folhetos de propaganda

alguém me diz que nome podemos dar a isto?

"Ao menos eu escrevo e sei o que é um blogue"

Se o ridículo matasse, Luis Filipe Menezes já estava num episódio da Six Feet Under. Mas a mim o que me faz confusão nem são declarações como estas, nem sequer que o sr. plagie, o que me impressiona é que copie da Wikipédia...

quarta-feira, agosto 22

Reporter X

SMALL IS BEAUTIFUL *

A cada ano que passa sinto uma necessidade crescente de gozar férias nas ilhas. Não apenas em São Miguel, mas nas outras ilhas. A Graciosa, em especial, por razões pessoais, as outras pelo carácter natural intrínseco e pela tranquilidade.

No entanto, e apesar de São Miguel constituir-se de forma equidistante do restante arquipélago considero que o crescimento perpetrado nas ilhas mais pequenas não tem sido o mais correcto. Isto porque a tendência tem sido a de crescer com base em pressupostos erróneos de desenvolvimento e em valores desajustados da(s) realidade(s), dando lugar a formas pouco harmoniosas e nada condizentes com o carácter intacto e qualitativo inerente a estas ilhas.

A sociedade de consumo e o consumo contemporâneo são construídos socialmente mas acarretam, nesta sociedade de abundância e desperdício, “prejuízos” cada vez mais significativos ao nível do meio ambiente. O turismo e os problemas inerentes à sua massificação (não assumida nos Açores) são um bom exemplo para esta “dialéctica” do consumo moderno. São, fundamentalmente, problemas do foro ecológico, nomeadamente: a poluição do ar; da água; a destruição de paisagens; um urbanismo incipiente; a saturação dos recursos e, consequentemente, do destino turístico. Na visão extrema de Jean Baudrillard, “(…) o sistema, no fundo, é parasita de si mesmo”, na medida em que “(...) todas as sociedades desperdiçaram, dilapidaram, gastaram e consumiram sempre além do estrito necessário, pela simples razão de que é no consumo do excedente e do supérfluo que, tanto o indivíduo como a sociedade, se sentem não só existir mas viver” (in A Sociedade de Consumo).

O consumo é inerentemente social. E explicar o consumo dos serviços turísticos não pode ser separado das relações sociais, nas quais estão circunscritos ou associados. Nos Açores esta questão é primordial pois muito está por fazer ao nível da qualificação e formação de quem está associado ao turismo (felizmente há excepções!). A ausência de projectos consistentes prejudica o futuro da operação turística. O lucro pelo lucro não qualifica. Destrói. Por melhores que sejam as campanhas mediáticas de promoção do Destino Açores a experiência presencial e a informação que é transmitida a posteriori constitui o melhor veículo de promoção - pela satisfação, é óbvio. Apesar de este ser um destino com um elevado potencial no desenvolvimento da acção turística, muito há a construir ao nível da coordenação da oferta e dos serviços, da informação, das infra-estruturas de apoio e no saber e prazer em receber (bem!).


* edição de 21/08/07 do AO
** Email Reporter X
*** Fotografia X Francisco Botelho

terça-feira, agosto 21

Feios, Porcos e Maus *

(...) Tarantino é um "ser cheio de referências mas muito pouco 'culto'" (...) O filme parece de grande actualidade, isto deve-se talvez ao facto de este cinema ter saltado para o exterior da "cultura" (onde Bergman e Antonioni eram nomes decisivos) e viver nesse espaço "pós-cultural" em que uns vêem um deplorável declínio e outros vislumbram a consagração de outros valores (em que o valor do não-valor pode ser ainda uma realidade perturbante).
Eduardo Prado Coelho
n' O Fio do Horizonte in Público de 09.08.07

Já não faço grandes noitadas
frase de Pedro Santana Lopes ao Correio da Manhã nas Frases de ontem do Público de 09.08.07

(...) A televisão mainstream de hoje - e isso é visível numa TVI cujos intervalos de noticiários duram em média 15 minutos - pode estar virada para 15 minutos de reportagens sobre o caso Madeleine, outros cinco sobre o diferendo entre o FCP e a TAP, mas não Miguel Sousa Tavares a dissertar durante 15 minutos (...). Essa necessidade do soundbite intercalado pelos pivots reduz MST a uma posição de "convidado especial" que não tem tempo para dizer mais do que duas ou três evidências e aflorar ao de leve as questões (...). Ora, se é para não o deixar falar, então para que é que se tem Miguel Sousa Tavares?
Jorge Mourinha
em Comentar por aí in Público de 09.08.07

Uma ilha deprimida!?
Segundo os valores actuais, uma tourada à corda pode custar actualmente entre 750 e 3.500 euros, dependendo do número e da qualidade dos animais, acrescida das licenças que atingem os 500/600 euros nas tradicionais e as não tradicionais chegam aos mil euros. Nos Açores, ainda que existam algumas touradas à corda nas diferentes ilhas do arquipélago, é na ilha Terceira que atingem a sua maior expressão com a realização de cerca de 300 espectáculos anuais deste género, entre 1 de Maio e 15 de Outubro. (...)
in Açoriano Oriental de 15.08.07

O gigante Serralves na cidade Lilliput A polémica estalou em finais de Abril e, à primeira vista, até pode parecer estranho o "timing", a ocasião: logo ali, no lançamento de um livro da Colecção de Arte Contemporânea Público Serralves, "Propostas da Arte Portuguesa. Posição: 2007", dedicado à recém-chegada criação artística portuguesa, que inclui vários artistas da cena independente portuense. Isabel Carvalho foi convidada a falar (havia um debate, sobre "o que significa ser artista hoje em Portugal") e, apesar de estar em Serralves, não poupou críticas ao anfitrião. Segundo João Fernandes, director daquele museu, Isabel Carvalho proclamou que "Serralves é uma instituição que ignora deliberadamente os artistas locais". "Eu reagi assumindo o facto de na verdade não me interessar um artista pelo facto de ser local", diz o director, "de esse não ser um critério de selecção ou confronto ou avaliação de uma obra. O que não significa que não tenha curiosidade, não tenha obrigação de conhecer, etc. Mas não me sinto obrigado a apresentar um artista só pelo facto de ele viver ou trabalhar na cidade onde eu trabalho e vivo.
in ÍPSILON/Público de 17.08.07 (a entrevista com João Fernandes pode ser lida, na íntegra, aqui)


* o lado B do Vox Populi

domingo, agosto 19

Reporter X

São Lourenço. Santa Maria. Agosto 2007. Independentemente do carácter idílico do local (mesmo o + recôndito) o Vandalismo grassa... Aqui ficam 2 exemplos registados na ilha de Sta. Maria.

sábado, agosto 18

:jornais

Açores

Nada que é dos Açores me é indiferente: fui lá e fiquei para sempre.

(...) Conheço todas as ilhas, e em cada uma achei resposta para uma pergunta que levava. Em Santa Maria, encontrei a lentidão. Em São Miguel, a voragem. Na Terceira, a euforia. No Faial, a distância. No Pico, a solenidade. Em São Jorge, a contigência. Na Graciosa, a claridade. Nas Flores, o excesso. No Corvo, a exaustão.
Crónica de José Manuel dos Santos n' Actual/Expresso de 04.08.07

sexta-feira, agosto 17

República das Bananas

Jardim critica situação no PSD e anuncia tomada de posição para Setembro
Be afraid, be very afraid... O Absurdo em que se transformaram as declarações circunstanciais (aka parodiais) de JJ satisfaz contínua e repetidamente o soundbite da referida comunicação social de esquerda. Será que alguém (inclusivamente do PSD!) ainda liga a isto!? Isto, assim, é totalmente Silly!

quinta-feira, agosto 16

A NÃO PERDER

O ínicio de uma temporada de grandes fi(n)tas.

O BOM, O MAU E O VILÃO
hoje na RTP-1 às 20h00 (hora dos Açores)

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Adiantamento aniversariante em formato retro. Os vizinhos agradecem.

49

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Madonna, a naughty Diva da pop, perfaz hoje 49 anos de vida. Iconoclasta quanto basta ela aí está a beirar o cinquentenário em excelente forma. Aqui fica o clip de um encontro com Gwen Stefani … uma diva menor é certo. Mas sob o domínio de Madonna quem é que não se agiganta - Long live the Diva!

R.I.P


Tony Wilson o homem por detrás da Factory Records e do sucesso de Joy Division, New Order e Happy Mondays - faleceu dia 10.08.07. Peace!..

quarta-feira, agosto 15

:jornais

Em buscas das ilhas desconhecidas

Regresso a Lisboa depois de mais uma semana viajando pelos Açores, nos últimos preparativos para uma série de televisão e um filme inspirados num velho livro que me persegue há muito tempo, As Ilhas Desconhecidas de Raul Brandão.

(...) a minha verdadeira descoberta – aquela que faltava para poder gabar-me de conhecer os Açores todos – foi a Graciosa, talvez a menos falada das nove ilhas do arquipélago mas, porventura, a mais repousante e uma das mais acolhedoras. Ali encontrei, com surpresa, uma das mais amplas e belas praças portuguesas, um autêntico passeio público de outras eras, jóia urbana que nos faz viajar pela memória de tempos e lugares que já desapareceram.
Crónica de Vicente Jorge Silva na edição de 11.08.07 do Sol. O repouso X, sem surpresa, segue dentro de dias...

segunda-feira, agosto 13

quem já leu Torga levante o braço...

O portugalório não tem mesmo emenda. A última polémica é à volta do velhinho Torga, não tenho outra imagem dele que não seja velhinho, coisas geracionais. Mas então porque fazia cem anos do nascimento do escritor, vamos lá fazer umas celebrações e festarolas e o raio. Acho muito bem, atenção, não estou aqui a criticar a homenagem, o evento, ou a dizer que o Sr. não merecia, nada disso. É também claro que considero que o governo deveria ter-se feito representar e até, provavelmente, pelo próprio primeiro-ministro, como forma de demonstrar um pouco de respeito pela história e a cultura deste pequenito país. Até aqui tudo bem, ponto final paragrafo. Mas o que irrita é que de repente transformam isto em batalha política, em achincalhamento público. Por todo o lado saltam políticos e analista a ladrarem Torga e pega que é inculto, toma que és mal-educado, e outros impropérios do género. Aposto que metade destes agora paladinos da alta cultura nunca leram nada do Torga, sem ser os Bichos e porque foram obrigados na escola. A grande verdade é que neste país de burgessos a cultura só é tema quando tem valor partidário. Não vi ninguém a comentar o preço astronómico da Poesia Completa do Torga, que custa quase 50€ numa qualquer livraria, e isso sim é que me parece ser assunto para uma revolta nacional. Mas como esses senhores da política provavelmente nem se lembraram de comprar essa caixinha de dois volumes, não se lembram também de falar do assunto. Pachorra.

sábado, agosto 11

inaceitável

Desculpem-me os meus dois amigos, mas chateia-me ver este assunto transformado numa arma de arremesso político. Do que aqui se trata é de uma situação que discrimina e penaliza os Açores e os Açorianos. Em face disto devíamos estar todos de acordo em relação ao assunto. Sendo que cada um devia utilizar de todos os meios ao seu alcance para reverter a situação. Os americanos tem uma expressão que resume bastante bem aquilo que eu penso sobre o caso do Terminal 2 e a expressão é bottom line. Ora a bottom line sobre este caso é que se trata de um claro abuso por parte da administração da ANA e uma ainda mais clara injustiça em relação aos passageiros das regiões autónomas. Um Terminal deste tipo deveria funcionar em função de três itens - da companhia, do tempo de voo e do preço pago pelo passageiro na sua passagem. Em todos estes itens os passageiros açorianos são penalizados. Os voos são longos, as companhias são supostamente de bandeira e os preços são altíssimos. As viagens de avião são um produto de primeira necessidade para os açorianos e não existem alternativas. Para sairmos ou entrarmos nos Açores temos que usar os serviços das duas companhias e da ANA. Mas existem maneiras dos passageiros se fazerem ouvir pelas administrações autistas e imbecis destas empresas e não me refiro só a entupir o email da ANA com hate mail, manifestações, cartas de protesto, faxes e telefonemas, ou outros meios desse género. Falo de todos os passageiros açorianos que passem por um aeroporto na região ou no continente se abstenham de fazer compras, de tomar café, de apanhar táxis nos aeroportos, de alugar aí o carro, pura e simplesmente deixem de gastar dinheiro em solo da ANA. Boicotem a empresa. O mesmo para todos os empresários que tenham negócios com a ANA. Boicotem a empresa, em nome de cada vez que tenham que fazer uma viagem a Lisboa. Quanto a governos e oposições deviam por uma vez pensar no interesse das pessoas e usar dos meios à disposição de cada um para reverter esta situação. É inaceitável o que a ANA está a fazer com os passageiros das regiões autónomas, essa é a bottom line.

Death Proof

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hot chicks and hot wheels a rolar numa trilha sonora irrepreensível é o último delírio de Tarantino. Já aí está na Sala 4 da Castello Lopes. A não perder. Para aguçar o apetite da outra metade do projecto GrindHouse aqui fica o trailer com um teaser do filme “Planet Terror” a eventualmente estrear em Setembro.
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They Live !

quinta-feira, agosto 9


Top of the Pops



Lembro-me de ler uma crónica do Ian Penman na Face, anos depois dele ter desertado do New Musical Express, intitulada: 70's: the decade that taste forgot. Achei aquilo muito yuppie da sua parte, pois lembro-me bem dos textos estupendos que ele escrevia, back in the seventies, sobre o Marc Bolan, o David Bowie, os Roxy Music e outros que tais. Depois veio o punk e a new wave, já no crepúsculo da década, e se houve marca epigráfica que me ficou desses tempos foi a do Ian Dury e os seus Blockheads, onde os dedinhos do Wilko Johnson já se faziam sentir no braço da guitarra. Enquanto os betos da minha geração dançavam disco na Primorosa, eu ouvia o Hit me with your rhytm stick como quem toma um Guronsan de manhã.
Bom dia blogosfera.

quarta-feira, agosto 8

A responsabilidade

A responsabilidade que cada um de nós tem, todos nós, é de não virar a cara. Nunca virar a cara em face da tragédia. O que eles esperam, os menestréis (políticos), que mexem (governam) os cordelinhos dos fantoches, é que nós nunca nos apercebamos que eles lá estão, escondidos por detrás do pano preto da governança, da burocracia, dos muros impenetráveis da máquina do estado.

É muito mais básico, mais próximo de cada um de nós, do que se possa pensar.

Basta participar, agir, entrar na luta, fazer ouvir a voz.

Para cada injustiça uma voz,

para cada erro uma mão,

para cada crime uma sentença.

Não deixemos que eles se sintam eternamente impunes.

SCUTS

Estacionamento subterrâneo

Portas do Mar

Empreendimentos na orla marítima

Preço das passagens aéreas

Prolongamento da Avenida

Terminal 2

etc. etc. etc.

Suspeitar sempre,
Perguntar sempre,
Lutar sempre!!!



"O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente"
Gandhi

"a consciência do justo é o único templo do único Deus"
Antero de Quental



Teatro de Fantoches

Tem razão o André quando compara a embrulhada que se vai desenrolando no BCP com a política. Aqui d’el rei, se isto fosse num governo já tinha caído o Carmo e a Trindade. E tem também razão o João Gonçalves quando diz que já devíamos ter deixado estes senhores a brincar sozinhos (nunca pensei vir a estar de acordo com o Portugal dos Pequeninos, deve ser da silly season…) A verdade é que das coisas que se vão passando no palco que é o mundo de hoje nós, eleitores ou consumidores, só vemos o que os encenadores querem. Os bastidores, os ensaios, tudo isso fica debaixo do pano preto. As democracias ocidentais são cada vez mais oligarquias do capital, pejadas de enredos, golpes, tramas, jogos de bastidores, dos quais só nos apercebemos quando um dos actores comete uma fífia. A grande questão está em saber se o público, nós, prefere apenas gozar o entretenimento e deixar o teatro correr, ou se está disposto a ir lá atrás, aos bastidores, perceber como e quem realmente mexe nos cordelinhos. Creio que, neste momento, o que a grande maioria de nós quer, é apanhar um bocadinho de sol, beber uma cervejinha e comer umas cracas

segunda-feira, agosto 6

Alimento pró blog

Pedem-me que vá alimentando o blog. Ok, cá vai a entrada.




Ostras viajando (do catálogo 1983-2005 do elBulli)

Reporter X

Silly Season - A estação é que mais Ordena*

O Verão percorre as ilhas e o país e com isso desesperam os jornalistas - pelo menos os que estão de serviço.

Invariavelmente, determinou-se que chegado o Verão e com o início das férias politicas, desportivas e da maioria dos sectores da sociedade, chega também a Silly Season ou a época onde escasseiam “noticias interessantes” ou dignas de “interesse” (sinceramente não faço ideia do que isso quererá significar!).

Os editores dos jornais preparam antecipadamente inúmeras “notícias” com receio de não existirem notícias em número suficiente para preencher o designado “vazio noticioso” estival. Do mesmo modo, o “volume” de páginas dos diversos periódicos, do maior semanário ao diário local, passa a light - em conformidade com o rigor da estação veraneante para desespero de quem vende noticias. Pois, a “escassez do papel” poderá significar um mau negócio para quem compra jornais e que nesta altura dispõe de mais tempo livre para verdadeiramente desfrutar da leitura (é talvez a única época do ano em consigo ler integralmente o Expresso!).

O facto é que “assunto” não falta. Percebo que perante uma redacção desfalcada o editor ou o jornalista desespere no fecho edição. No entanto, isso não poderá significar um desinvestimento do dever informativo nem poderá servir de desculpa para um olhar menos atento para a realidade que existe.

Os jornalistas sabem (ou deviam saber) que há vida para além das notas dos gabinetes de imprensa.
Mas e apesar disso a Agenda subsiste e está mais política que nunca.
É pena.


* edição de 07/08/07 do AO
** Email Reporter X
*** Fotografia X Reporter X

domingo, agosto 5

em viagem

A caminho de Sta. Maria. Finalmente, um contigente qualitativo micaelense em São Lourenço para gáudio do Nuno (a foto é do irredutível!).

sábado, agosto 4

:agenda

Clint Eastwood fotografado por Damon Winter (USA/Los Angeles Times - 3rd Prize Portraits Singles). Último dia da exposição World Press Photo em Ponta Delgada. Decidamente a não perder!

sexta-feira, agosto 3

Reporter X


Largo da Matriz. Ponta Delgada. Julho 2007. Em pleno Verão as obras institucionais invadiram a cidade e a ilha, para turista ver e desesperar o local. Por estes dias li o capricho da pluma e obtive um sentimento análogo ao descrito (situação rara!). Aqui segue o extracto: «...Lisboa tinha poucos carros, e a mania do "desenvolvimento" ainda não tinha penetrado, junto com os milhões da Europa e a corrupção, os patos-bravos e os amantes do centro comercial, os corações dos que usavam Lisboa. Uma cidade é para usar, não é para usar e deitar fora.» Apesar da extensão da acção progressista ser incomensuravelmente superior no território continental, o facto é que esta é uma síntese nacional (Ilhas incluídas!) deste momento que se diz ou quer moderno.

quinta-feira, agosto 2

Ditadura do Betão

algumas lutas valem a pena

A grande maioria dos políticos açorianos, portugueses, vá lá, são uns asnos. Só vivem do dinheiro e não querem saber de mais nada. Isto dito desta maneira pode parecer excessivo, mas não é. Infelizmente para todos nós esta é uma realidade cada vez mais premente. A Ditadura do Betão só o é porque os políticos assim o desejam, em última instância porque nós elegemos esses políticos. É por isso mesmo que importa dar eco a todas as iniciativas que contestem e critiquem essa forma de fazer política e esses políticos. Este vídeo do Mário é um desses essenciais gritos de alma de um cidadão contra a ditadura, não só a do betão, mas a ditadura da ignorância. Aceitar em silêncio os desmandos da política é abdicar por completo da hipótese de um futuro melhor.



I have come to the conclusion that politics are too serious a matter to be left to the politicians.
Charles De Gaulle

Férias cá dentro

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Tem para mais de uma década a propaganda que se resumiu no slogan "Vá para fora cá dentro". Lançada pelo ICEP, por via do Ministério da Economia e Inovação, apresentava aos portugueses destinos paradisíacos, não de um Shangri-La exótico e inacessível, mas do comezinho e utilitário turismo feito por casa. À margem do postal "nacionalista" de férias, em estilo de volta a Portugal, creio que os criativos da ideia de viagens na minha terra não tiveram presente a descontinuidade geográfica do nosso território. Com efeito, para um ilhéu o slogan soa a viagens na terra deles e circunscritas ao Continente Português. Na realidade, como todos sabemos, não é cómodo nem é barato fazer férias por terras de Portugal Continental, porquanto, na "portagem" do "vá para fora" que se paga à SATA/TAP fica parte substancial da quota de férias! Perante esta imposição monopolista não são poucos os Açorianos a ponderar a possibilidade de férias na sua própria terra. Contudo, também aqui o "vá para fora cá dentro" soa a publicidade enganosa pois inter-ilhas o custo destas férias é igualmente elevado.
Vejamos. A partir de Ponta Delgada, e na "classe económica SP" da SATA, Santa Maria ronda os € 106 por passageiro, uma ida e volta à Terceira fica por € 174, o mesmo que um saltinho ao Pico ou às Flores! Com preços destes, aos quais acrescem custos faraónicos de alojamento, alimentação e rent-a-car, não espanta que quem afinal faz férias por cá seja, no geral, o proletariado escandinavo e alguns regressantes endinheirados.
Resta a alternativa marítima que francamente publicita cobrar metade do tarifário da SATA sob o lema "Viaje por menos com a Atlânticoline". Contudo, as vicissitudes do passado recente da companhia ainda afectam a propalada imagem de marca que pretende vender "factores de regularidade, continuidade e qualidade." Na verdade, no que toca a serem cidadãos do mundo e viajantes os Açorianos ainda serão por tempo indeterminado cidadãos de segunda ou mera carga em trânsito. No fim sempre resta a literal possibilidade de ir para fora dentro da própria ilha, por exemplo, indo às Furnas pelo Norte e regressando a casa pelo Sul ou vice-versa.
Seja como for ao leitor que teve a indulgência de ler esta e as demais crónicas digitais que aqui fui publicando faço votos de boas e merecidas Férias. Esta coluna também encerra para Férias, cá dentro, regressando em Setembro.
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